Da alfabetização à inclusão, Dalpiaz aponta rumos do ensino privado
Presidente reeleito do SINEPE/RS aborda gestão, inovações e políticas educacionais para as escolas do Rio Grande do Sul
Foram três anos marcados por desafios no ensino privado, tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul. Novas leis entraram em vigor, como a que restringe o uso de celulares nas escolas, enquanto o setor lidou com as demandas crescentes da inclusão e a queda nas matrículas do Ensino Superior. À frente do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (SINEPE/RS), o presidente Oswaldo Dalpiaz e sua diretoria conduziram esse período de mudanças.
Reeleito no dia 12 de agosto, Dalpiaz seguirá no cargo pelos próximos três anos. Com mais de duas décadas de atuação no ramo do ensino, o mestre em Filosofia da Educação e especialista em Gestão Educacional e Gestão Colaborativa faz um balanço do primeiro mandato e aponta as prioridades até 2028.
A seguir, confira a entrevista para o Educação em Pauta.
Como o senhor avalia os últimos três anos à frente do SINEPE/RS?
A presidência do sindicato tem a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho histórico já realizado. Com essa base, estabelecemos metas e objetivos claros, aos quais nos dedicamos de forma consistente. Atuamos sob três perspectivas: dar seguimento ao que os presidentes anteriores construíram, sempre buscando aperfeiçoar sem perder os princípios; aprimorar os serviços prestados às associadas; e introduzir inovações. Esses objetivos foram atingidos, o que nos permite avaliar que o resultado foi muito positivo e o trabalho executado foi bem-sucedido.
E quais os principais avanços o senhor destacaria?
Considero que um grande avanço foi o desenvolvimento de conteúdo por meio do Educação em Pauta e do Sinepe Play, que expressam um verdadeiro espírito de protagonismo. A quantidade e a qualidade do material produzido refletem essa inovação, e a avaliação das instituições tem sido muito positiva. Isso comprova o acerto do nosso investimento e o trabalho dedicado na organização dessas duas frentes.
Quais foram as pautas mais urgentes desde 2022?
A Educação Superior enfrenta dificuldades com a queda nas matrículas, o que preocupa muito as instituições. Faltam políticas públicas que deem condições para que os alunos ingressem nas universidades privadas com mais tranquilidade.
Outro desafio é a inclusão. O reconhecimento da diversidade e das dificuldades que muitos alunos apresentam nos exige respostas constantes à sociedade. As escolas privadas têm sido muito pressionadas por, às vezes, não conseguirem atender de imediato a determinadas demandas. No entanto, houve avanços. O número de alunos que procuram as entidades privadas tem aumentado, e as escolas têm feito um belo trabalho nesse sentido. Ainda há necessidade de evoluir, mas estamos comprometidos em garantir cada vez mais um serviço de qualidade.
Durante sua primeira gestão, tivemos mudanças nas salas de aula. Como o senhor avalia a lei que proíbe o uso de celulares nas escolas?
Entendemos que todas as leis que possam auxiliar no processo de aprendizado devem ser bem aceitas. Em muitas escolas privadas, esse trabalho já vinha sendo feito há mais de dois anos, antes mesmo da promulgação da lei. Muitos alunos já não levavam o celular para a sala de aula. Por isso, a lei não trouxe dificuldades; pelo contrário, fortaleceu aquilo que já estava sendo praticado. Se outras leis surgirem para favorecer a aprendizagem, serão abraçadas pelo SINEPE/RS.
Pensando nas instituições de ensino privado que também estão enfrentando mudanças significativas com o EAD, quais os principais desafios daqui para frente?
Nós somos contra um EAD que sirva apenas para matricular alunos, sem compromisso sério com a formação. A maioria das entidades privadas faz um trabalho consistente, e o EAD é indispensável para a expansão do Ensino Superior. Mas precisa ser regulamentado, acompanhado e avaliado. Houve instituições que usaram a modalidade de forma confusa e pouco séria, mas a maioria realiza um trabalho sólido, que deve ser reconhecido.
Quais serão as prioridades no segundo mandato?
Nosso foco será ampliar o atendimento às associadas e fortalecer o relacionamento com entidades ligadas à educação. Também queremos criar formas de apoio específicas para o Ensino Superior.
Outro ponto importante é apoiar o ensino técnico e profissionalizante, uma bandeira relevante para nós.
No Ensino Básico, a nova proposta do governo para 2025, no Ensino Médio, impôs dificuldades. Pesquisas mostram que, em nível estadual, ainda há deficiências na sua implementação. Porém, a maioria das escolas privadas já realiza um bom trabalho, mas precisamos buscar novas metodologias e soluções para avançar cada vez mais.
Outro aspecto que precisa ser salientado é o processo de alfabetização. Embora não seja uma constante nas escolas privadas, a alfabetização das crianças nem sempre ocorre na data ou idade adequada.
Além disso, seguiremos propondo momentos de capacitação para gestores, diretores e professores. A inteligência artificial, as novas metodologias e as descobertas da neurociência oferecem grandes oportunidades de inovação. Nosso compromisso é preparar as pessoas que fazem o processo de ensino e aprendizagem.
Qual é a perspectiva para o ensino privado a curto e médio prazo?
Pesquisas recentes mostram que o ensino privado está, aos poucos, recuperando o número de alunos de antes da pandemia. É um crescimento lento, mas que já gera otimismo.O setor sempre se preocupou com planejamento pedagógico e sustentabilidade econômico-financeira. Esse cuidado garante não só a permanência, mas também um certo crescimento. Porém, é fundamental destacar que qualidade não significa apenas deixar os alunos satisfeitos, mas garantir resultados no processo de ensino-aprendizagem. A escola precisa mostrar resultados positivos. Essa busca constante pela qualidade é o que fará com que o ensino privado siga crescendo e deixando um legado de organização e inovação.
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