Um bairro-cidade e uma escola que nasceram juntos

A partir da tendência do “novo urbanismo” no Brasil, uma unidade do Colégio Sinodal foi criada a partir do Prado Bairro-Cidade, em Gravataí, gerando uma nova forma de construir uma estrutura de ensino

por: Eduardo Wolff | eduardo@padrinhoconteudo.com
imagem: Estúdio João Ricardo

O novo urbanismo tem no seu conceito a melhoria da qualidade de vida associada ao meio ambiente planejado e sustentável. Tem como foco proporcionar conforto em um bairro privado com conveniências de uma capital.

Neste contexto, o item 16 da Carta do Novo Urbanismo, elaborada pelo Congress for the New Urbanism – CNU (Congresso para o Novo Urbanismo) traz a seguinte descrição: “Concentrações de atividades cívica, institucional e comercial devem estar inseridas nas vizinhanças e nos bairros e não isoladas em complexos monofuncionais remotos. As escolas devem ser dimensionadas e localizadas de forma a permitir o acesso às crianças, a pé ou de bicicleta.”

Com as obras iniciadas em 2019, o Prado Bairro-Cidade concentra, em apenas uma região, todas as necessidades essenciais para as pessoas: moradia, trabalho, diversão e estudo, sendo incluída nesta última a Rede Sinodal.

Destacado pelo próprio empreendimento como o primeiro do Rio Grande do Sul a adotar esse conceito, foi construído na Região Metropolitana, em Gravataí. Está em operação desde fevereiro de 2022, com mais de 300 alunos.

Como “âncora” de serviços, o Colégio Sinodal é um grande diferencial e tem pela frente o desafio de atender as particularidades de um bairro-cidade. Com essa unidade em Gravataí, a Rede Sinodal conta com três escolas – também está presente em São Leopoldo e Portão.  

O início de tudo, da parceria

Desde a sua concepção, o Prado Bairro-Cidade foi planejado para ter um ambiente escolar. Entre as opções avaliadas, o convite ao Colégio Sinodal foi realizado em 2018, com a proposta de ser um serviço para impulsionar o desenvolvimento da nova comunidade. 

Segundo o CEO do empreendimento, Cláudio Luiz Brueckheimer, o colégio foi escolhido devido à sua qualidade de educação, sendo sempre bem ranqueado no Enem. “Trata-se de uma escola reconhecida pela inovação e pela metodologia, que forma cidadãos e profissionais diferenciados. Isso permitiu a implementação de um projeto adequado aos padrões que queremos, com alta qualidade, instalações amplas e modernas”, reforça.

Outros fatores que contribuíram para a decisão foram: o alto índice de aprovação em vestibulares de universidades públicas e privadas, a educação bilíngue e os convênios com universidades de países como Estados Unidos, Alemanha e Canadá.

Para a instituição de ensino, ter uma unidade em Gravataí é algo estratégico, pois é uma cidade que vem atraindo muitos investimentos. “Tem o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e é uma cidade que vem chamando a atenção de pessoas que moram em Porto Alegre”, comenta o diretor do Colégio Sinodal Prado, Tiago Becker.

Para reforçar a importância do ensino nessa iniciativa, o empreendimento promoveu uma live “O Futuro da Educação: Como Transformar Crianças em Líderes”, que contou com a participação do diretor geral do Colégio Sinodal, Ivan Renner.  

O marco zero

Como acontece com uma indústria que se insere em uma cidade, o processo de uma escola não é tão diferente. “Participamos desde o marco zero. Aproveitamos algumas de nossas práticas que já deram certo. Claro que a estrutura precisa dialogar com o contexto local. As expectativas de quem vai morar no empreendimento são únicas”, pontua Becker. 

Para isso, a experiência do Colégio Sinodal Portão foi importante. “Foi em uma região na qual não havia escola privada. Construímos a nossa história, todo o projeto pedagógico nessa localidade”, recorda.

As necessidades e possibilidades mercadológicas para se estabelecer nessa região foram as grandes motivações para a Rede Sinodal. “Toda esturtura da escola foi bem pensada e pode ser ampliada de acordo com a expansão do empreendimento. Estamos em uma área que tem planejamento global, pensado para longo prazo. Temos uma grande capacidade de crescimento”, destaca o diretor.

Os desafios e atual estrutura 

O empreendimento é dividido em duas partes. O Prado Ciudadela foi projetado para o Colégio, bem como restaurantes, supermercado, hotel, banco, shopping center, além de prédios para consultórios, escritórios, entre outros serviços. Já o Prado los Álamos possui uma área de 523 mil metros quadrados, composto por 272 unidades com lotes que partem de 600 metros quadrados.

O Colégio implantou uma estrutura para atender aos jovens dos Ensinos Básico e Médio. Alunos já usufruem do conceito de ensino baseado no princípio de educar para a liderança. O ambiente escolar visa atender a estudantes das mais variadas regiões do entorno, como Gravataí, Cachoeirinha, Glorinha, Santo Antônio da Patrulha, como também moradores da zona norte de Porto Alegre.

A sua estrutura é composta por salas de aulas, laboratórios, biblioteca, espaço maker, restaurante, cantina, espaços de conveniência, área administrativa e centro esportivo (composto por campo de futebol, quadras, pistas de atletismo).

Entre os desafios para o Colégio, está o corpo docente que é novo, mesmo com muitos professores com atuação em outras unidades da Rede. Além disso, os alunos são novos e tiveram que se ambientar à cultura escolar do Sinodal. “O isolamento social fez alguns efeitos. Os jovens tiveram que respeitar os horários para começar e sair, bem como dividir e conviver com colegas. Fora as novidades de estarem em uma comunidade e em uma escola recém criadas. Com bastante diálogo, fomos acolhendo os alunos, olhando suas individualidades”, salienta Becker.

O acesso aos mais de 360 alunos matriculados foi significativo. “Essa proximidade permite notarmos que os estudantes estão, a cada dia, mais acostumados. No início estavam mais retraídos. Depois foram tirando dúvidas, se ambientando com as nossas atividades. A Rede Sinodal tem essa característica de oferecer várias oficinas. É significativa a evolução dos usos de espaços. As crianças e os adolescentes entenderam a proposta da escola”, complementa.

Planos de crescimento

“Temos a noção que terá uma incubadora de startups no Prado Isso demonstra que existe estrutura para conviver aqui. Assim que identificam todas essas possibilidades, bem como a  proposta educacional, as famílias pessoas vão se mudando para Gravataí. Muitas famílias planejam”, enfatiza o diretor do Sinodal Prado.

Uma crença é: o bairro-cidade é uma tendência, principalmente para as áreas da região metropolitana. “São as melhores condições para morar. Estamos aprendendo muito com essa experiência, algo diário, e existe muito pioneirismo”, frisa

Classificada como “fantástica” a relação com o colégio, o CEO do empreendimento conta que a tendência de bairro-cidade se consolidou muito em decorrência da pandemia. Ter uma parceria-âncora no segmento do ensino contribui para que mais moradores acreditem nessa nova comunidade. “Não precisa mais se deslocar tanto para ir a um clube, uma escola, por exemplo. Existe um cuidado em todos os serviços e as famílias estão entendendo esse conceito”, celebra Brueckheimer.

Como a parceria é estratégica, à medida em que o Prado Bairro-Cidade cresce, o Colégio o acompanha. Em seis a oito anos, a expectativa é chegar a mil alunos, o que vai ser possível por meio da sua expansão. Para a segunda fase, serão construídas novas salas, espaços diversificados e um ginásio, com previsão para 2024.

Um case de pioneirismo no país

O que pode ser considerado como um norteador para o Prado é o bairro-cidade Pedra Branca, de Santa Catarina. O local possui uma área total de cerca de 250 hectares e a sua implantação foi iniciada em 1999. O empreendimento está inserido na Grande Florianópolis, em Palhoça. Para o serviço associado à área do ensino, a parceria foi concretizada com o Grupo Educacional Bom Jesus. 

Em sua unidade na cidade catarinense, o Colégio Bom Jesus apresentou como diferencial a Educação Digital, com modernas linguagens de softwares e equipamentos de alta qualidade oferecidos aos seus estudantes.

O Pedra Branca é considerado o pioneiro no Brasil e América Latina como novo marco em projetos urbanos para a iniciativa pública e privada. O empreendimento já recebeu os prêmios de Urbanismo, da Bienal de Buenos Aires em 2007, do Financial Times de Londres em 2008 e o convite em 2009 pela Fundação Bill Clinton, para integrar o programa de Clima Positivo.

Perfil

Por ser um empreendimento de alto padrão, o perfil de moradores é de classe alta, com lotes multifamiliares. 

São 350 hectares de área, com a previsão de comportar cerca de 25 mil pessoas em um período de seis a oito anos. 

A iniciativa foi desenvolvida pela incorporadora C. Johannpeter & Luz, com projeto urbanístico da Keystone DDG, empresa que já desenvolveu a mesma proposta em diversas cidades do mundo. 

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