Como estimular a leitura entre crianças e adolescentes?
Plataforma online tem se destacado com resultados positivos em colégios, despertando o gosto pelo ato de ler entre os mais jovens
Sem dúvida, criar o hábito de leitura em crianças e adolescentes impacta positivamente o desenvolvimento de suas aprendizagens. Porém, no Brasil, em mais da metade (55%) das turmas de educação infantil, o momento de leitura de livros de histórias não está incluso na rotina. Destas, 90% não oferecem aos alunos o acesso livre aos livros. Os dados são da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV) em parceria com o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da Universidade de São Paulo (USP), em uma pesquisa de campo realizada em 12 cidades de todas as regiões do país, em 2021.
Conforme aponta uma lista de diretrizes da Universidade de Albany, dos Estados Unidos, a recomendação é de que as crianças realizassem, em média, de 15 a 20 minutos de leitura todos os dias. E essa realidade ainda está longe em muitos ambientes escolares no Brasil.
E para aguçar a vontade de ler, existem soluções que aliam a pedagogia com a tecnologia. Uma delas é a Elefante Letrado, uma plataforma que visa a desenvolver o hábito da leitura e a compreensão leitora em crianças da Educação Infantil ao Ensino Fundamental 1.
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Totalmente customizável e de fácil adaptação à proposta pedagógica da escola, a tecnologia não é um sistema fechado. A plataforma possui acervo especialmente selecionado para a infância, com mais de 900 livros em português e 500 em inglês (estes últimos também com áudios feitos por nativos da língua inglesa). Em tempo real, a plataforma promove experiências de leitura a cada um dos estudantes, respeitando seus ritmos e seus gostos literários, por exemplo, permitindo aos educadores um acompanhamento das aprendizagens de seus alunos ao longo de todo o ano letivo.
“Ao trabalhar com base em evidências, o professor tem acesso a indicadores sobre a aprendizagem da leitura e, assim, pode tomar decisões mais assertivas para o bom desenvolvimento de seus estudantes”, frisa a CEO do Elefante Letrado, Mônica Timm.
A plataforma identifica a leitura de um livro, valendo-se de métricas baseadas em pesquisas. Quando é realizado o acesso à determinada obra, existe a contagem do tempo de leitura, o qual é relacionado ao número de palavras do texto. Dessa forma, o sistema reconhece se a velocidade da leitura é compatível com a que estudantes do Ensino Fundamental 1 conseguem realizar. Já para reconhecer se houve compreensão ou não dos textos lidos, a plataforma oferece jogos pedagógicos específicos a cada livro do acervo, em forma de gamificação. São perguntas e desafios literários que avaliam habilidades de compreensão leitora, ao mesmo tempo em que estimulam os estudantes a ampliar suas estratégias de leitura. O personagem Sr. Elefante aparece ao fim das leituras ou atividades, para dar à criança um feedback.
Para deixar mais real a experiência, o mascote pode ainda visitar “pessoalmente” os colégios que utilizam essa tecnologia, participando de eventos culturais das escolas.
“É bonito de ver a interação entre o mascote e as crianças. Elas acabam por se vincular afetivamente a um personagem que é um mediador de leitura”, complementa Mônica.
>> Como a plataforma ajuda o aluno na leitura?
Tempo de leitura cresce em colégio da Grande Porto Alegre
O Colégio Dom Feliciano, de Gravataí, tem tradição na busca pela inovação. Em 2020, durante a pandemia, um dos “carros-chefe” do trabalho no colégio foi o estímulo à leitura. Naquele contexto, era preciso incentivar ainda mais os estudantes. Após algumas pesquisas de mercado, aderiram à Plataforma de Leitura Elefante Letrado.
O colégio se organizou rapidamente para que os alunos continuassem a ter acesso a um vasto acervo literário durante a pandemia. Pela dificuldade de retirada dos livros físicos naquele período em suas bibliotecas, a plataforma auxiliou muito a continuidade das práticas de leitura da escola.
>> Quer conhecer mais? Visite o site da Plataforma de Leitura Elefante Letrado
“Hoje, temos clareza e convicção de que há território fecundo para a leitura em livro físico aliada à leitura no universo digital: ambas as modalidades complementam-se, e quem vence é a aprendizagem”, destaca a coordenadora pedagógica do Colégio Dom Feliciano, Carla Cardoso Fonseca.
Com a tecnologia, novos horizontes foram estabelecidos. Conforme comenta Carla, foi estabelecida uma meta de leitura para o colégio como um todo, a cada ano. Outra iniciativa foi a criação do “leiturômetro”, uma ferramenta em que registra, semanalmente, o número de livros lidos pelos estudantes e pelos colaboradores.
Segundo a coordenadora pedagógica do Dom Feliciano, o principal resultado atingido é o constante crescimento no gosto pela leitura, o que leva a um refinamento da competência comunicativa, um dos eixos da proposta de valor da instituição.
Em 2021, houve a leitura de 32.479 obras e, até agosto deste ano, foram registrados 25.538 livros, “o que já anuncia que superamos os altíssimos índices de 2021”, complementa.
Inteligência artificial a ser incluída
Para 2023, a plataforma terá a adição de funcionalidade sustentada por inteligência artificial. Atualmente, a criança grava na plataforma a leitura oral e envia a gravação ao educador, para que ele faça sua avaliação. Com a nova funcionalidade, é o próprio sistema que irá trazer ao professor parâmetros sobre o desempenho de cada um de seus alunos. Assim, a plataforma reconhecerá se, em relação às expectativas para determinado estágio da escolaridade, a leitura do aluno está no nível abaixo do básico, básico, adequado ou avançado. Dessa forma, o professor poderá acompanhar e intervir no progresso dos seus estudantes, tendo por base evidências alicerçadas em pesquisa acadêmica de ponta.
O novo recurso já foi submetido à análise de pesquisadores das áreas da pedagogia, linguística, literatura e inteligência artificial. “A avaliação da fluência oral poderá ser requisitada pelos professores a qualquer tempo e na quantidade de vezes que for necessária para o melhor acompanhamento da evolução dos estudantes”, relata Mônica.
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