O que alunos e professores podem esperar do Enem?
Ainda sem influência das mudanças do Novo Ensino Médio, exame ocorre em 13 e 22 de novembro e deve manter ênfase na análise e interpretação de textos
Uma das provas mais aguardadas por milhões de estudantes que desejam ingressar em instituições de ensino superior, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já tem datas confirmadas em 2022: 13 e 22 de novembro. O período de inscrições ainda não foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem. A última edição, em novembro de 2021, contou com mais de 3 milhões de inscritos, porém 2 milhões finalizaram o exame na totalidade – o menor número de participantes desde que foi reformulado, em 2009, passando a possibilitar o ingresso dos estudantes no ensino superior. E o Ministério da Educação (MEC) já anunciou a proposta do novo Enem.
Para a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (Ceipe) e ex-diretora de educação do Banco Mundial, Claudia Costin, os números resultam, entre outros fatores, da combinação com a edição realizada no início de 2021 – em 2020, devido à pandemia, o Enem não ocorreu – em que os casos de Covid-19 estavam em alta, com as escolas fechadas por quase um ano letivo inteiro, reduzindo o número de alunos com acesso ao ensino superior. “O isolamento social aprofundou as desigualdades educacionais pré-existentes no país”, aponta Claudia.
Em relação ao exame em 2022, apesar da crise no Inep registrada no final de 2021, quando funcionários de carreira deixaram seus cargos na autarquia, Claudia não projeta grandes mudanças na prova.
Como dica às escolas e professores, a pesquisadora sugere ampliar e aperfeiçoar a produção textual a partir dos primeiros anos do Ensino Fundamental e estimular a investigação científica. Claudia acompanha o Enem desde a sua criação, em 1998, pelo então ministro Paulo Renato Souza, inicialmente como um instrumento para avaliar a aprendizagem dos alunos do ensino médio.
O professor e ex-presidente do Inep no período entre 2014 e 2016 José Francisco Soares também não acredita em um Enem diferente neste ano. Para o pesquisador, que reflete sobre as desigualdades na educação brasileira e criou em 2019 um indicador para avaliar a aprendizagem nos municípios, as mudanças no Enem ocorrerão em 2024, a partir dos reflexos do novo Ensino Médio.
“Penso que o exame deve oportunizar aos estudantes brasileiros uma formação compatível com o século XXI, garantindo conhecimentos e habilidades necessários para aprender a aprender – língua portuguesa, matemática e inglês – para ler o mundo – os temas – e, finalmente, para aprender a fazer, que são os itinerários formativos propostos no currículo do novo EM”.
Soares, que já integrou o Conselho Nacional de Educação (CNE), foi convidado pela entidade a colaborar com o formato do novo exame. Atualmente, o CNE conta com uma comissão formada por representantes do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Por enquanto, o plano é que a avaliação passe a ter questões discursivas e de múltipla escolha, distribuídas em duas etapas.
Contaria com redação e perguntas de formação geral (sem divisão por disciplina, cobrando habilidades mais interpretativas do que conteudistas).
Teria perguntas focadas na área de conhecimento escolhida pelo estudante (ciências humanas, ciências da natureza, linguagens ou matemática), sem enfoque conteudista, segundo habilidades e competências desenvolvidas.
Procurado pela Educação em Pauta, o Ministério da Educação (MEC) informou que a atualização da matriz de avaliação do Novo Enem será finalizada em 2024, já obedecendo às diretrizes do Novo Ensino Médio. O órgão disponibiliza em seu site uma minuta de proposta de recomendações ao novo Enem.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi instituído em 1998, com o objetivo de avaliar o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Em 2009, aperfeiçoou sua metodologia e passou a ser utilizado como mecanismo de acesso à educação superior. Desde 2020, o participante pode escolher entre fazer o exame impresso ou o Enem Digital, com provas aplicadas em computadores, em locais de prova definidos pelo Inep.
As notas do Enem podem ser usadas para acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade para Todos (ProUni). Elas também são aceitas em mais de 50 instituições de educação superior portuguesas. Além disso, os participantes do Enem podem pleitear financiamento estudantil em programas do governo, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os resultados do Enem possibilitam, ainda, o desenvolvimento de estudos e indicadores educacionais.
Qualquer pessoa que já concluiu o Ensino Médio ou está concluindo a etapa pode fazer o Enem para ter acesso à educação superior. Os participantes que ainda não concluíram o ensino médio podem participar como “treineiros” e seus resultados no exame servem somente para autoavaliação de conhecimentos.
As provas abrangem quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias, que ao todo somam 180 questões objetivas. Os participantes também são avaliados por meio da redação, que exige o desenvolvimento de um texto dissertativo-argumentativo a partir de uma situação-problema.
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