As ilustres competências socioemocionais

Na visão do psicopedagogo Robson Salvador, trabalhar com inteligência emocional é indispensável ao modelo educacional e oportunidade de formar cidadãos mais responsáveis

imagem: AdobeStock

Robson Salvador

Psicopedagogo, Arte Educador e Pedagogo e Gestor de Clientes da OPEE Educação

Não é de hoje que se fala sobre inteligência emocional. Lembro-me de que em 2005 tive uma formação empresarial com este importante tema, cunhado por Daniel Goleman. Este tipo de formação, até então, estava restrita ao ambiente corporativo com o objetivo de gerar rentabilidade tendo pessoas focadas, bem relacionadas, com habilidades sociais e estabilidade emocional. Agora, temos esta oportunidade de abordagem para a sociedade de modo geral, em especial na educação regular, o que ajudará na visão de educação para além da nota e do vestibular, formando fundamentalmente para a vida.

Há quem diga que educação socioemocional é uma forma de educação tecnicista, porém, como especialista no assunto desde 2011, afirmo que não! Este modelo de educação é libertador. Dá subsídios para que os cidadãos consigam transitar por dinâmicas sociais diversas sem serem assombrados por julgamentos sobre eventuais inadequações, por exemplo. Mas dizer que educação socioemocional é apenas isso, teríamos uma visão reducionista do termo.

Por muito tempo fomos condicionados a entender que tolerância tinha relação com tolerar tudo. A educação socioemocional apresenta a competência “autoconhecimento e autocuidado” buscando abrir o sentido de tolerância a um degradê que vai do tolerável (que é social e pessoalmente conveniente aceitar) ao intolerável (que é social e pessoalmente inconcebível). Só esta possibilidade de abstração sobre o conceito de tolerância, já faz com que o componente de educação socioemocional seja indispensável.

Mas vamos refletir, agora, sobre a normativa das 10 competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que a maior parte dos leitores deste artigo já conhecem:

01. Conhecimento

02. Pensamento científico, crítico e criativo

03. Repertório cultural

04. Comunicação

05. Cultura digital

06. Trabalho e projeto de vida

07. Argumentação

08. Autoconhecimento e autocuidado

09. Empatia e cooperação

10. Responsabilidade e cidadania

Qual educador (seja ele um familiar ou professor) não idealiza um modelo de formação humana integral, que permita o desenvolvimento de seres humanos com estas competências? Pois bem, estas são as que foram apontadas como necessidades primordiais ou prioritárias, mas sabemos que com o tempo, as competências e habilidades podem se alterar ou se atualizar. Por exemplo, já não falamos mais sobre datilografia, mas sim de outras competências que ocuparam esta função. Por outro lado, há as competências que sempre serão fundamentais, como a cidadania e a responsabilidade.

Em uma era em que a “valia” está em apenas comentar, postar e compartilhar, o exercício de pensamento científico, crítico e criativo é indiscutivelmente necessário; em que o egocentrismo e a polarização estão em alta, cooperar e ser empático é como dádiva; enquanto a massificação enquadra gerações de seres humanos, apelar à diversidade e ao repertório cultural é um bálsamo; em um momento em que a ideação do medo impera de forma terrorista, a noção de cidadania e de responsabilidade nos convoca à busca pelo sentido da vida.

Se não o espaço escolar, dificilmente outro ambiente será mais fértil, valoroso e seguro para a construção de projetos de vida, sadios para si, para o outro e para o mundo.

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