Desafios em tempos de mudanças: um olhar sobre a Educação na pós-pandemia 

Diretora do Colégio Santa Inês, irmã Celassi Dalpiaz fala sobre a importância do acolhimento e da inclusão de um programa socioemocional nas escolas

imagem: AdobeStock

Ir. Celassi Dalpiaz

Diretora do Colégio Santa Inês (celassi@santainesrs.com.br)

“Nada é novo, mas tudo está diferente.” Com essa afirmação, o educador Antônio Nóvoa nos instiga a uma reflexão sobre o novo contexto no qual os estudantes estão inseridos, as vivências e novos hábitos que um período de pandemia nos trouxe, no que tange às questões tecnológicas, socioemocionais e educacionais.  

“Falamos sobre a importância de acolher, porém, não é fácil incorporar essa cultura. O conceito de acolhimento, por si só, carrega uma complexidade, pois nos remete a uma postura ética que implica na escuta das necessidades, no reconhecimento do protagonismo, no processo de saúde e adoecimento e na responsabilização pela resolução, com ativação de redes de compartilhamento de saberes.”

Ir. Celassi Dalpiaz – Diretora do Colégio Santa Inês 

Tendo em vista essa realidade, as instituições põem foco em aspectos fundamentais para o novo tempo: o acolhimento, o cuidado e um olhar perspicaz nas prioridades da comunidade educativa.  

Falamos sobre a importância de acolher, porém, não é fácil incorporar essa cultura. O conceito de acolhimento, por si só, carrega uma complexidade, pois nos remete a uma postura ética que implica na escuta das necessidades, no reconhecimento do protagonismo, no processo de saúde e adoecimento e na responsabilização pela resolução, com ativação de redes de compartilhamento de saberes.  

No retorno à presencialidade, vivenciamos muitos desses aspectos: a ansiedade, o agito, a dependência de celulares, a dificuldade de organização coletiva, as lacunas de aprendizagem e uma maior dependência dos adultos em relação à organização pessoal e socioemocional.  

Pensando na escola como um espaço de falar sobre sentimentos e emoções – considerando o quanto isso é significativo para as aprendizagens e vivências dos estudantes – partilhamos da ideia de educação integral.  

Para isso, as escolas precisam manter um canal de diálogo aberto com as famílias, estudantes e professores para construírem, juntos, alternativas para suprir as demandas do momento. Não existe aprendizagem separada do afeto.  

Precisamos nos atentar para que, mesmo havendo a necessidade de recuperar conteúdos, isso não acontecerá se não compreendermos o impacto socioemocional acarretado pelo tempo de isolamento social. 

Os sentimentos e necessidades não ficam na mochila. Eles estão presentes na vida de cada um e são manifestados de diversas formas. Nós aprendemos através do que sentimos e, por meio disso, nos relacionamos com o mundo.  

Ter um programa socioemocional, no contexto atual, é uma forma de contribuir na recuperação das aprendizagens. A escola precisa ser um local de escuta e de fala. Cada experiência é única e precisa ser acolhida e mediada, de forma que os participantes da comunidade educativa possam ser uma rede de apoio uns para os outros. 

Tendo presente a relevância do acolhimento e do cuidado, as escolas precisam incluir em seu planejamento estratégias que considerem esse contexto, contemplando as mudanças ocorridas no cenário atual, abrindo canais de escuta e mediações, fortalecendo vínculos, encorajando as relações sociais e devolvendo a cada ator o papel que lhe compete. 

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