A sala de aula e a sala escura

Quando eu ainda era uma estudante da educação básica (isso há mais de 20 anos), tinha-se uma ideia preconceituosa sobre professores que traziam filmes para serem assistidos em sala de aula. Havia quem achava que era uma maneira de “matar tempo” de sala de aula e, também, quem acreditava que filmes são um mero passatempo. Hoje, já adulta e com uma experiência de 13 anos trabalhando como crítica de cinema, posso dizer que filmes são porta de entrada para descobrir o mundo. Aliás, os mundos, já que produções vindas de países com culturas diversas da nossa nos colocam diante do novo. E tudo que é novo assusta e encanta – em doses bastante semelhantes.

O sucesso recente da série Adolescência, da plataforma Netflix, trouxe para o centro da pauta a importância do diálogo entre pais e filhos e também a importância de haver uma troca de conhecimentos entre as gerações, já que muitas famílias assistiram aos episódios juntas e abriram espaço para debater a complexa temática da produção.

Mas que tal tornar isso um hábito? Sessões de filmes para fazer pensar, aprender e inspirar? Sua escola já pensou em ter um cineclube e tornar o cinema mais uma forma de engajamento da comunidade escolar? São tantas perguntas! Traremos aqui algumas respostas nada fechadas, mas que têm o objetivo de abrir o olhar para as possibilidades que um filme pode trazer para além do entretenimento.

Os Goonies (1985)
Direção: Richard Donner

Porque assistir: Um clássico da Sessão da Tarde que não perde sua potência para falar de amizade e perseverança. Após o anúncio de que as casas onde moram serão derrubadas para a construção de um empreendimento, um grupo de adolescentes vai em busca de um tesouro para garantirem a preservação do local. Aqui vale ressaltar que enquanto os adultos da trama aceitam sem reclamar a situação, são os mais jovens que batem de frente com os empresários.
Disponível na plataforma Amazon Prime

Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa (2025)
Direção: Fernando Fraiha

Com uma trama repleta de ternura e aventura, o primeiro longa-metragem em live-action do personagem Chico Bento é um convite para discutir educação ambiental. A proposta lúdica e a construção de um universo onde crianças não têm acesso ao celular também é uma boa pedida para conversar sobre o uso excessivo de telas.
Disponível na plataforma Amazon Prime

A Sombra do Pai (2018)
Direção: Gabriela Amaral Almeida

Os filmes de terror costumam fazer sucesso entre os espectadores adolescentes. Que tal apresentar uma produção do gênero brasileira e dirigida por uma mulher? O roteiro conta a história de uma menina que, após a morte da mãe, precisa lidar com as mudanças de comportamento do pai. Com várias referências a clássicos do cinema de horror, o filme ajuda a conversar sobre o luto e os ritos de passagem da infância para a adolescência.
Disponível na plataforma Amazon Prime

Quase 18 (2016)
Direção: Kelly Fremon

Como lidar com o afastamento de um amigo? Na idade em que ser aceito dentro de um grupo é uma parte importante do desenvolvimento social, discutir o formato das relações e o impacto que elas têm em nossas decisões é mais que necessário. O longa-metragem estrelado pela talentosa Hailee Steinfeld possui diálogos divertidos sem deixar de lado a complexidade que é ser adolescente.
Disponível na plataforma Netflix


A Invenção de Hugo Cabret (2011)
Direção: Martin Scorsese

Que tal usar um filme para falar como os filmes são feitos? Por meio de uma fábula, o filme acompanha a aventura do pequeno Hugo, que vive em uma estação de trem na Paris dos anos 1930. Após a morte do pai, ele descobre um andróide e, com a ajuda de sua amiga Isabelle, irá descobrir as maravilhas que envolvem o funcionamento da máquina. Com delicadeza e ótimos efeitos especiais, o longa-metragem é uma declaração de amor ao cinema e a força que ele tem para aproximar as pessoas.
Disponível no YouTube Filmes

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