Descubra os planos do Google para a educação brasileira
Em entrevista exclusiva, o Head do Google for Education fala sobre os impactos da IA nas escolas, o papel do professor e os caminhos para uma adoção efetiva, ética e transformadora
Nos últimos anos, a sociedade vivenciou uma verdadeira virada tecnológica na educação, impulsionada pelo isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19. O cenário fez com que as escolas tivessem que recorrer a recursos digitais, em muitos casos pela primeira vez, para continuar atendendo suas comunidades.
Só no Brasil, o Google for Education, projeto que nasceu a partir de um projeto de pesquisa de dois jovens estudantes, apoiou diretamente 20 milhões de usuários na adoção dessas ferramentas durante o período emergencial. O que, naquele momento, era o único caminho possível, seguiu em cena mesmo com o retorno às aulas presenciais.
Se naquele momento a tecnologia foi essencial para garantir a continuidade das aulas, hoje se consolida como aliada para dar suporte a estudantes com dificuldades, ampliar o acesso de pessoas com deficiência, fortalecer o trabalho docente e orientar decisões pedagógicas e de gestão.
Agora, com a Inteligência Artificial (IA) integrada às soluções educacionais, as possibilidades se expandem. É sobre esse novo momento que o Educação em Pauta entrevistou o Head do Google for Education para a América Latina, Alessandro Leal. O executivo compartilhou insights valiosos sobre os impactos da IA nas escolas, o papel do professor diante das novas tecnologias e os caminhos para uma adoção efetiva, ética e transformadora.
Alessandro Leal – Como todo novo paradigma, a adoção de tecnologias educacionais demanda uma mudança na cultura da instituição. É preciso em primeiro lugar, que haja uma integração entre a equipe gestora, a equipe docente, os estudantes e a família na adoção desses recursos.
É fundamental também entender a realidade de cada instituição ou rede de ensino, quais as demandas técnicas e pedagógicas no processo de adoção de recursos digitais, e quais são as dores que o professor enfrenta no seu dia a dia que podem ser solucionadas por esses recursos. E é claro, é fundamental proporcionar a esses educadores oportunidades de formação e desenvolvimento profissional para que eles possam continuar desempenhando seu trabalho, agora com a ajuda desses recursos digitais.
Alessandro Leal – Os jovens de hoje nasceram em um mundo em que a tecnologia está presente desde o princípio. Ela molda a nossa sociedade e faz parte da cultura da nossa época. Trazer a tecnologia de maneira intencional e contextualizada para a sala de aula oferece condições a esses jovens e crianças para participarem ativamente da sociedade em que eles vivem, e que é digitalmente mediada.
Com a tecnologia nós temos a possibilidade de apresentar conteúdos em formatos distintos, atendendo a diferentes estilos de aprendizagem, adaptando os materiais para diversas especificidades dos nossos estudantes, garantindo assim uma educação realmente acessível. Além disso, a linguagem digital é uma linguagem familiar para os nossos jovens, e trazê-la para o contexto pedagógico aproxima a juventude da escola, em um momento crucial para a formação desses indivíduos.
A nossa Base Nacional Comum Curricular aborda os multiletramentos, que é a multiplicidade de linguagens, mídias e culturas que devem estar presentes no processo de ensino e aprendizagem. E a tecnologia favorece essa multiplicidade e enriquece ainda mais o repertório dos nossos estudantes.
Alessandro Leal – A ferramenta que melhor representa o Google for Education é o Google Sala de Aula, que é um ambiente que não se resume a uma sala de aula virtual, onde o professor posta conteúdos e atividades e a utiliza como um grande repositório digital. É um recurso que abre possibilidades de comunicação e de colaboração, e que integra a maior parte dos recursos Google for Education, como Documentos, Apresentações, Formulários e Vídeos.
Agora, com a Inteligência Artificial, ele ajuda enormemente o professor na sua organização, na elaboração de atividades e na avaliação dos resultados, oferecendo relatórios detalhados e uma visão mais completa da evolução da turma e de cada estudante. Além disso, nós temos também os Chromebooks, que são os computadores criados especificamente para fins educacionais. Esses dispositivos são extremamente resistentes, o que é essencial para o uso escolar; de inicialização rápida e demandam muito pouca manutenção, uma vez que não requer a instalação de softwares, e é seguro contra vírus.
Quando utilizados com as licenças gerenciadas, esses dispositivos oferecem uma camada adicional de segurança, já que o gestor da instituição consegue definir os sites seguros que o estudante pode acessar, bloquear o acesso a conteúdos inadequados, entre outros. Temos diversas políticas de controle à disposição dos gestores pedagógicos e de tecnologia das instituições ou redes de ensino.
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Alessandro Leal – Uma coisa que poucas pessoas sabem sobre o Google é que ele nasceu a partir de um projeto de pesquisa de dois jovens estudantes, e o objetivo principal desse projeto, que se tornou depois a missão da empresa, é “organizar as informações disponíveis no mundo e torná-las acessíveis e úteis para todas as pessoas”. Então, a acessibilidade está na raiz de tudo o que fazemos. Os Chromebooks, por exemplo, já têm configurações de fábrica que favorecem a acessibilidade, como a leitura de tela, alto contraste, digitação por voz, recursos de mobilidade, e uma série de definições e ferramentas para que pessoas com deficiência possam utilizar o dispositivo sem dificuldades.
Para além dos dispositivos, nós temos os recursos de Inteligência Artificial, como o Gemini, que é uma excelente ferramenta quando se trata do planejamento de aulas e diferenciação do conteúdo. Com ele, o professor pode, por exemplo, adaptar um material que já esteja pronto para uma situação diversa de aprendizagem, para tipos diferentes de estudantes, ou até para níveis linguísticos distintos.
Alessandro Leal – O uso de tecnologia em sala de aula só vale a pena se for feito com intencionalidade pedagógica. E é justamente isso que a lei 15.100/2025 prevê. Não se trata pura e simplesmente de banir os telefones das escolas, mas de ensinar como as crianças e adolescentes podem usar esses dispositivos de maneira segura e que favoreçam o seu desenvolvimento.
No Google, nós temos um programa chamado “Seja Incrível na Internet”, que promove a cidadania digital desde a infância e oferece materiais para uso nas escolas e pelos professores e famílias. Por outro lado, os Chromebooks são uma saída para que a tecnologia seja integrada à prática pedagógica sem riscos de que os estudantes acessem conteúdos ou sites que não são recomendados para a sua idade ou para o contexto escolar – uma garantia que os celulares, por sua vez, não oferecem.
Mas, o principal que precisamos ter em mente, é que o letramento digital vai muito além de saber usar este ou aquele dispositivo. Trata-se do uso seguro, consciente e responsável dessas ferramentas, sejam elas quais forem.
Alessandro Leal – Nós acreditamos muito na importância da formação e no desenvolvimento profissional dos educadores. Nós temos o nosso Teacher Center, que é uma central que reúne os nossos cursos focados em produtos específicos, cursos temáticos, sobre assuntos como Inteligência Artificial e ensino híbrido por exemplo, e preparatórios para as certificações Google for Education. Essas certificações são reconhecimentos internacionais aos educadores que dominam as tecnologias Google em contexto educacional, e proporcionam a esses profissionais a oportunidade de fazer parte de uma comunidade global de educadores.
Além das comunidades dos educadores certificados, que nós chamamos de Champions, nós temos também os Grupos de Educadores Google, comunidades de prática e aprendizagem, em que educadores trocam experiências, partilham boas práticas e promovem iniciativas colaborativas de formação. Hoje, em todo o Brasil, temos 48 grupos e 289 educadores que participam dessas comunidades, formando uma rede de suporte, colaboração e boas práticas no uso de tecnologias educacionais.
Alessandro Leal – Nós contamos com a figura do Partner, os parceiros de desenvolvimento profissional, que são intermediários entre os serviços de tecnologia que nós oferecemos e os gestores das instituições. Esses parceiros têm uma relação muito próxima com os gestores, oferecendo a eles as informações necessárias para a sustentabilidade do projeto, desde as métricas de uso das ferramentas ao planejamento de iniciativas de formação profissional.
E, do ponto de vista técnico, nossas ferramentas são integradas a um painel administrativo, que permite uma visibilidade holística de tudo o que acontece na instituição quando se trata de ferramentas digitais e uso de dispositivos, que dá ao gestor a segurança e as informações necessárias para que ele tome suas decisões.
Alessandro Leal – Em resumo, os próximos passos do Google for Education no Brasil se concentram em continuar o trabalho em estreita colaboração com escolas, governos e a comunidade educacional para a oferta de recursos tecnológicos onde possamos integrar a Inteligência Artificial de forma ética, responsável e eficaz para ajudar a criar um ambiente de aprendizado mais personalizado, apoiar nossos educadores nos seus desafios diários e expandir o acesso a uma educação de qualidade para todos os brasileiros.
Acreditamos firmemente que, ao oferecer ferramentas que ajudam a tornar o aprendizado mais adaptável, engajador e acessível, estaremos contribuindo para liberar o “potencial humano ilimitado” de cada estudante, preparando-os para o futuro e, portanto, contribuindo com o nosso País.
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