Intercâmbios na educação no pós-pandemia: o que mudou?
Diante do isolamento social, muitos recursos online foram desenvolvidos para manter a experiência do ensino no exterior, o que se tornou um hábito nos dias atuais
O intercâmbio nada mais é do que a reciprocidade de relações entre nações. Na educação é muito comum estar associado às experiências presenciais em outros países. Devido à necessidade de criar soluções em meio à pandemia, essa forma de aprender ganhou variados dispositivos online.
A coordenadora Regional da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) no RS, Carla Mussoi, comenta que durante o isolamento social, as instituições de ensino do exterior começaram a desenvolver suas próprias plataformas online. No Brasil, as aulas virtuais em grupo, com estudantes internacionais, se difundiram.
Com a pandemia mais controlada, o presencial apresenta indicativos de normalidade. A pesquisa de mercado Selo Belta 2022, que contempla os meses de janeiro a setembro de 2022, indica que o envio de estudantes para o exterior obteve uma média de crescimento de 13% comparado ao ano de 2019. Nesse mesmo período, em 2022, foram enviados 327,1 mil alunos para realizar a experiência. Em 2019, foram 289,5 mil, no mesmo período de janeiro a setembro
Porém, Carla acredita que muitos alunos gostaram da metodologia de ensino no virtual, o que permitiu abrir novas fronteiras. Ela frisa que muitas universidades norte-americanas transformaram seus cursos presenciais para o virtual, facilitando o acesso de pessoas de diversas partes do mundo.
Em relação à educação básica, ela comenta que muitas escolas possuem parcerias com agências de intercâmbios e, agora, é viável aprender no formato omnichannel, ou seja, iniciar um intercâmbio no virtual e terminar no presencial. “Os alunos podem estar tanto nas próprias salas de aula, como também aprender online por meio de uma câmera no computador de casa”, exemplifica.
Lives para conhecer as instituições estrangeiras
Uma representativa mudança aconteceu no Colégio Sinodal por meio das lives promovidas por instituições de ensino de fora do país. A partir desta iniciativa, os alunos do 9° ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio estão, constantemente, escolhendo quais serão seus destinos.
Um dos países que o Sinodal possui parceria é a Alemanha, com um contato direto com o governo alemão, o que permite uma maior integração. “As universidades de lá se apresentam e comentam seus critérios para que os estudantes possam se decidir. Isso tem sido muito positivo”, relata a coordenadora pedagógica do Colégio Sinodal, Merlinde Kohl.
Outra nação com esse tipo de envolvimento é os Estados Unidos. O vínculo está atrelado a uma empresa de um ex-aluno do colégio, responsável pela mediação entre os alunos e os representantes das universidades norte-americanas. “Tudo isso facilitou muito o intercâmbio, antes tinha que ser tudo presencial. Virtualmente, os estudantes conseguem obter, de maneira prévia, muitas informações para estudar no exterior”, constata.
>> Veja o vídeo com a explicação de como são os intercâmbios no Colégio
Mobilidade virtual: uma oportunidade inclusiva
“A mobilidade virtual veio para ficar”. É o que acredita a líder do Centro Internacional de Hospitalidade da Unilasalle, Gabriela Pedroso. Originário no período de pandemia, esse modo de estudar está disponível para os alunos da universidade a cada início de semestre, quando ocorrem as aberturas dos editais.
Por participar da Organização das Universidades Católicas da América Latina e do Caribe (Oducal), a Unilasalle já possuía uma estrutura robusta de intercâmbios, o que possibilitou uma grande oferta de instituições estrangeiras, além de uma rápida migração para o virtual. Ao todo, são mais de 100 universidades conveniadas pelo mundo.
Atualmente, Gabriela comenta que, em sua essência, são dois tipos de públicos de alunos que usufruem da mobilidade virtual. “Aqueles que não têm condições financeiras para ir ao exterior e aqueles que não possuem tanto tempo disponível para viagens com maior duração”, sinaliza.
Mesmo com a volta mais consistente dos intercâmbios presenciais, a mobilidade virtual segue com espaço garantido tanto na graduação quanto na pós-graduação. Gabriela lembra de uma aluna do México, da Univar, de Guadalajara, uma instituição vinculada à Oducal. Recentemente, ela concluiu o MBA de Marketing pela Unilasalle sem ter vindo uma vez ao Brasil. Aliás, sua solenidade de colação foi à distância.
Outro caso recordado foi de um estudante brasileiro do curso de graduação de Direito que se beneficiou da plataforma de mobilidade virtual para realizar duas disciplinas, uma na Argentina e outra na Colômbia. “Já até solicitou o certificado, os comprovantes e o diploma para continuar seus estudos no Chile”, complementa.
>> Confira o vídeo sobre o bate-papo sobre a Mobilidade Acadêmica:
Potencializar projetos de pesquisas
O modo de colaboração na área de pesquisa teve impactos relevantes no Instituto Ivoti. Por meio do convênio com a Universidade Friedrich Schiller de Jena, da Alemanha, os horizontes foram ampliados por meio de recursos virtuais.
Os alunos da graduação de licenciatura de Letras Português e Alemão participam do projeto FLinKUS, que é focado na aprendizagem por meio da pesquisa. A iniciativa envolve instituições da América Latina, como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Nacional de Córdoba (UNC) e a Universidade Nacional de Assunção (UNA).
No FLinKUS, os estudos estão relacionados às formas de proporcionar ensino de qualidade a pessoas que querem aprender o idioma alemão. Além de se envolverem nessa iniciativa, uma grande vantagem para os estudantes de Letras que participam deste projeto é o aproveitamento do conteúdo produzido para os seus respectivos TCCs.
Segundo o diretor geral do Instituto Ivoti, Everton Augustin, os resultados alcançados são excelentes. Os encontros virtuais permitem “pôr em dia” o andamento das pesquisas, com trocas de informações com a universidade alemã. “Certamente, potencializou os estudos e, semanalmente, são realizadas as videochamadas, que funcionam muito bem”, relata.
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