A mágica: tendências para transformar a educação

 Pedro Valério

Diretor-executivo do Instituto Caldeira

Pergunte a qualquer brasileiro minimamente informado qual é o maior problema do Brasil e você ouvirá quase sempre a resposta: Educação. A propalada crise no sistema educacional brasileiro virou mantra. Especialistas, políticos, governantes, pais e mestres o repetem há muito tempo e, curiosamente, o referido sistema não melhora nos níveis e na velocidade desejada por todos. Sistemas educacionais não são a minha praia, razão pela qual não me atrevo a dar pitacos, especialmente num veículo cuja audiência é formada predominantemente por quem entende do assunto.

Contudo, vou arriscar um: eu diria que a solução para o problema da Educação do nosso país talvez seja menos técnica e mais, muito mais, de decisão, vontade. Finlândia e Coreia do Sul são apenas dois exemplos disso. A jornalista Amanda Ripley conta alguns destes cases de transformação no seu livro “As crianças mais inteligentes do mundo e como elas chegaram lá” (Editora Três Estrelas) e o ponto de partida foi sempre uma tomada de decisão, um compromisso da sociedade civil. Consta que grupos de pessoas influentes e determinadas decidiram transformar os sistemas de ensino desses países e, depois de algum tempo, foram transformados. Claro que houve investimento, pesquisa, muita discussão e administração de milhares de variáveis.

Nenhuma mudança caiu do céu. Mas, antes do primeiro aporte de investimento ou da escolha desta ou daquela política educacional, aconteceu a “mágica” da VONTADE, que o pedagogo francês Jules Payot considerava a mais preciosa das conquistas do homem. Na maioria das vezes, a VONTADE é infalível. Alguns exemplos: o território de Israel tem um pouco mais de 22 mil quilômetros quadrados de extensão. O deserto do Neguev corresponde a cerca de 62% desta área. Portanto, os recursos naturais do país são escassos. Mesmo assim, em apenas quatro décadas, os israelenses fizeram a mágica de transformar Israel em um dos maiores exportadores de tecnologia agrícola do mundo. Israel é uma feliz combinação de vontade inabalável com um dos melhores sistemas educacionais do mundo.

Em 2021, em plena pandemia, 42 empresários gaúchos decidiram participar da “mágica” de transformação do ambiente de negócios do Rio Grande do Sul já em andamento. Nascia o Instituto Caldeira, um hub formado por empresas ligadas à Nova Economia, localizado em uma área de 22 mil metros quadrados, no 4º Distrito de Porto Alegre.

Hoje, o Instituto Caldeira é um grupo crescente de pessoas que partilham um conjunto de interesses comuns. O maior de todos: transformar. O SXSW EDU Conference & Festival é um evento anual que promove a inovação e o aprendizado no setor educacional. De 6 a 9 de março, o SXSW EDU reuniu, em Austin, no Texas, milhares de especialistas e interessados no negócio da educação. Foram debatidos temas como acessibilidade, inclusão, artes, tecnologias emergentes, política, engajamento cívico, negócios educacionais, o trabalho reimaginado, Inteligência Artificial na Educação, entre outros. O evento entregou aos participantes um volume enorme de conteúdo. Propôs incontáveis ideias e desafios.

Eu espero que isso tudo tenha alimentado em todos os participantes, especialmente nos brasileiros, a vontade de transformar o Brasil e o mundo por meio do mais eficaz dos instrumentos de transformação: a Educação.

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