Os desafios e as metas da gestão educacional para 2025

Recesso de fim de ano pode ser um momento oportuno para reavaliar estratégias, capacitar equipes e preparar os espaços para acolhimento da comunidade acadêmica

por: Micael Carvalho | micael@padrinhoconteudo.com
imagem: Freepik

Apesar de representar um momento de férias e descanso para alguns, o período de fim de ano costuma ser uma etapa fundamental no planejamento da gestão educacional. O intervalo entre o final do ano letivo e o início do próximo calendário acadêmico é visto como uma oportunidade para reflexão, autoavaliação e planejamento estratégico, permitindo a qualificação de professores, a atualização das metodologias utilizadas e o fortalecimento das equipes.

Além de qualificar os espaços, os colaboradores e as infraestruturas educacionais, o fechamento de ano também representa um momento de atualização das tendências de mercado e de entendimento do cenário atual da educação, o que pode ser um acerto importante para os gestores na hora de pensar em novos investimentos. Mas toda essa gama de potencialidades precisa ser organizada e planejada da maneira correta, a fim de evitar recursos desnecessários que não tragam o retorno esperado para as instituições.

Leia também:
>> Escolas investem em políticas para regular uso do celular em sala de aula
>> Mentalidade sustentável nas escolas: da gestão à sala de aula

Mas qual seria o formato mais efetivo para desenvolver um planejamento organizacional e pedagógico, a longo prazo, que seja assertivo e eficaz ao mesmo tempo? Identificar as ações corretas para este momento pode ser uma tarefa complexa, o que exige que as equipes estejam alinhadas e dispostas em um mesmo propósito.

O que dizem os especialistas em educação?

Para a doutora em Educação e coordenadora pedagógica da Sociedade Educacional Três de Maio (Setrem), Elisabete Andrade, o processo de construção do planejamento pedagógico precisa dispor de objetivos claros e, ainda, considerar as impressões de toda comunidade acadêmica.

“Um planejamento pedagógico eficiente, organizado no período de recesso, promove engajamento, reativação de conhecimentos e ajustes curriculares. Mas, para isso, é essencial considerar objetivos claros, ter uma avaliação contínua, fazer o uso de metodologias diversificadas e dispor de recursos didáticos adequados. O envolvimento da comunidade acadêmica também é vital para o sucesso dos alunos e da instituição”, destaca.

Para obter sucesso na construção de um plano organizado, existem ferramentas e alternativas que podem auxiliar nesse processo. “Isso tudo pode ser alcançado por meio de reuniões regulares, atividades colaborativas, feedback sistemático e uso de plataformas online. Conselhos escolares, oficinas e workshops também são muito eficazes nesse processo. Todas essas estratégias fortalecem a comunicação, o engajamento emocional e o desenvolvimento colaborativo, contribuindo como um apoio importante à aprendizagem”, completa.

A colaboração e o engajamento de todos os agentes envolvidos no processo educacional, apresenta-se como um ponto importante que pode garantir o sucesso nas iniciativas implementadas. A professora de Pedagogia da UniRitter e especialista em Gestão Escolar, Vanessa Dal Castel, reforça a ideia de que o trabalho integrado e a boa comunicação podem ser a chave para alcançar os objetivos e as metas estipuladas pelas gestões.

“É importante fortalecer a cultura de colaboração dentro dos espaços educacionais. Acredito que desenvolver esses espaços entre professores, estudantes, famílias e equipe gestora, é fundamental para que a gente possa co-criar soluções e enfrentar desafios. Não se faz gestão escolar de forma unilateral, é preciso de uma equipe completa que ande na mesma direção”, afirma.

Para além do trabalho integrado, entender de forma concreta como foi a experiência do ano que passou também pode ser fundamental para construir um bom planejamento do ano seguinte. Castel explica que esse processo talvez seja um dos mais importantes para garantir resultados baseados em análises, identificação de problemas e escolha de metodologias assertivas frente a novos desafios.

“O fechamento de ano, que embasa todo planejamento organizacional e pedagógico, deve ser o alicerce para alavancar os projetos de 2025. Para ter esse fechamento bem feito, é válido antecipar desafios, o que pode ser feito a partir de um mapeamento das dificuldades enfrentadas em 2024. Desta forma, a gente consegue estabelecer estratégias para lidar de forma mais proativa com possíveis demandas e, além disso, é possível ver o que deu certo e o que falhou, já projetando as novas ações para o ano seguinte”, destaca.

Para a especialista em Gestão Escolar, um pilar que não pode passar despercebido pelos gestores é a temática da saúde mental. “Um ponto importante que não podemos deixar passar em branco é a necessidade de investimentos na saúde mental da equipe. Nos últimos anos, especialmente no período da pandemia, a gente vem refletindo sobre a importância de investir nisso. As gestões devem procurar promover um espaço de escuta e suporte emocional para os alunos, mas também para as equipes”, conclui.

E como as instituições têm se preparado para isso?

Frente à necessidade de adaptação e reorganização não só de estruturas, mas de projetos pedagógicos inteiros, as instituições precisam instituir metas, planejamentos, prazos e uma série de demandas organizacionais para atender aos objetivos e demandas do ano seguinte. O diretor-geral da IENH, Seno Leonhardt, comenta os desafios de 2024, as metas de futuro da gestão e o planejamento adotado pela instituição para 2025.

Como um dos maiores aprendizados do último ano, que deve servir ainda para investimentos futuros, o gestor frisa a necessidade de adaptação das instituições frente às demandas de inclusão e acessibilidade.

“Nos últimos tempos nós temos olhado com mais atenção para a questão da inclusão de alunos dentro da escola. Na medida em que as legislações foram se ampliando, bem como observado o crescimento desse tipo de demanda, tivemos uma reestruturação em nossa forma de atendimento. Foi criada uma coordenação específica para o assunto, os espaços foram adequados e houve, ainda, a criação de propostas pedagógicas que pudessem dar conta de toda essa adequação. Esse me parece que ainda será o grande desafio das gestões para 2025”, afirma.

Elencada pelo gestor como uma das principais metas da instituição para 2025, está a inclusão de um currículo bilíngue que atenda tanto o Ensino Fundamental, quanto o Ensino Médio. “Com muitas horas de preparação do nosso quadro funcional, adequação de espaços e infraestruturas e uma atuação intensa de nosso núcleo pedagógico, pretendemos introduzir, a partir do ano que vem, nosso currículo internacional bilíngue, ampliando a formação em dois idiomas também para os ensinos fundamental e médio”, afirma. 

De acordo com o diretor, a iniciativa, que já é vista como positiva pelos alunos, também tem agradado à comunidade de pais e responsáveis. “Esse é um grande projeto de ensino que tem recebido uma acolhida muito positiva por parte dos pais. O objetivo dessa iniciativa não é, necessariamente, mandar nossos alunos para fora do país, mas sim potencializá-los e remetê-los também para outros cenários”, destaca.

Indo ao encontro das orientações dos especialistas, Seno destaca que a grande aposta das gestões educacionais para 2025 deve ser os investimentos em tecnologia e capacitação do corpo docente, a fim de criar ferramentas que tornem possível trabalhar a cultura digital também em sala de aula.

“A tendência é investir em inovação junto à inteligência artificial. Colocar os alunos e os professores também nesse novo cenário será o grande desafio para 2025. Mais do que isso, queremos oferecer formação aos professores para que eles tenham condições de trabalhar a temática com os alunos e criar essa cultura digital dentro de sala de aula. Adequando nossos espaços físicos para que conversem com o surgimento dessas novas tecnologias, queremos trabalhar a inovação desde os pequenos até os anos finais”, finaliza o gestor.

Trabalho integrado, comunicação e planejamento efetivo

O que se percebe, de forma geral, é que para além das metas e objetivos futuros, o grande desafio das equipes diretivas para 2025 será promover uma gestão eficiente, que saiba otimizar os recursos humanos e que possa extrair o máximo potencial das diversas possibilidades de trabalho integrado.

Vale destacar, ainda, a importância de fechar o ano com um feedback para as equipes, identificando os acertos para dar continuidade e os erros que precisam ser corrigidos. Tudo isso deve ser realizado a partir de um olhar que reflita a realidade da instituição, a fim de que as decisões tomadas sejam assertivas e concretas no ano seguinte.

TAGS





Assine nossa newsletter

E fique por dentro das novidades