Para não viver de sobressalto e “apagando incêndios” para preservar o que foi construído ao longo da história da escola ou universidade, é fundamental que exista um ótimo planejamento de gestão da reputação.
Publicado em 15/07/22 às 07:00 - Atualizado em 25/07/2022 às 09:39
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Depositphotos
Rosângela Florczak
Consultora e professora. Decana da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS
Em tempos de hipervisibilidade quero crer que toda organização educacional – seja de educação básica ou de ensino superior – tenha noção clara da importância de sua reputação. Seja para contar com a fidelização de estudantes e famílias, para garantir o apoio da comunidade educativa e da sociedade, unir visibilidade e credibilidade passa a ser vital para construir o sentido correto na percepção das pessoas.
Também acredito que o dia-a-dia marcado por conflitos e quase crises não precisa ser descrito pois é, sim, vivido na realidade prática de quase todas as escolas e universidades e pode representar uma ameaça à reputação construída ao longo do tempo.
Se partimos desses dois princípios, precisamos aceitar, ainda, que a realidade não vai se modificar apenas pela força do nosso desejo de viver em uma sociedade marcada por relações mais equilibradas e atenção intensiva para nossas organizações. A palavra foi distribuída por meio da mídia que está na mão de cada cidadão, de cada estudante, de cada familiar de aluno. O ambiente digital já faz parte da nossa vida de maneira intensiva e imersiva. Vivemos a vida on-line e não tem volta. Precisamos compreender seus impactos e gerenciar o que é possível.
Para não viver de sobressalto e “apagando incêndios” para preservar o que foi construído ao longo da história da escola ou universidade, é fundamental que exista um ótimo planejamento de gestão da reputação.
Há três iniciativas mínimas necessárias: a primeira é ter consciência plena do cenário social e midiático no qual nossas escolas e universidades estão inseridas. As redes de indignação que tomam conta do espaço digital serão ainda mais intensivas neste segundo semestre de 2022: eleições, guerra e escolhas de novos comportamentos com o fim da pandemia devem deixar o ambiente ainda mais tensionado e próprio para conflitos. É muito importante compreender, também, que ambiente digital não significa tão somente tecnologia, mas sim, um novo comportamento social de empoderamento e ativismo permanente.
A segunda, é compreender que risco e crise não são temas para os outros, ou que é melhor não falar sobre ele para não atrair coisas ruins, ou, ainda, que quando a crise surgir, a gente sabe se virar, afinal, já enfrentamos tantas coisas na escola. É preciso atualizar a visão sobre o tema. Se essas situações são o novo comum nas organizações, é preciso gestão. E o processo começa na prevenção e termina no pós-crise. Desde o mapeamento de risco até as estratégias de continuidade nos negócios, tudo pode ser planejado para mitigar prejuízos às pessoas e ao trabalho sério feito com tanto esforço e sacrifício.
A terceira iniciativa, imprescindível, é capacitar as pessoas para que compreendam o cenário e façam parte da prevenção, contenção e aprendizados dos eventos negativos. Há muita crise ocorrendo hoje em escolas e universidade por falta de preparo das pessoas para agir no ambiente midiático de hipervisibilidade, para compreender a lógica dos algoritmos e do comportamento social diante desse nosso novo jeito de viver. Além da dimensão comportamental, as equipes precisam de protocolos claros para saber como agir quando as situações negativas acontecem. Sob pena de, na busca de ajudar, acabarem por gerar a própria crise. Investir na formação de pessoas é fundamental.
São três iniciativas simples que quando tomadas de maneira proativa e preventiva costumam representar economia de recursos e de energia da equipe. Nas crises, quando não temos pessoas preparadas, é necessário deixar de lado o fazer cotidiano e o cuidado necessário com toda a organização para compor a força tarefa da sobrevivência. Um desgaste indescritível que gera exaustão diante do medo de perde a credibilidade e a força da marca. Prevenir e estar preparado para agir quando o pior acontecer é o melhor caminho.
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