Boas práticas sobre empreendedorismo em sala de aula para inspirar

Sebrae lançou plataforma para compartilhar conteúdos e planos de aula de como trabalhar o empreendedorismo com os estudantes

por: Juliana Turatti | ju@padrinhoconteudo.com
imagem: AdobeStock

A educação empreendedora tornou-se um processo necessário para preparar os alunos para o mundo real. De acordo com dados da Receita Federal, 80% dos negócios abertos em 2021 são de MEI, o que representa mais de 3 milhões de novos microempreendedores individuais no país só no ano passado.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já reconhece o empreendedorismo como aprendizagem essencial da Educação Básica, sendo este um dos quatro eixos estruturantes dos caminhos formativos propostos no documento.

Para a professora empreendedora, mentora e consultora de negócios Vanessa Batisti, é de suma importância resgatar a capacidade de sonhar nos jovens. “O empreendedorismo acaba desenvolvendo o protagonismo, a iniciativa, a autonomia, aceitação aos riscos, trabalhar em equipes multidisciplinares, a criatividade, o pensamento crítico, mas a palavra-chave para trabalhar com o jovem é o desenvolvimento da autonomia e a sua capacidade de sonhar. A educação empreendedora tem essa função a resgatar”, analisa Vanessa.

E uma das maneiras de implementar a educação empreendedora em sala de aula nas escolas gaúchas é a plataforma digital e colaborativa do Sebrae RS com mais de 450 educadores inscritos.

O Hub de Professores é uma espécie de central de distribuição e compartilhamento de conteúdos online, que podem ser replicados em sala de aula. O acesso ao portal é gratuito e vale para os mestres de instituições públicas e privadas, dos ensinos Fundamental e Médio e tem uma aba voltada só para a troca de conhecimento entre professores.

“O empreendedorismo acaba desenvolvendo o protagonismo, a iniciativa, a autonomia, aceitação aos riscos, trabalhar em equipes multidisciplinares, a criatividade, o pensamento crítico, mas a palavra-chave para trabalhar com o jovem é o desenvolvimento da autonomia e a sua capacidade de sonhar”

Vanessa Batisti, professora empreendedora, mentora e consultora de negócios

No portal, os docentes encontram material de trabalho, um canal de interação para trocar experiências e sugestões sobre como estimular habilidades relacionadas ao empreendedorismo entre os estudantes, seguindo as diretrizes da BNCC.

“É um olhar novo. Muita gente acha que a educação empreendedora só serve para  alunos que querem um dia ter uma empresa, mas a intenção é desenvolver habilidades empreendedoras nos alunos para chegar em outros níveis na sua carreira. Uma forma de estar mais preparado para encarar o mundo, desenvolver a habilidade de autocrítica de saber realizar o trabalho em grupo, a resolução de problemas e ter autonomia”, destaca Vanessa Motta, gestora de Políticas Públicas do Sebrae RS.

A ferramenta é uma maneira de estimular os jovens por meio de propostas que os professores trazem da sua prática, como uma dica de filme, ou uma música. “Inspirar e ser inspirado é o grande valor do Hub”, acredita a gestora do Sebrae.

Em Porto Alegre, o Colégio Farroupilha oferece diferentes atividades curriculares e complementares para o desenvolvimento de habilidades relacionadas à liderança, à inovação e ao empreendedorismo. O destaque é para o projeto com as turmas de 8º ano chamado Temperos do Mundo, que reúne muitas experiências. 

“A resolução de problemas, a curiosidade, a criatividade, a resiliência e o trabalho em equipe são habilidades essenciais para o desenvolvimento de uma postura empreendedora”, afirma a assessora pedagógica do Colégio Farroupilha,
Marília Dal Moro Bing.

Os alunos partem da problemática de como elaborar pratos tradicionais da culinária mundial para pessoas com restrições alimentares. Na proposta, os estudantes precisam preparar um cardápio de um determinado país e que seja adequado ao consumo de pessoas com restrições alimentares.

Neste ano, a assessora pedagógica conta que os estudantes pensaram em refeições para pessoas com algum tipo de restrição alimentar, como o veganismo, intolerância à lactose, doença celíaca, diabetes, hipertensão e hipercolesterolemia, e tiveram que adaptá-la a um país (Tailândia, Marrocos, Alemanha, Espanha, Peru e Estados Unidos). 

O projeto inclui pesquisa e planejamento prévio, trabalho em equipe, pensamento rápido e estratégico, além de criatividade e resiliência frente aos desafios, tais como o tempo e a agilidade para mobilização de diferentes recursos. “É uma experiência marcante, que os estudantes adoram e trabalham nela com empenho. É um projeto que gera muito engajamento”, conta Marília.

Ela fala ainda que cresce o número de alunos interessados em participar das atividades do currículo complementar e que, nos últimos anos, houve um aumento de mais de 20% de participantes, o que gerou a necessidade de ampliação de oferta de opções. 

Estímulo ao pensamento crítico

Para que os gestores escolares possam desenvolver esse novo olhar, Vanessa Battisti ressalta a necessidade da formação dos professores, para que eles consigam conversar e pensar no corpo docente da escola. “A direção da instituição tem que possibilitar esse caminho e pensar em como a escola serve de base de recursos para esses jovens”, reforça.

O papel do professor está modificado e ele tem que “assumir esse papel de empoderar o aluno para que busque o conhecimento e consiga, assim, desenvolver suas habilidades”, declara a professora Vanessa.

Já para Marília, há a necessidade de investimento nos professores, tanto em formação para a educação empreendedora quanto em momentos em que eles possam trabalhar colaborativamente. “Penso que não há solução mais eficaz do que um grupo docente atento, criativo, que se motive com as conquistas dos seus estudantes. E, para que esse grupo se forme, é necessário investimento em planejamento e formação. Os próprios professores precisam empreender seus projetos, seus desejos e seus interesses na escola”, declara.

As gestoras deixam claro que, neste processo de empreender, o jovem pode e deve experimentar. Colocar em prática e saber tirar proveito do que não deu certo, na realidade é uma fonte de aprendizagem. “O erro tem que ser entendido como algo que faz parte do processo e a gente aprende com isso. Não tem certo e errado, é necessário avaliar o todo e construir o conhecimento. O que faz sentido para um pode não fazer para o outro, e juntos se vai mais longe”, acrescenta Vanessa Batisti.

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