“Entrei no colégio e nunca mais saí dele”

Desde jovem, Osvino Toillier desejou ser professor e dedicou sua vida ao ensino e a ações relacionadas ao desenvolvimento de alunos e professores.

por: Eduardo Wolff | eduardo@padrinhoconteudo.com
imagem: Divulgação

De aluno a diretor de um colégio de Santa Cruz do Sul. Esse é um pedaço da história dedicada à educação de Osvino Toiller, ex-presidente do Sinepe/RS (gestão 2004-2012) e, atualmente, vice-presidente da entidade. Por diversos anos, lecionou na rede estadual de educação do Rio Grande do Sul, sendo também diretor de escolas da rede privada do Estado – passou seis anos no cargo no Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul, e 20 anos na Instituição Evangélica de Novo Hamburgo.

Toillier é mestre em Educação e vice-presidente do Sinepe/RS. Formado em Letras pela Universidade Católica de Pelotas, possui pós-graduação – Especialização em Administração Escolar, pela Feevale, e Especialização em Gestão pela Qualidade, pela Unisinos. Palestrante e escritor (tem seis livros publicados), escreve semanalmente para jornais e portais do Estado.

O professor tem experiência na área de educação, com ênfase em Administração de Sistemas Educacionais. Como palestrante, atua nas temáticas ligadas ao desenvolvimento do ser humano na Educação Básica. O Educação em Pauta entrevistou o professor Osvino, como é amplamente conhecido, para resgatar toda a sua trajetória voltada para a área de ensino. Boa leitura!

Educação em Pauta – Em que momento da vida o senhor quis entrar na área da educação? 

Osvino Toillier – Olha… entrei no colégio e nunca mais sai dele. Em Santa Cruz do Sul, no Colégio Mauá, desde que eu era estudante, fui me aproximando de todas as atividades e acompanhei os meus professores, principalmente o que fazia o diretor da época, Hardy Martin. Ele foi meu exemplo de vida e que acalentou o desejo de ser professor. Fez permitir que eu imaginasse dar aulas de português em algum dia.

Quando terminei o terceiro ano do Ensino Médio, recebi o convite dele para lecionar para três séries do colégio. Foi um grande susto! Mesmo com muita limitação, aprendi a dar aula a partir do que fazia no dia a dia. Em paralelo, cursei Letras, em Bagé, e fui consolidando a minha atuação como professor.

Com o passar dos anos, o diretor me chamou para auxiliá-lo e, assim, atuei como coordenador pedagógico e, posteriormente, como vice-diretor. Quando ele se aposentou, em 1979, comentou para mim: “chegou a tua vez!”. Me tornei diretor do colégio após 10 anos ter finalizado o Ensino Básico.

Como foi a sua ascensão na carreira? Como se tornou presidente do Sinepe/RS?

Fui diretor do Colégio Mauá até 1987, quando recebi um convite para assumir a direção geral da instituição evangélica de Novo Hamburgo. Era responsável por três unidades. Foi um momento bem difícil e traumático, pois deixei meu colégio e as pessoas que fizeram parte da minha caminhada. O importante foi que a minha esposa sempre esteve ao meu lado. O que me motivou este desafio foram situações de ordem financeira e, principalmente, familiar. Havia perspectivas dos nossos filhos entrarem na faculdade. Me lembro que foi um período que ocorreram muitas rupturas, tanto perdas como ganhos. 

A partir daí, houve uma proximidade com Porto Alegre e acesso mais direto às reuniões do Sinepe/RS. Depois de alguns anos atuando na entidade, recebi o convite para assumir a presidência, um momento nada fácil, que demandava um protagonismo sindical em todos os sentidos. Foram nove anos no cargo, período máximo que se pode ficar. Após cumprir o mandado, fui desempenhar outras funções, como vice-presidente, mas sempre na linha de frente.

Quais foram as conquistas que te dão mais orgulho? 

Uma foi a consolidação do propósito de valorização dos professores. Em trabalho conjunto, desenvolvemos atividades próximas com os docentes. Outra é relacionada à comunicação, que sempre foi a minha paixão. Consolidamos todo o projeto de comunicação, sendo uma das iniciativas foi criar a revista Educação em Revista.

Qual é o seu ponto de vista de quem começou com a educação analógica e, agora, acompanha as transformações tecnológicas?

Sou do tempo da lousa, vim totalmente do analógico, porém sempre com um olhar para toda a evolução. Por exemplo, no Colégio Mauá, pude introduzir a informática, um processo natural e que não tinha outra escolha a não ser entrar no mundo digital. Também, desde sempre, sou preocupado com o resgate da memória, seja por jornais, revistas, fotos e filmes. Por isso, gosto de filmar e documentar. A partir disso, aprendi a editar vídeos e a mexer em tecnologia. Fiz uma viagem a Israel, em 2000, a qual registrei 30 horas de filmagens que transformei em 30 minutos. O documentário retrata toda a história daquele país, da antiguidade até os dias de hoje. Ou seja, a visão da tecnologia em atividade normal da escola é um fenômeno que me orgulho e fez parte durante o meu mandato no Sinepe/RS. Não tem como abrir mão disso na educação. A escola é um mundo complexo e amplo, que precisa receber toda atenção dos seus dirigentes. 

Como o senhor enxerga a educação daqui a 10 anos?

Não sei se dá para projetar, mas vamos fazer um exercício de reflexão. A educação nunca vai se resumir só a tecnologia, mas a um desafio de ser compreendida no seu tempo dentro sua realidade. Tem um pensamento do Rubem Alves (psicanalista, educador e teólogo), que é muito especial: 

“A missão do professor e da escola é ajudar a descobrir a beleza adormecida em cada ser humano e abrir as avenidas fundamentais dos sonhos”. 

No momento em que a escola fizer isso, vai estar adequada ao seu tempo. A missão nunca é fazer as coisas pelo aluno, mas sim ajudá-lo sucessivamente a perceber toda a modernidade que o cerca. Enfim, ajudar a construir e a realizar os sonhos dos estudantes. Essa é a escola que será eterna!

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