Escolas mineiras servem de inspiração em missão educacional do RS
Gestores de escolas gaúchas conheceram práticas pedagógicas, de gestão e infraestrutura de cinco escolas referência de Belo Horizonte
“A boa educação é moeda de ouro. Em toda parte, tem valor.” A frase do filósofo e escritor padre Antônio Vieira ilustra o objetivo da Missão Educacional SINEPE/RS, que esteve em Belo Horizonte (MG), de 10 a 12 de setembro, visitando escolas de referência em busca de um bem precioso: as boas práticas na educação.
O grupo de 20 gestores, liderado pelo presidente do SINEPE/RS, Oswaldo Dalpiaz, visitou as seguintes escolas: Bernoulli Educação, Marista Dom Silvério, Escola da Serra, Instituto Educacional Manoel Pinheiro e Colégio Santa Dorotéia. As instituições se destacam pela abordagem do projeto pedagógico, pela infraestrutura, pela gestão inovadora ou até mesmo pela combinação de todos esses fatores.
Saiba mais sobre cada instituição de ensino visitada:
Funcionando em uma edificação centenária, tombada como patrimônio do município desde 2022, o colégio Bernoulli Cidade Jardim tem na estrutura física um de seus pontos fortes: a arquitetura neoclássica abriga espaços amplos, iluminados e coloridos, onde se percebe a integração entre o tradicional e o moderno. Segundo Rommel Domingos, um dos fundadores do Grupo Bernoulli Educação, a valorização do espaço físico é proposital para despertar nos alunos o gosto por estar na escola.
Com uma área de 18 mil metros quadrados, o prédio reúne laboratórios de Química, Biologia, Física, Artes e Maker, além de duas bibliotecas com acervos literários e material didático, três quadras descobertas, pátios de convivência com áreas verdes e um auditório com capacidade para 300 pessoas, que preserva as características arquitetônicas originais do edifício.
A paleta de cores e a identidade visual da unidade também funcionam como ferramentas pedagógicas, criando um ambiente lúdico e inspirador. Cores claras e alegres, revestimentos que remetem à natureza e formas do mundo real compõem os espaços, que ainda trazem elementos da cultura local, como a reprodução da Igrejinha da Pampulha. A acústica das salas de aula também foi planejada para favorecer o aprendizado.
No Bernoulli Cidade Jardim, a figura do diretor é central: ele atua como guardião do propósito que sustenta o projeto pedagógico.
Entre as práticas de destaque estão o treinamento contínuo dos professores, a proximidade entre direção, orientadores e famílias, a presença de psicólogas no corpo de orientação, a monitoria e supervisão das aulas on-line, pesquisas de satisfação, qualificação da arquitetura curricular, pedagogia de projetos e o fortalecimento da área de Humanas como base para as demais.
A proposta pedagógica integra tecnologia ao aprendizado por meio de recursos como realidade aumentada, games, quizzes, simuladores e podcasts. Além disso, estimula o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e cognitivas, como determinação, perseverança e respeito, dentro de uma educação consciente.
Pensado para acompanhar cada etapa da evolução individual dos estudantes, o projeto pedagógico do Bernoulli Cidade Jardim busca formar não apenas bons alunos, mas cidadãos preparados para os desafios do futuro.
Gestores das escolas do RS compartilharam experiências e dialogaram com diretores de instituições de ensino mineiras | Crédito: Divulgação/Sinepe-RS
Com 75 anos de atividades educacionais, o Colégio Marista Dom Silvério viveu, após a pandemia de covid-19, uma retomada de crescimento sob a liderança do diretor Vanderlei Soela, pedagogo e psicólogo. Em cinco anos, a escola passou da 17ª para a 5ª posição no Enem em Belo Horizonte, voltando a se posicionar entre as melhores da cidade.
Entre as práticas implementadas, destaca-se a adoção de um caderno de produção textual desde o 2º ano do Ensino Fundamental, com uma aula de redação semanal até o Ensino Médio. A partir do 6º ano, passam a ser duas aulas por semana, com provas que priorizam questões abertas, estimulando raciocínio lógico e posicionamento crítico.
Estudantes que ingressam no Marista Dom Silvério vindos de outras instituições realizam uma avaliação diagnóstica e, quando necessário, recebem monitorias em disciplinas-chave — Português, Matemática, Inglês, Física e Química — sem custos adicionais para as famílias. Ao final de cada trimestre, há ainda a possibilidade de recuperação paralela, assegurando a consolidação dos conteúdos.
A pandemia foi um divisor de águas para a retomada do colégio como referência em Belo Horizonte. Na época, a gestão manteve o ritmo das aulas on-line de forma a se aproximar ao máximo da dinâmica presencial: carga horária diária completa, grade disciplinar integral e professores conduzindo as turmas ao vivo via aplicativo. Com a volta ao formato 100% presencial, a rotina foi prontamente restabelecida. A postura firme foi reconhecida e valorizada pelas famílias.
A instituição também reforça a importância da convivência coletiva em um ambiente saudável, marca central de sua proposta pedagógica. Além disso, é bilíngue desde a Educação Infantil, com aulas de Ciências e Geografia em inglês, e adota conteúdos interdisciplinares para abordar temas contemporâneos, como saúde mental.
Na Educação Infantil, o currículo privilegia práticas que colocam a criança no centro do processo educativo. Para isso, foi criada a Vila Marista, espaço lúdico que simula uma pequena cidade histórica do interior de Minas Gerais, com construções como prefeitura, fórum e correio — estruturas que remetem à vida em sociedade e ampliam o aprendizado no universo infantil. Entre os destaques, está a réplica da Igreja do Ó, de Sabará.
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A Escola da Serra, reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) como Referência para a Inovação e Criatividade na Educação Básica, atende 400 alunos e mantém a filosofia de não ampliar esse número para garantir a fidelidade à sua proposta pedagógica. Fundada pelo educador Sérgio Godinho Oliveira, tem como inspiração a Escola da Ponte, de Portugal.
Sua metodologia valoriza a autonomia e o protagonismo do estudante no processo de aprendizagem. Entre as práticas, destacam-se os Relatórios de Desenvolvimento do Aluno, a organização curricular em Ciclos de Formação em substituição às séries, os Salões de Aprendizagem que tomam o lugar das salas de aula tradicionais, a tutoria individual de cada estudante ao longo do ano e a avaliação baseada na aprendizagem plena dos conteúdos, sem médias numéricas.
A tutoria individual garante acompanhamento contínuo e personalizado, atuando como elo entre escola e família. O tutor compartilha informações com pais e professores, sendo o principal interlocutor e coordenador de estratégias para o desenvolvimento dos alunos. Além disso, apoia a promoção da autonomia e das habilidades para a vida, estimulando o autoconhecimento por meio de uma relação de confiança.
O próprio espaço físico também traduz essa filosofia: muros e ambientes internos são pintados pelos estudantes, reforçando o protagonismo e a participação ativa na vida escolar.
Com 40 anos de história, o Instituto Educacional Manoel Pinheiro (IEMP) aposta na inovação da gestão como caminho para melhorar a qualidade do ensino e otimizar a estrutura física. Localizado em uma área residencial de Belo Horizonte, o colégio trabalha conceitos como segurança, oportunidade e diferenciais competitivos para atrair famílias.
Entre as iniciativas, destacam-se os investimentos em infraestrutura — como salas maker, piscina em formato de navio e espaços lúdicos para a Educação Infantil — além de parcerias estratégicas com instituições como Cambridge University, Bernoulli Sistema de Ensino e Minas Tênis Clube.
O IEMP também valoriza a cultura digital, preparando os estudantes para a criação de conteúdo, edição de vídeos e desenvolvimento de habilidades voltadas ao ambiente on-line.
Por meio da robótica, os alunos fortalecem a aprendizagem interdisciplinar em Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (STEAM), com incentivo à experimentação, à análise de resultados e ao trabalho “mão na massa”.
Pertencente à Congregação das Irmãs de Santa Doroteia, o Colégio ocupa uma área de 48 mil metros quadrados com ampla área verde. A instituição integra os princípios da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aos valores cristãos e aposta em ações de solidariedade junto à comunidade.
Entre as práticas estão o treinamento de profissionais para situações de emergência, o funcionamento de um Comitê de Gestão de Risco, a produção de protocolos contra bullying e cyberbullying, o incentivo ao pensamento computacional e à aprendizagem autodidata, o investimento na metodologia STEAM e a criação do Espaço Ludus, voltado à Educação Infantil, que combina ludicidade com as diretrizes da BNCC em um ambiente semelhante a um parque de diversões.
O Espaço Ludus dedicado exclusivamente à Educação Infantil, foi concebido para promover a convivência e aprendizagem na primeira infância de acordo com os direitos constantes na Base Nacional Comum Curricular. Semelhante a um parque de diversões, é um ambiente social e cultural mediador das múltiplas aprendizagens por meio de experiências diversificadas: de interação, socialização, desafios cognitivos, jogos, arte e música. No Espaço Ludus as crianças têm os primeiros contatos com conceitos como cuidados com a saúde, consciência ecológica, cidadania e valores humanos.
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