Pensamento computacional colabora com raciocínio lógico dos estudantes
Professoras gaúchas criaram livro que aborda o assunto de forma lúdica para ser usado em sala de aula
Incentivar a criatividade, a autonomia e o raciocínio lógico e ainda apresentar um mundo de novas possibilidades de carreira na tecnologia para os estudantes. Parece mágica, mas é apenas a presença do pensamento computacional dentro da sala de aula. Ao contrário do que pode parecer, este é um conceito que não está necessariamente atrelado a computadores ou métodos de programação. Inclusive, é possível que você já tenha utilizado o pensamento computacional no seu cotidiano de maneira inconsciente. Algo que os cachorrinhos Algo e Ritmo, o gato Code e o passarinho Buggy também fazem. Eles são personagens do livro “Algo e Ritmo: uma aventura de programação”, escrito pelas professoras Lucia Giraffa e Margarete Santos.
Com uma experiência de mais de 30 anos trabalhando com ensino de programação para iniciantes, a professora da Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Lucia Giraffa, intensificou seu foco na formação de professores para o uso de artefatos relacionados às tecnologias digitais quando passou a ser orientadora da Escola de Humanidades da universidade.
Com a definição da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2017, a questão do pensamento computacional passou a fazer parte da Educação Básica. Lucia então passou a se debruçar com mais atenção sobre o tema e deu início a produção de suas obras voltadas para o público infantil. “Observei que havia muitas barreiras, pois a linguagem não facilitava para as professoras formadas em Pedagogia trabalharem os conceitos com as crianças. Então, comecei a pensar em criar os ‘livrinhos’, como carinhosamente os chamo, para preencher essa lacuna”, explica a professora.
A parceria com Margarete, que é professora de Tecnologia Educacional e Computação do Colégio Farroupilha, resultou em uma obra que aplica os princípios do pensamento computacional de forma lúdica para os Anos Iniciais da Educação Básica. “O objetivo é que os alunos não somente entendam conceitos, como o de algoritmo, mas que o façam de maneira prática, por meio de atividades, realizadas na sala de aula ou no pátio”, lembra. E, para quem pensa que é preciso computadores de última geração ou ferramentas complexas para aplicar tais conhecimentos, Margarete ressalta que uma das ideias que guiam a trama do livro é o uso de materiais desplugados e interativos e o incentivo para que os professores realizem as suas próprias criações a partir das propostas das autoras. “Outra possibilidade que nós vemos é integrar o pensamento computacional com outras disciplinas, como Matemática, Ciências e até Artes. Criar projetos interdisciplinares ajuda a trazer o pensamento lógico e a resolução de problemas para o cotidiano das crianças, tornando o aprendizado mais natural e significativo”, aponta a professora.
O processo de pensar computacionalmente exige disciplina para organizar as ideias e estruturar a solução, utilizando aspectos como entender qual é o problema, identificar os dados importantes e distinguir aqueles que servem apenas para contextualizar a situação. Lucia orienta que é preciso decompor o problema em partes menores, reutilizar conhecimentos e recursos que o estudante já possui e que foram aplicados em outras situações, e organizar tudo de forma a criar um roteiro claro com todos os passos da proposta de solução, incluindo a identificação de padrões. Trabalhar com essa proposta em sala de aula, inclusive nos anos iniciais, é de extrema importância, pois o pensamento computacional desenvolve hábitos como o pensamento crítico e reflexivo, o que traz um diferencial para a formação do aluno.
Apesar dos inúmeros benefícios trazidos pelo pensamento computacional, trabalhar com este conceito em sala de aula pode ser um desafio para os educadores. Por isso, obras, como a escrita por Lucia e Margarete, podem colaborar para trazer o assunto de forma lúdica para o ambiente escolar.
“É importante aprender se divertindo e lembrando que a aprendizagem requer afeto. Aprendemos na interação com as pessoas e passamos a vida resolvendo diversos problemas. Isso deve fazer parte de nós: viver aprendendo coisas que façam sentido, que nos permitam resolver os problemas no lugar onde estamos vivendo. Esse é o desafio de uma educação positiva e emancipadora”, revela Lucia.
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