Inteligência Artificial na Educação: uma nova era chegou

Neste artigo, a professora Leila Ribeiro defende que entender o funcionamento da IA e sua base na Computação é essencial para o trabalho de professores e estudantes

imagem: Freepik

Leila Ribeiro é professora titular do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Possui doutorado em Informática pela Universidade Técnica de Berlim/Alemanha. Fez estágio de pós-doutorado na Universidade de York, Inglaterra. Atua com ênfase no  ensino de Computação (especialmente pensamento computacional). Em 1999, recebeu o Prêmio Santista Juventude. Atualmente é Diretora de Ensino de Computação na Educação Básica da SBC (Sociedade Brasileira de Computação) e foi uma das coordenadoras do grupo de trabalho que elaborou a BNCC Computação.

A computação gerou avanços que transformaram profundamente a sociedade, tendo grande impacto tanto na vida cotidiana quanto no trabalho e na ciência. A cultura da humanidade mudou, exigindo novos letramentos e habilidades. Depois do computador, dos softwares, da internet, agora temos a disseminação do uso da Inteligência Artificial (IA), em especial, a IA generativa.

IAs generativas operam com base em padrões indutivos extraídos estatisticamente dos dados com os quais foram treinadas. Portanto, sua capacidade de geração de conhecimento é limitada a recombinar essas informações com base em probabilidades, não envolvendo criatividade e raciocínio no sentido humano. Mas, apesar de parecer estranho que se possa, por exemplo, gerar um texto coerente sem compreender o significado, os resultados gerados pelas IAs são impressionantes.

Como ocorreu na Revolução Industrial, quando parte do trabalho braçal humano foi substituído por máquinas, estamos agora vivenciando um momento no qual parte do trabalho cognitivo humano está sendo substituído por máquinas. Temos que aprender a usar essas máquinas e ampliar nossos horizontes. Se a IA já faz parte do nosso trabalho, vamos usar nosso tempo para fazer melhor outras atividades! Se o plano de aula ou a avaliação ficam prontos em minutos, podemos usar o tempo para pensar naquela aula diferente, para atender alunos com mais calma, ou mesmo para o ócio criativo, tão essencial para o educador.

O uso de IA pode auxiliar na organização de planos de aula, elaboração de textos e apresentações, geração de imagens e vídeos, bem como na avaliação da aprendizagem. Uma grande vantagem é a facilidade de customização do ensino para diferentes perfis de alunos. Mas a IA vai muito além: pode-se criar ajudantes virtuais personalizados para auxiliar em diversas tarefas, é como se cada professor tivesse seus próprios secretários; cada escola poderia alimentar uma IA com sua missão, valores e projeto pedagógico e gerar documentos (cartas, textos, avaliações) sempre alinhados a isso. As possibilidades são infinitas, e temos que ver a IA como uma aliada.

A IA também pode auxiliar o estudante com explicações, exemplos e até geração de conteúdo. Mas o auxílio demasiado da IA pode prejudicar o processo de ensino-aprendizagem, bem como trazer riscos, como respostas incorretas ou enviesadas, violações de direitos autorais e privacidade, falta de transparência, além de impactos ambientais.

É inegável que é necessária uma transformação na Educação, baseada na reflexão sobre como a IA funciona, suas implicações e, principalmente, no papel do professor nesse novo contexto. Para fazer uso consciente e eficiente das ferramentas de IA, é necessário compreender os princípios da computação, que é a ciência que embasa a IA, e também outras tecnologias digitais que usamos no dia a dia. Por isso, a computação foi inserida na BNCC: não é possível formar o cidadão do século 21 sem a compreensão dessa ciência que impacta tão profundamente nossas vidas.

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