A dislexia e o Transtorno do Déficit de Atenção sob o olhar da escola
A partir de nova lei, instituições devem garantir o cuidado aos estudantes com instabilidade na atenção ou alterações no desenvolvimento de leitura e escrita; entenda o que são os transtornos e o que pode ser feito
por:
Bianca Garrido
Publicado em 17/03/22 às 10:22 - Atualizado em 21/03/2022 às 17:39
Em 30 de novembro de 2021, foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro a lei 14.254/21, que obriga o poder público a oferecer um programa de diagnóstico e tratamento precoce aos alunos da educação básica com dislexia, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou qualquer outro transtorno de aprendizagem. A partir dessa definição, tanto escolas da rede pública como da privada devem garantir acompanhamento específico, direcionado à dificuldade e da forma mais precoce possível, aos estudantes que apresentarem instabilidade na atenção ou alterações no desenvolvimento da leitura e da escrita.
Ainda segundo a lei, os sistemas de ensino devem capacitar os professores para identificação precoce de possíveis sinais. Segundo a assessora pedagógica e de legislação educacional do Sinepe-RS, Naime Pigatto, as escolas já têm na sua prática esse cuidado com as diferentes formas de ensinar e de aprender, mas tudo isso deve ser desenvolvido a partir de como a proposta pedagógica da instituição define os objetivos e concepções teóricas, que dão sustentação para a prática docente.
A neuropsicóloga Hosana Gonçalves, professora da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), explica que tanto a dislexia como o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) são transtornos do neurodesenvolvimento, estão associados a questões genéticas e suas características costumam ser observadas ainda na infância. “Eles são diferentes, com características próprias, mas podem se interrelacionar. Enquanto no TDAH os prejuízos são na atenção e na agitação, na dislexia eles se encontram no aprendizado da leitura e da escrita”.
Hosana alerta que na dislexia, por exemplo, a dificuldade com a leitura e a escrita persiste mesmo após a intervenção da escola. “Se a criança já teve um atendimento mais individualizado no ambiente escolar e, mesmo assim, ela não evolui na leitura e na escrita, ou evolui pouco em relação às dificuldades apresentadas, ela precisa ser encaminhada a um especialista que fará uma avaliação completa, quando será levado em conta a sua idade e o que se espera para o ano escolar em que ela está inserida”.
O insucesso ao aprender não significa que o estudante tem dislexia, visto que fatores situacionais e orgânicos como a depressão ou problemas com o sono também podem interferir. “No caso da dislexia, a criança carrega com ela esse transtorno do neurodesenvolvimento desde que nasceu. Não há outra causa associada”, afirma.
O mesmo acontece com o TDAH, transtorno neurobiológico que atinge partes do cérebro, a partir de fatores genéticos. “A pessoa com TDAH apresenta alguns sintomas persistentes de falta de atenção, desinteresse, hiperatividade e até impulsividade”, diz Hosana.
Dicas aos professores
O professor, dentro de sua competência pedagógica e de acordo com as possibilidades da escola, ao identificar sinais que são apresentados pelos estudantes em relação às dificuldades de aprendizagem, juntamente com a equipe multidisciplinar da instituição e o apoio da família, deve realizar os encaminhamentos necessários para proceder com as adequações metodológicas e adaptar instrumentos avaliativos, como a aplicação de prova oral para alguns casos.
Dicas para as escolas
A escola também deve possibilitar que esses estudantes recebam atividades de reforço e possam frequentar laboratórios de aprendizagem ou outros espaços para tirar suas dúvidas. Todo esse trabalho requer um olhar colaborativo da escola, de especialistas e da família do estudante, que muitas vezes acaba não entendendo e, com isso, cobra da escola um retorno imediato para uma questão que é complexa e necessita do seu envolvimento.
O que são os transtornos
TDAH: segundo a Organização Mundial da Saúde(OMS), no Brasil, de 3 a 4% das crianças e cerca de 2 milhões de adultos possuem o diagnóstico, que se caracteriza principalmente pela desatenção e pela hiperatividade. Suas causas são genéticas, aparecem ainda na infância, normalmente até os 12 anos de idade. São comuns, explica Hosana, sintomas como inquietude e agitação, observadas de forma persistente por pelo menos seis meses, e no mínimo em dois ambientes diferentes, como em casa e na escola; desatenção caracterizada por erros também persistentes nas tarefas escolares, ou em atividades do cotidiano, como em brincadeiras com colegas e amigos; esquecimentos (de tarefas, compromissos ou objetos) ou problemas de memória; dificuldade de organização e concentração e até irritabilidade. “Para podermos caracterizar como TDAH é necessário também que esses sintomas prejudiquem realmente a pessoa no seu dia-dia”, completa.
Dislexia: Também com origens genéticas e hereditárias, a dislexia se caracteriza pela dificuldade também persistente de leitura e escrita, portanto, os primeiros sintomas costumam ser observados pelos pais e professores na escola, durante o processo de alfabetização, ou quando as atividades escolares ficam mais complexas. A leitura imprecisa, normalmente com erros, ou lentidão na leitura, é um dos exemplos. “Ela pode ler de forma correta, mas bastante devagar. Ou ler rápido, com erros”, explica a psicóloga. É comum também a dificuldade de compreensão da leitura. “Em alguns casos, a criança não difere regras ortográficas, confunde uma letra com outra semelhante, não lembra se é com s ou ç, troca a escrita de v por f, entre outras situações”.
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