GPT-5: quais os impactos para a educação?

Atualização da popular ferramenta de chatbot tem previsão de chegar ao mercado ainda em 2024. Especialistas apontam cuidados com as novas funções em sala de aula

por: Bianca Zasso | bianca@padrinhoconteudo.com
imagem: Freepik

O ano de 2022 trouxe uma revolução: a popularização do ChatGPT, ferramenta de chatbot criada pela empresa OpenAI, fez até quem não se interessava pelas possibilidades da Inteligência Artificial(IA) se aventurar para tirar dúvidas e até criar textos. E esta onda revolucionária também chegou às escolas, com alunos encontrando um novo caminho para a pesquisa e até para elaborar trabalhos. Naquele momento, muitos foram os questionamentos sobre os impactos do Chat GPT na educação, o que gerou cada vez mais interesse pelo tema por parte de professores e gestores. Agora, com o anúncio do lançamento ainda em 2024 de uma atualização que promete ser um novo marco no uso de chatbots, o GPT-5, o uso da IA na sala de aula volta ao centro do debate. 

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Segundo informações do site Business Insider, o GPT-5 recebeu um feedback positivo e uma das avaliações indica que a nova geração do modelo de linguagem é materialmente melhor do que a versão atual. De acordo com a OpenAI, a nova versão teria uma função de usar agentes de inteligência artificial para executar tarefas de forma autônoma. Para o coordenador do curso de Sistemas de Informação da Faculdade Antonio Meneghetti, Luciano Cassol, as inteligências artificiais generativas são ferramentas que, se bem utilizadas, auxiliam professores e alunos na construção da aprendizagem. “Se o aluno utilizar a ferramenta como uma estratégia de ludibriar o professor e não de buscar o conhecimento, com certeza o processo de aprendizagem vai ficar muito comprometido. Ele não vai aprender, mas simplesmente replicar o que a inteligência artificial trouxe. Agora, se o professor utilizar a inteligência artificial instigando o aluno a usar essa ferramenta e a verificar se essas informações estão corretas e quais perguntas ele está fazendo, isso vai auxiliar tanto o aprendizado do aluno, quanto a evolução do processo de ensino do professor”, avalia. 

Cassol explica que a versão atual do Chat GPT já apresenta uma proposta de IA multimodal, com diferentes modelos de dados, abrangendo texto, imagens, vídeos e áudios. “Imagino que no GPT-5 vai vir muito forte com uma questão mais evoluída no aspecto de não representar, mas simular a inteligência humana. Eu também apostaria na evolução dos modelos da estrutura multimodal e também na atualização das suas bases de dados, que ele vai processar a cada resposta”, aposta o professor, que acredita que os desafios serão grandes e irão modificar inclusive a postura dos professores diante dos processos de ensino e aprendizagem dos alunos. “Eu acredito muito na utilização da IA como uma grande facilitadora, um grande elemento de revolução tecnológica e de revolução no conhecimento para quem utilizá-lo da melhor forma”, finaliza Cassol. 

Melissa Lesnovski, professora na Escola da Indústria Criativa, coordenadora da Especialização em Design Estratégico e que atua no desenvolvimento de projetos no Instituto para Inovação em Educação, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), destaca que a possibilidade de trabalhar com formatos para além do texto, como vídeo, fotos e áudios, trazida pelas atualizações não apenas do Chat GPT, mas de outras plataformas de IA, à exemplo do Midjourney, do Pika e do Suno, podem trazer mais potência propositiva aos alunos e professores, desafiando-os a traduzir, em imagens, vídeos e música, conceitos discutidos em sala de aula. “Isso possibilitaria simular situações a serem discutidas, personalizar conteúdos com características próprias do local e elaborar conteúdos com mais facilidade. É essencial, contudo, que essa prática venha acompanhada de uma reflexão ética profunda”, explica a professora. Para isso, Melissa traz algumas orientações: 

  • 1) É importante que as imagens sejam identificadas como uma criação em inteligência artificial. Ou seja: que quem a aprecia não seja enganado e saiba que aquela cena nunca existiu, daquela forma.
  • 2) Ao escrever o prompt para a geração do conteúdo desejada, é necessário o discernimento constante sobre o que, exatamente, se deseja representar, e por que.

“Essa reflexão sobre a mídia gerada pode ser muito interessante para professores e alunos, se conduzida de forma sistemática e crítica. Ela pode dar margem a reflexões sobre vieses, preconceitos e enraizamentos culturais”, comenta Melissa. 

As reais transformações que o GPT-5 irá acarretar na educação ainda são um mistério, já que a atualização é esperada com ansiedade pelos apaixonados por ferramentas de IA e, até a sua chegada ao mercado, muita coisa ainda pode acontecer. Enquanto esse momento não acontece, professores e gestores devem investir de forma consistente em uma alfabetização em IA. “É uma bandeira que a escola (ou o sistema escolar) deve abraçar, para que não se torne apenas um mini-espetáculo tecnológico, mas que não traz contribuições efetivas”, orienta Melissa, que observa impactos positivos das ferramentas de IA, especialmente na interação com alunos, elaborando mecanismos de engajamento atraentes e envolventes, feedbacks detalhados e personalizados, gamificação da evolução, dentre muitas outras aplicações. 

Mas a professora também apresenta uma provocação: “Quando pensamos na sala de aula, pensamos no front professor-aluno e em aplicações pirotécnicas. É necessário lembrar que há uma quantidade gigantesca de trabalho burocrático e invisível realizado pelo professor. A IA pode e deve ser utilizada para automatizar esse trabalho, de forma a liberar tempo do professor para fazer, cada vez mais, o que a máquina não faz: compreender em profundidade a situação de cada aluno, dialogar com propriedade e sensibilidade, inspirar de forma criativa e mobilizadora, educar com humanidade e para o bem comum”. 

Vale lembrar aqui a frase da escritora Joanna Maciejewska, que viralizou nas redes sociais: “Quero que a IA lave minha roupa e minha louça para que eu possa fazer arte e escrever, e não que a IA faça minha arte e minha escrita para que eu possa lavar minha roupa e minha louça.” Ao que tudo indica, muitas revoluções nos aguardam. 

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