Mentalidade sustentável nas escolas: da gestão à sala de aula
Para Arthur Bernd, especialista em ESG e sustentabilidade, temática deve ser integrada de forma interdisciplinar e transversal em diferentes estágios da trajetória educacional
* Arthur Barcellos Bernd
Professor, Licenciado e Mestre em Ensino de Matemática pela UFRGS, com MBA em Gestão de Negócios e Especialização em ESG pela USP e Especialização em Sustentabilidade pela UNESC. Atua há mais de 12 anos em escolas da rede privada de Porto Alegre. É vice-diretor e sócio-fundador do Colégio Anglo Porto Alegre.
Os desafios do mundo contemporâneo em tempos de crise climática e colapso ambiental exigem mudanças no nível estatal, no setor privado e nas organizações da sociedade civil. A escola, em sua posição de espaço de transformação social e de laboratório de experiências de vida, precisa ser simultaneamente agente e meio.
Por um lado, é necessário que a educação ambiental e a sustentabilidade sejam temáticas abordadas em sala de aula. E isso deve ocorrer conforme preconizam importantes documentos norteadores da educação básica, como as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ambas alinhadas às normativas do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) no que diz respeito às obrigações dos espaços de educação formal. O ensino e a aprendizagem dessas temáticas não devem ser considerados exclusivos de uma área do conhecimento ou de algum ano ou etapa escolar, mas sim integrados a todas as áreas do conhecimento de forma interdisciplinar e transversal, presente nos diferentes estágios da trajetória educacional de crianças e adolescentes.
Para além da sala de aula, é também fundamental que as práticas sustentáveis se estendam à escola como um todo. Neste sentido, é dever da gestão escolar promover a elaboração de uma agenda que inclua planejamento, execução e verificação sistemática de processos voltados à sustentabilidade. Não se trata da criação de eventos pontuais e desconexos – como Dia da Água ou Dia da Árvore –, mas da formulação de ações efetivas e contínuas que envolvam recursos, tecnologias e estruturas necessárias de modo a garantir a perenidade daquilo que se propõe, incluindo na discussão e na corresponsabilização os diferentes atores da comunidade escolar: estudantes, famílias, professores e demais colaboradores.
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Medidas como o gerenciamento de resíduos sólidos, a obtenção de fontes de energia limpa e eficiência energética, a utilização responsável de recursos hídricos e o incentivo à alimentação saudável e práticas de bem-estar físico e mental são apenas alguns exemplos de como uma escola pode se transformar em agente de impacto ambiental positivo. Infelizmente, tais medidas ainda são consideradas como diferenciais que uma instituição de ensino pode ofertar; entretanto, quem sabe a constatação de que há escolas evoluindo na jornada da sustentabilidade possa ser um vetor que auxilie as demais a somar esforços nessa área em que o avanço coletivo conta muito mais do que o individual.
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