Estudantes desenvolvem soluções sustentáveis em incubadora escolar
No Colégio Positivo, no Paraná, jovens criam aplicativos e projetos práticos alinhados aos objetivos globais da ONU
Os jovens são o futuro, e, reconhecendo seu papel fundamental na construção da sociedade, as escolas têm se tornado cada vez mais ambientes promotores de inovação que vão muito além do ensino tradicional, formando novas gerações de pensadores críticos e cidadãos empáticos. É o caso do Colégio Positivo, de Londrina (PR), que, em 2024, lançou a Pré-Incubadora de Ideias, iniciativa que permite aos estudantes criar soluções reais para problemas da comunidade.
Neste ambiente, são realizadas ações como a gamificação, para engajar; a prototipagem, para concretizar ideias; as mentorias, que orientam; e o estímulo ao pensamento crítico, que refina as decisões. Tudo isso permite desenvolver protagonismo, autonomia intelectual e empatia nos jovens. “Todas as propostas devem ter como plano de fundo pelo menos dois Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o que alinha os projetos a metas globais”, destaca Janaína Bichaco, professora e responsável pela iniciativa.”
O ciclo da Pré-Incubadora tem quatro etapas: ideação, diagnóstico e validação, prototipagem e apresentação. Primeiro, os alunos apresentam, individualmente ou em grupo, suas ideias de projetos. Depois, trabalham com o apoio de mentores (professores e profissionais convidados), realizam visitas técnicas, workshops, pesquisa e brainstorming.
Em seguida, fazem a prototipagem básica, planejamento e a criação de um plano de negócios. Por fim, os projetos são apresentados para uma banca final (com atores dos ecossistemas de inovação), onde as equipes fazem um pitch com proposta e o resultado do ciclo de pré-incubação. Este processo dura em média nove meses.

O Colégio Positivo é a única instituição privada do Paraná com credenciamento do Sistema Estadual de Ambientes Promotores de Inovação do Paraná (Separtec). “Ao credenciar uma instituição destas de Ensino Fundamental e Médio, o Separtec também reconhece que a inovação começa na formação do capital humano, com autonomia intelectual, competências empreendedoras”, destaca o coordenador da entidade, José Maurino Oliveira Martins.
O projeto também conta com parcerias com o Sebrae (Desafio Liga Jovem e Pitch Day) e empresas como a TCS Consultancy Service, multinacional indiana de tecnologia, e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), para visitas técnicas. Na última edição da ExpoLondrina, três projetos da Pré-Incubadora foram selecionados como os mais promissores apresentados no Pitch Day.
Mais de 80 estudantes já passaram pelo ambiente de inovação do colégio. Atualmente, 12 equipes (startups) estão incubadas (e três equipes ainda estão na fase de ideação) na Pré-Incubadora. Dois aplicativos estão em fase final de prototipação e dois protótipos finalizados, faltando apenas o acabamento.
Um dos aplicativos que está em fase final de prototipação é o EducaLibras (Mico das Mãos Mágicas), desenvolvido pelo grupo da Luísa Batistela, de 14 anos, aluna do 8º ano. O projeto está alinhado aos ODS da ONU 4 e 10 (Educação de Qualidade e Redução das Desigualdades respectivamente). “Acreditamos que ter uma educação de qualidade não deveria depender de boas condições financeiras e muito menos de portar ou não uma deficiência”.
Apaixonada por ciências, Luísa quer ser veterinária e seguir administrando a startup com a colega Anna Julia: “Eu gostaria de dizer às crianças que o aplicativo foi pensado especialmente para elas, com objetivo de facilitar a rotina e a vida delas, dentro e fora da escola.”
Um dos protótipos finalizados é o da Estufa Caseira Climatizada, solução de baixo custo para hortas urbanas, idealizada pelo Antônio Salinet, de 12 anos, aluno do 6º ano, e seu grupo. Está alinhada aos ODS da ONU 2 e 12 (Fome Zero e Agricultura Sustentável e Consumo e Produção Responsáveis, respectivamente) e foi desenvolvida pensando nas pessoas que moram em apartamentos ou em lugares pequenos.“Gosto da mão na massa, mas conversar com investidores, com potencial público, e descobrir o que as pessoas querem, isso é o que me dá mais alegria”, ressalta.
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O diretor do Colégio Positivo, Heverton Ragazzi, destaca que o grande diferencial da Pré-Incubadora é a construção de um ecossistema de inovação dentro da educação básica. Ele frisa que a inovação na escola tem propósito, pois nasce de problemas reais, dialoga com sustentabilidade e encontra respaldo técnico em parcerias sólidas. “Esse movimento mobiliza estudantes, professores e famílias, como vimos na Feira do Empreendedorismo e no Positivo Business Hub”, comenta.
Em razão disso, o diretor do Colégio salienta que as famílias observam que seus filhos estão mais críticos, colaborativos e conscientes do impacto de suas escolhas. “Ainda existe algum estranhamento natural quando falamos em inovação na educação básica, mas os resultados — hackathons, pré-incubadora, eventos e produções científicas — têm quebrado essas resistências”, sublinha.
Além disso, as famílias enxergam que o colégio não prepara os alunos apenas para vestibular, mas para ambientes tecnológicos, sociais e sustentáveis. “Isso ficou evidente pela nossa participação em hackathons, como o Smart Cities, e pela presença ativa da escola em eventos de inovação do estado”, pontua.
Mais do que projetos, o colégio está formando jovens capazes de transformar o ambiente onde vivem. “O próximo passo é o aprimoramento técnico com apoio dos especialistas e parceiros, preparando-os para testes externos e, futuramente, para o mercado”, projeta Ragazzi.
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