Pisa 2025: principais mudanças e como elas impactam a educação

Exame vai se concentrar, a partir do ano que vem, em duas competências essenciais para o aprendizado tecnológico

imagem: Freepik

Victor Haony Ribeiro de Oliveira

Assessor pedagógico da Mind Makers. É graduado em Física pela Universidade de São Paulo (USP) e possui experiência em docência de Física e Matemática e no uso de tecnologia em sala de aula. Atua diretamente na implementação de Pensamento Computacional em escolas brasileiras.

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial tem se desenvolvido em diversos âmbitos, inclusive na educação. Prova disso é a novidade que será trazida na nova edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), denominada “Aprendendo no Mundo Digital”, que utilizará a tecnologia para medir não apenas o conhecimento adquirido pelos estudantes, mas também sua linha de raciocínio, motivação e regulação emocional.

O renomado exame internacional da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o qual oferece a cada três anos informações sobre o desempenho de estudantes na faixa etária dos 15 anos, vai se concentrar, a partir de 2025, em duas competências essenciais para o aprendizado tecnológico. Uma delas é a aprendizagem autorregulada, que monitora e controla os processos metacognitivos, cognitivos, comportamentais motivacionais e afetivos durante a realização do exame. A outra competência se refere às práticas de investigação computacional e científica, isto é, no quanto o aluno é capaz de utilizar ferramentas digitais para explorar sistemas, representar ideias e resolver problemas com lógica computacional.

Essa será a primeira vez que o Pisa fornecerá comparações internacionais de processos de aprendizagem autorregulados dos alunos, incluindo medidas de motivação e regulação emocional. Para isso, serão usadas técnicas de machine learning, ramo da Inteligência Artificial (IA) pautado na construção de sistemas de computador que se aprimoram conforme acumulam dados. Com isso, será possível coletar informações de cognição, comportamentais e de autorregulação dos alunos durante a realização das provas.

Tais novidades reforçam a necessidade de adaptação do cenário educacional convencional, que muitas vezes reluta em considerar as novas tecnologias. Muito se fala sobre a proibição das telas em sala de aula e pouco se pensa sobre incentivar seu uso seguro e responsável. A própria OCDE, responsável pelo Pisa, reconhece que os empregos do futuro exigirão cada vez mais a capacidade de interagirmos com modelos computacionais e realidades simuladas, estando aptos a resolver problemas utilizando ferramentas digitais. Nesse sentido, a escola possui um papel fundamental no preparo dos alunos a essa realidade, pois consiste no espaço mais propício e controlado para esse aprendizado tão importante. 

Um estudo recente do Instituto Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior) revelou que 74% dos educadores são a favor do uso da Inteligência Artificial na educação, mas somente 39,2% declaram utilizar a tecnologia em sala de aula. Segundo a pesquisa, professores com mais de 10 anos de experiência relataram ter percebido as mudanças quanto ao uso da tecnologia nas atividades escolares, como maior acesso às tecnologias, agilidade no acesso à informação e aprendizagem mais dinâmica. 

Nesse contexto, as responsabilidades de adaptação das escolas ao cenário tecnológico devem ser compartilhadas. A viabilidade de recursos e estrutura ficam a cargo da escola, sendo necessário implantar equipamentos e capacitações para os profissionais que irão conduzir esse trabalho com os alunos. Estando preparados e orientados adequadamente, os professores podem inserir o assunto das tecnologias em sala de aula a partir de práticas que podem ser das mais diversas disciplinas, não sendo algo específico para a disciplinas de tecnologia. 

Inclusive, estimular o uso das tecnologias em sala de aula não precisa ser um processo engessado. Realizar visitas em museus do mundo por meio do Google Earth ou pelos próprios sites de galerias de arte é uma maneira criativa de uso tecnológico no ambiente escolar. Outra dica é promover atividades que utilizam recursos, como o ChatGPT, para apresentar uma forma alternativa para realizar pesquisas – sempre reforçando a importância de os alunos desenvolverem as próprias habilidades e não apenas copiarem o conteúdo produzido pela ferramenta.

Portanto, é inevitável que a tecnologia faça parte da rotina escolar. Para isso, a equipe pedagógica precisa estar amparada adequadamente, com formações e acompanhamento contínuo, a fim de que tenha condições para pensar em práticas escolares que abarquem ferramentas como Inteligência Artificial, a fim de contribuírem para a formação adequada dos alunos. 

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