Enchentes no RS trazem lições de humanidade na prática
Instituições das cidades de Passo Fundo e Candelária mobilizaram famílias para arrecadar donativos para as vítimas das enchentes no Estado
Em setembro de 2023, a cidade de Passo Fundo foi atingida pelas fortes chuvas que causaram danos em várias regiões do Rio Grande do Sul. Apesar dos estragos das enchentes terem sido apenas materiais para algumas famílias e empreendimentos, perceber as águas dos rios subindo e chegando próximos às casas deixou muitas pessoas assustadas. Já naquele momento, várias entidades se mobilizaram para colaborar com quem teve perdas, incluindo o Colégio Notre Dame Passo Fundo e a Escola Notre Dame Menino Jesus, ambas integrantes da Rede de Educação Notre Dame, presente em todo o Brasil. Agora, quando o Estado vive uma de suas maiores tragédias ambientais, as instituições voltam a unir forças numa corrente de solidariedade e humanidade para ajudar quem precisa recomeçar.
“Aqui em Passo Fundo, não fomos tão atingidos e não temos casos de pessoas desabrigadas. Porém, nossa comunidade ainda estava sensibilizada com a enchente de 2023. Por isso, num primeiro momento, criamos uma ação chamada Mutirão da Solidariedade, onde arrecadamos colchões, cobertores e toalhas, além de material de limpeza”, explica o coordenador de Comunicação e Marketing da Rede de Educação Notre Dame, Erni da Rosa.
Num segundo momento, a campanha focou na arrecadação de produtos de higiene pessoal, que seguem até hoje, já que as informações apontam para um longo período de recuperação em todo o Rio Grande do Sul.
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Todas as doações recebidas pelas escolas foram encaminhadas para a Defesa Civil do Estado, para a realização da logística das entregas. “Contamos com o apoio de três unidades da nossa rede, das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, que também realizaram uma campanha de arrecadação entre os seus alunos. Agora, com a volta às aulas em muitas cidades, nosso foco será a arrecadação de material escolar”, informa o coordenador.
Com o envolvimento de cerca de três mil famílias de professores, colaboradores e alunos, o Mutirão de Solidariedade da Rede Notre Dame de Passo Fundo, além de ajudar quem mais precisa nesse momento delicado, também dá aula de bom voluntariado. Com o apoio da Pastoral Escolar, estudantes do Ensino Médio trabalharam ativamente na triagem de doações e até os mais jovens começaram a entender a importância de se ajudar o próximo. “Temos relatos de pais que levaram seus filhos para comprar itens para doação, onde houve uma troca importante para que a criança entenda esse processo e a sua importância para a nossa sociedade”, avalia Erni.
Uma escola transformada em lar
Num outro ponto do Rio Grande do Sul, a Região Central, a cidade de Candelária viveu momentos de terror, quando mais de 100 pessoas aguardavam resgate nos telhados de suas casas, completamente cobertas pelas águas do Rio Pardo, que contorna o município. Desde que as primeiras famílias foram resgatadas, no dia 3 de maio, o Colégio Nossa Senhora Medianeira abriu suas portas para receber os desabrigados. A prefeitura municipal montou um abrigo no Ginásio João Corrêa e também disponibilizou salas de aula para as equipes de saúde atuarem, além de banheiros e cozinha. O espaço da praça, destinado para a Educação Infantil, também foi aberto para que as crianças abrigadas pudessem utilizar os brinquedos. “Recebemos 160 pessoas e a nossa comunidade colaborou bastante. Chegamos a ter 200 voluntários atuando diretamente no local. Também reservamos um espaço para os animais e recebemos muitas doações de ração”, lembra o diretor da instituição, Alan Patrick Wagner.
Além de receberem doações e garantirem alimentação e agasalho para quem se encontrava no ginásio, a escola também proporcionou momentos de reflexão e cultura, com música e celebração de missas no local. Após 10 dias, as famílias acolhidas pela comunidade escolar foram realocadas para a casa de familiares ou para novas residências. As aulas, que foram retomadas no dia 14, agora tornaram-se também espaço para se debater a questão ambiental e o poder da solidariedade em momentos extremos como o que vive o Rio Grande do Sul.
“Tivemos vários alunos que atuaram como voluntários, todos muito comprometidos em auxiliar a comunidade. Também tivemos alunos que foram afetados, especialmente os que moram no interior. Nossa psicóloga tem relatado que ainda existe uma apreensão por parte desses alunos. Mas o que nos dá esperança é que todos estão se ajudando”, avalia o diretor.
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