Colégio adota educação baseada em resoluções de problemas reais

Dentro de um parque tecnológico no Paraná, o Colégio Donaduzzi vai estimular o ensino por meio do método Problem Based Learning (PBL)

por: Eduardo Wolff | eduardo@padrinhoconteudo.com
imagem: Biopark Educação, Divulgação

Uma abordagem educacional em que o aluno aprende determinado assunto por meio de resoluções de problemas. Não apenas problemas matemáticos, por exemplo, mas sim aqueles do mundo real. Em síntese, esta é a definição da gestora do Colégio Donaduzzi, Sarah Bubna, em relação à escolha do método Problem Based Learning (PBL) adotado pela instituição de ensino.

Para contribuir com esta proposta, o colégio está inserido no Biopark Educação, parque tecnológico instalado em Toledo, no Paraná. Com 5 milhões de metros quadrados, o Biopark conta com 200 empresas instaladas e três instituições federais de Ensino Superior: a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Instituto Federal do Paraná (IFPR), além da faculdade do Biopark Educação. 

Ao invés de salas de aulas, os alunos irão frequentar laboratórios com determinadas disciplinas. Os ambientes terão 100 metros quadrados, com espaço para descanso. As aulas iniciarão em 2025 com cerca de 300 estudantes da oitava série do Ensino Fundamental ao terceiro ano do Ensino Médio. E, para ingressar no colégio, o estudante passará por uma entrevista individual e uma outra com a família, além de uma avaliação diagnóstica. Para 2026, a intenção é atender também os anos iniciais. 

Inicialmente, estão previstos 15 professores. E, dependendo da adesão, pode chegar a 25 educadores. Sarah ressalta que o Donaduzzi está atrelado a uma associação sem fins lucrativos e, por isso, não há problema em ter mais educadores atuando. “Poderei ter um professor de sociologia com cinco aulas e carga de 40 horas”, diz. 

Um fator que difere o colégio é a mensalidade, que, comparado com os colégios de São Paulo deste porte, é mais baixa. O valor mensal será de R$ 1,1 mil. “A ideia é oportunizar para a nossa região uma educação como se tem em grandes centros fora do país”, informa.

Colégio adota educação baseada em resoluções de problemas reais
Estudantes irão frequentar laboratórios de história, geografia, ciências, entre outras disciplinas / Foto: Divulgação Colégio Donaduzzi

E como é aplicado o método?

De acordo com Sarah, as principais inspirações do Donaduzzi vieram da Finlândia, por meio da Universidade de Helsinque (aliás, é o ambiente no qual os professores passarão por um processo de capacitação); como também de Portugal, com a Escola da Ponte. No Brasil, a Escola Aberta de São Paulo também foi um modelo inspirador. 

No entanto, é a partir do que a Escola da Ponte desenvolveu que o Donaduzzi utilizará o sistema de comitês com alunos, em que os mesmos irão se preocupar com os problemas do colégio. “Se os estudantes quiserem melhorar a biblioteca ou criar um clube de leitura, poderão montar grupos e conversar com a direção e, de forma conjunta, resolver a situação. É uma gestão democrática e colaborativa que estimulamos”, ressalta.

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E, para sair do tradicional padrão do professor chegar com a aula pronta, a coordenadora pedagógica do Colégio Donaduzzi, Daveliz Lara de França, explica que o aluno é inserido no mundo da pesquisa científica para solucionar problemas. 

Por exemplo, se o assunto é efeito estufa, o educador vai trabalhar este tema fazendo perguntas que instiguem o estudante e incentivando-o à pesquisa e, juntos, vão promover um projeto relacionado. “É o aluno sendo protagonista e pesquisador. Fará com que saia preparado para o mundo universitário e para o mercado de trabalho”, aponta.

O modelo PBL permite também trabalhar a interdisciplinaridade. No caso do assunto “efeito estufa”, o estudante se envolverá nas disciplinas de geografia, biologia e física, por exemplo. “Aconteceu alguma notícia no mundo ou na cidade, os professores de disciplinas diferentes estarão preparados para trabalhar as atualidades. Irão comentar com os alunos, ouvir o que eles já sabem e, a partir daquele conteúdo, vão construir a resolução do problema”, cita.

Um recurso que auxiliará os estudantes é a Agenda Digital do colégio. Desenvolvida por uma empresa do próprio Biopark, a plataforma conta com Inteligência Artificial para otimizar o processo de comunicação entre família e escola. A tecnologia dá acesso a todas as atividades, notas, boletos e permite que os pais conversem com a escola em tempo real.

Daveliz exemplifica que, quando o aluno estiver aprendendo algum tipo de conteúdo, trabalhando em um projeto ou apresentando alguma dificuldade, os professores conseguirão intervir para ajudá-lo via plataforma. “Neste recurso, estarão os exercícios e a situação do problema. O aluno responderá dentro da plataforma e a própria apontará o que ele errou e criará novos exercícios e estratégias”, diz.

Os docentes poderão identificar as dificuldades enfrentadas ao longo da trajetória escolar e construirão uma trilha personalizada de conteúdos, adaptada ao perfil único de cada estudante, promovendo um aprendizado mais eficaz e consistente.

Contraturno opcional

Junto a este modelo de ensinar, os alunos terão aulas em meio período, com contraturno opcional. Para isso, o currículo inclui um programa bilíngue de ensino com aulas diárias de inglês e projetos com o material de ensino da National Geographic. “Os estudantes poderão pesquisar e escrever artigos em inglês. Esta também é uma forma de tornar o estudante protagonista por meio de experimentos e das investigações científicas”, aponta.

O material didático é fornecido pela UNO, que conta tanto com livros físicos como uma plataforma digital, sendo que o professor poderá inserir suas instruções neste sistema. Os alunos acessarão e farão suas anotações de maneira digital. “Como trabalharemos com a interdisciplinaridade, conseguimos extrair um conteúdo de geografia que esteja no início do trimestre e, no final do ano, inserir no de ciências”, explica.

Também haverá a opção de High School, permitindo aos interessados obter uma certificação internacional de proficiência em inglês. A escolha em participar ficará a cargo da família. Ao longo de quatro anos, o estudante estará preparado para ingressar em universidades do exterior. 

Além da língua estrangeira, no contraturno, os alunos podem optar por trilhas de maior interesse, como matemática, podendo incluir a educação financeira. Se for robótica, pode ser inserido conteúdos sobre automação, inteligência artificial e programação. Caso seja da área de ciências da natureza, poderá aprender mais sobre química, física e biologia.

Como é feita a avaliação dos alunos? 

A coordenadora pedagógica comenta que uma das formas de avaliação é individual e isso poderá ser observado em um diário de bordo do estudante, em que terá suas anotações e, a partir disso, será avaliado. Outra maneira será em grupo, pois existirão trabalhos e apresentações. “Podem ser em cima de seminários, de escrita de artigos ou de mapas mentais”, esclarece. 

E, para evitar a repetição de ano, acontecerá a recuperação paralela, ou seja, os estudantes terão uma refação das trilhas em que tiveram maior dificuldades. “O acompanhamento do aluno é personalizado. Isso evita que chegue ao final do trimestre ou do ano e tenha que fazer uma recuperação, pois ele já foi se recuperando ao longo do trimestre”, ressalta.

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