O ano letivo começou com uma novidade em sala de aula: a partir desse ano, o tema da educação financeira passou a ser obrigatório no currículo escolar. É o que determina a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, documento que regulamenta os aprendizados essenciais a serem trabalhados pelas escolas públicas e privadas, da Educação Infantil e Ensino Fundamental. A orientação é de que o tema passe a ser incluído de forma transversal, ou seja, em diferentes aulas, como Matemática, Português, Geografia, entre outras.

O assunto passa a ser abordado em um momento de alerta para o país, já que o Brasil encerrou 2019 com um percentual de 65,6% de famílias endividadas, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Trata-se do maior percentual da série histórica do levantamento, iniciado em janeiro de 2010. Em dezembro de 2018, a taxa era de 59,8%. Apesar do valor ter reduzido para 65,1% em fevereiro, os números ainda são muito elevados.

Para a assessora pedagógica do SINEPE/RS, Naime Pigatto, o grande desafio será tornar o aprendizado atrativo. “As escolas devem apostar em metodologias diferenciadas, a utilização de jogos educativos é umas das opções.” Naime ainda destaca a importância do conhecimento prático, “fazer com que o aluno conheça de perto a realidade das instituições financeiras, além do trabalho de quem lida com o assunto, como setores de contabilidade e tributos e demais profissionais, permitirá que o aluno compreenda melhor o tema”. Além disso, aplicar o aprendizado teórico também será fundamental, como é o caso de cálculos básicos (taxa de juros...), ou mesmo a compreensão das contas cotidianas, isto é, fazer com que o aluno consiga interpretar simples contas de luz ou água.

A escola deve manter um diálogo com a realidade vivida pelos alunos. “Abordar situações cotidianas da vida dos estudantes como gastos com a escola, planos de telefonia, gastos com o shopping, pode auxiliar no aprendizado dos estudantes.” Quando os jovens compreendem o quanto os pequenos gastos influenciam na vida financeira da família, eles passam a valorizar as pequenas contribuições. “Abordar a questão financeira é investir na formação de adultos realmente independentes e conscientes financeiramente, pois saber administrar nosso dinheiro, é essencial”, finaliza.

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