A Escola como espaço de transformação da docência
Para Leia de Almeida, vice-diretora educacional do Colégio Marista Rosário, equipes de gestão pedagógica devem debater sobre condições de trabalho, necessidades e esperanças dos professores
Leia de Almeida
Vice-diretora educacional do Colégio Marista Rosário
A escola é lugar de encontros de diferentes projetos de vida. No que tange os professores, é lugar também de transformação da sua docência. Como constantes pesquisadores, eles e elas, vivem intensamente sua profissão na ação pedagógica que praticam, analisando seus diferentes saberes com os desafios contemporâneos. Tal exercício inclui viver a sala de aula com todas as suas nuances e experienciar os demais espaços de planejamento coletivo como elementos constitutivos do desenvolvimento docente.
A busca pela qualidade dos processos educacionais que mobiliza a escola para pensar estratégias assertivas diante das mudanças curriculares em curso, deve igualmente pautar a formação continuada como compromisso ético de profissionalização docente. As condições de trabalho, as necessidades e as esperanças dos professores precisam ser debatidas com eles, por meio do olhar sensível das equipes de gestão pedagógica, da escuta atenta e do diálogo reflexivo e propositivo entre os pares. Tais movimentos precisam causar ressonâncias que perpassem por dentro da escola e ultrapassem seus muros.
Pela complexidade do exercício da docência, a formação dos professores torna-se uma oportunidade de pautar os saberes docentes que também se movem diante da dinamicidade de um currículo vivo. Nesse esteio, a formação continuada promulgada como formação em serviço é reconhecida como espaço potente para o aprimoramento da prática pedagógica e por isso precisa não só incidir no fazer docente, como também alimentar-se dele para sua proposição. Desse modo, a formação se abastece da produção dos diferentes desafios no cotidiano da escola, garantindo espaços de socialização que visem o fortalecimento do trabalho docente através dos diferentes saberes necessários à prática educativa.
Há que se considerar que as iniciativas das universidades na formação inicial ainda são incipientes diante das demandas da sociedade contemporânea. Igualmente parece improvável prever todos os desafios que poderão a vir enfrentar nas salas de aula que logo habitarão. Por isso, cabe à escola, espaço privilegiado do exercício da docência, contribuir para a formação dos professores em serviço, a fim de colocar em pauta a própria constituição docente, oportunizando assim, que o próprio professor possa revisitar o seu projeto de vida, a sua prática, e ao subsidiar-se dos saberes profissionais possa sentir-se um tanto mais apoiado e fortalecido no seu fazer pedagógico.
Em pesquisa recente, detectamos que no Marista Rosário 100% têm alguma especialização na área de atuação que demonstra parte de suas perspectivas formativas. São informações que reforçam a afirmação de que os professores se reconhecem também como pesquisadores da sua atuação. A instituição incentiva a participação de educadores em congressos, seminários e cria oportunidades dentro da escola para partilha dos saberes bem como a produção de artigos sobre as suas práticas, dinamizando assim, a gestão do conhecimento. Registros que ajudam a pensar a sua prática e socializar as vivências nos mais diferentes contextos. Além disso, outras estratégias na escola validam esse espaço formativo, como feedbacks e reuniões pedagógicas.
Todas essas ações balizadas pela intencionalidade formativa elevam a escola como espaço potente para transformação da docência. Engajados a zelarem pelos projetos de vida de seus estudantes, os professores incidem no projeto de sociedade ao que passo que sua atuação produz efeito na transformação da escola e na constituição de todos os sujeitos que habitam nela. Inclusive (e especialmente) neles próprios.
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