O Papel das Lideranças na Gestão da Mudança

Objetivos definidos e bem assimilados são o ponto de partida para mobilizar as pessoas que farão a mudança acontecer, mas o líder também precisa entregar estratégia, planejamento e acompanhar todo o processo

imagem: AdobeStock

Marisa Crivelaro da Silva
Mestre em Educação, com MBA em Gestão Educacional e Comportamento Organizacional. Diretora do Colégio Marista Sant’Ana.

Mudar é preciso. Acompanhar inovações na área da educação é um imperativo para as lideranças, para não correrem o risco de perder a capacidade de reciprocidade com as novas gerações e ficarem impossibilitadas de contribuir para o desenvolvimento organizacional e para um melhor posicionamento da instituição no meio onde atua.

Processos de mudança são construtivos. Desenvolver novas competências empodera as lideranças para fazerem a necessária gestão da inovação nos ambientes educacionais. Entretanto, é preciso enxergar propósito na mudança. Se não for possível ao líder identificar o sentido do porquê se está operando uma transformação, empreendendo uma inovação, se não enxergar valor nesse processo,  não haverá a mobilização e o engajamento daqueles que fazem a mudança acontecer: as pessoas.

Sabemos que as instituições são reflexo do que suas lideranças acreditam e fazem acontecer, da cultura que transformam e cultivam, dos sentimentos que alimentam e do propósito que comunicam. As instituições escolares necessitam de lideranças comprometidas com uma educação que promova mudanças capazes de contribuir, de forma relevante, para o projeto de vida dos estudantes e para transformar realidades indesejadas. 

O papel dos líderes na gestão da mudança, passa, necessariamente, por algumas atitudes: estudar o contexto local e o perfil das pessoas que deverão operacionalizar a mudança e encontrar metodologia apropriada para fazer formação e impulsionar o processo; preparar as pessoas com orientações claras, buscando conquistar colaboração,  engajamento e  alinhamento  para que não haja dissonâncias e incoerências. Provisionar recursos materiais e humanos necessários.

Estar preparado para as consequências que irão advir e ter planos para fazer intervenções apropriadas. Para isso é preciso conhecimento. Os líderes precisam ser estudiosos, pesquisadores de conteúdos relevantes acerca das mudanças que desejam implementar nas organizações para agir com conhecimento de causa, propriedade e legitimidade.

Ser estratégico na forma de fazer a comunicação da mudança. Usar uma linguagem motivacional, mobilizadora, atribuindo sentido, propósito à operação que precisa ser desencadeada, mostrando convicção, crença de que, não só a mudança é possível, como a instituição conta com pessoas capazes de realizar a transformação pela competência que reúnem. Acreditar nas pessoas é fundamental.

Saber fazer a gestão das emoções de modo a estar preparado para lidar com imprevistos, frustrações por falhas nos processos e encontrar alternativas de resolver os problemas que surgirem, com serenidade e inteligência estratégica, cercando-se de equipes com profissionais capazes de lançar olhares diferenciados para a situação em análise.

Ter atenção aos ecos da mudança no interior da organização, em todas as instâncias. É preciso criar espaços seguros de escuta, acolhimento às dores que qualquer processo de mudança gera; acompanhar, apoiar, orientar devidamente, gerando um clima de confiança e crença de que fazer a travessia é possível, até que todos tenham internalizado e se apropriado do passo a passo dos processos e se convencido do valor que a mudança vai gerar para a instituição e para os que a protagonizaram.

Indispensável envolver as pessoas na criação de uma cultura de inovação permanente. Só assim se estará garantindo a perenidade das instituições. Fullan, na obra Escola como organização aprendente, sublinha a importância dos professores para impulsionar processos de mudança no interior das escolas: “Sozinhos e em conjunto, os professores podem deflagrar a fagulha que iniciará a mudança” (2000, p 128).

O desenvolvimento e sucesso de uma organização não ocorre dissociado da qualidade de atuação das suas lideranças na gestão das mudanças. Comunicação estratégica, formação permanente e engajamento é uma tríade capaz de mover as pessoas em direção ao alcance dos objetivos e do cumprimento da missão de qualquer organização. E o papel das lideranças encontra-se na essência dessa tríade.

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