Um novo olhar sobre o uso de telas

Teremos que potencializar a essência da escola e da família na promoção de espaços nos quais os estudantes possam desenvolver a capacidade de escuta e comunicação autêntica

imagem: FreePik

Ir. Celassi Dalpiaz – Diretora do Colégio Santa Inês e integrante da diretoria do SINEPE/RS


Tendo em vista que a escola é singularmente um espaço de socialização, a restrição do uso de telas nos remete à necessidade de promover limites – habilidade fundamental para os estudantes que estão em processo de desenvolvimento da autorregulação. Além disso, os rituais afetivos precisam voltar à nossa pauta de adultos para que essas memórias deem consistência a um crescimento saudável e sustentem as transições inerentes à vida.

Como nos afirma a psicóloga Renata Ishida: “Crianças e adolescentes ainda não têm maturidade para gerenciar sozinhos o uso de tecnologias. O celular oferece muitos estímulos rápidos, o que fragmenta a atenção e prejudica a concentração. Isso impacta diretamente na aprendizagem e no desenvolvimento de competências como paciência, foco e tolerância à frustração”.

Portanto, teremos que potencializar a essência da escola e da família na promoção de espaços nos quais os estudantes possam desenvolver a capacidade de escuta e comunicação autêntica entre pares, que estão cada vez mais escassas em função das interações excessivas com as telas.

Dessa forma, temos a grande chance de fomentar a reconexão consigo, com o outro e com o mundo a partir das vivências na escola e na família, redescobrindo a possibilidade de troca e convivência saudável.

Outro alerta importante é relativo à promoção de uma sólida formação digital para o uso responsável das tecnologias como meios de desenvolvimento de cidadania consciente, preparando os estudantes para as implicações das interações no mundo digital.

Enfim, de nada serve demonizar a tecnologia sem entendermos o compromisso parental de oferecer às crianças e jovens o nosso olhar adulto, regulando-os no uso e nas escolhas e oferecendo-lhes outras possibilidades de trocas. Fazer juntos e encontrar a felicidade de brincar e de se reconectar consigo, com o outro e com o ambiente, será um grande passo para resgatar a saúde mental e devolver aquilo que é direito dos filhos: serem cuidados em todos os aspectos de sua vida, inclusive e sobretudo no ambiente digital. 

Não podemos deixar nossas crianças e estudantes numa selva sem leis, sem mediação e acompanhamento. Isso é dever de quem cuida: acompanhar, escutar, formar e proteger.

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