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Para não sermos substituídos por robôs, é preciso que não sejamos um 21/05/2019

Para não sermos substituídos por robôs, é preciso que não sejamos um

Robôs não aprendem, são programados. O que será o ensinar daqui pra frente? E, mais importante ainda: o que será o apreender? Para não sermos substituídos por robôs, é preciso que não sejamos um. É sob essa ótica que o Publicitário do Ano em 2014 e 2017, sócio da Morya e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do RS, Fábio Bernardi, falará das relações interpessoais como condição sine qua non para captar atenção e gerar engajamento nos alunos. "Não há hipótese de se aprender nos novos tempos sem que haja outro tipo de interação, outro tipo de olhar e outro tipo de avaliação." A palestra "Aristóteles e os robôs" faz parte do Espaço MOVER (Minuto para Olhar, Viver, Escutar e Refletir), dia 25 de julho, no XV Congresso do Ensino Privado Gaúcho.

Professores sempre foram influenciadores, produtores de conteúdo, fonte de informação e até mídia, na medida em que podiam divulgar coisas em primeira mão para seus alunos. Hoje estão diante do dilema dos tempos atuais: qualquer pessoa pode ser influenciadora, produtora de conteúdo, fonte de informação e mídia, via redes sociais. Isso altera comportamentos e a noção de importância e relevância. 

"Professores precisam olhar para aquilo que mexe com a emoção dos alunos, e não apenas despejarem a matéria, por mais interessante ou importante que ela seja. Há uma cultura do empreendedorismo, do "do it yourself" que precisa ser, de um lado, estimulada, mas, de outro, desafiada pela escola, com uma visão lúdica do saber e do apreender. A repetição, a hierarquia por decreto e a decoreba é que tornam a aula robotizada", acredita Bernardi.

A tecnologia sempre influenciou a forma de ensinar e de aprender. Isso não é novo. E ela não pode ser confundida apenas com eletrônica, computação, inteligência artificial e outras modernidades, lembra o publicitário. Ao longo da história, várias tecnologias mudaram o ensino: livros, giz e quadro negro, laboratórios, computadores. "A diferença no contexto atual é que as novas tecnologias impactam de maneira diferente no comportamento das pessoas. E isso, sim, altera profundamente não apenas o ensino, mas, principalmente, a aprendizagem. O mundo está mais veloz, fugaz, múltiplo e com muitas `interessâncias’. É preciso relevância para prender atenção das pessoas para qualquer coisa - e isso inclui, óbvio, prender a atenção e manter o interesse dos alunos." 

Questionado sobre como agregar valor ao trabalho - por meio de novas tecnologias - sem perder o lado humano, Bernardi é taxativo: "Ao contrário: é o lado humano que vai agregar valor ao trabalho." Ele dá como exemplo um médico, diante de um mundo em que as pessoas podem consultar o `doutor Google’ o tempo inteiro. "Ou ele faz diferença a partir da troca pessoal, do convívio, da relação humana única e insubstituível, ou ninguém precisa agendar uma consulta. Sair de casa apenas para adquirir informação já não faz sentido. A beleza hoje está em aprender COM o outro, e não PELO outro."

Bernardi instiga os participantes do Congresso, dizendo que a chave de tudo está em Aristóteles. "Numa única frase ele conseguiu resumir o segredo para se construir as pontes certas nesse mundo de hoje." É a partir dessa frase que ele deverá construir sua conversa com os professores. Vamos conferir!