Mudanças na forma de trabalhar: efeitos nas instituições de ensino

Com várias maneiras de atuar no trabalho, o híbrido é uma realidade nos ensinos básico e superior e a metodologia ativa ganhou novos horizontes

por: Eduardo Wolff | eduardo@padrinhoconteudo.com
imagem: Depositphotos

Definitivamente, a forma de trabalhar já não é a mesma nos dois últimos anos. Segundo dados da pesquisa sobre tendências no trabalho da Microsoft, em todo o mundo, 57% dos trabalhadores remotos estão considerando migrar para o híbrido; e o mesmo ocorre com os colaboradores nesse modelo de trabalho, com 51% tendo vontade de mudar para o regime totalmente remoto. 

O remoto, o presencial e o tão referido híbrido ganharam espaço tanto nas salas de trabalho como, também, nas salas de aula. As instituições de ensino atuam de diversas maneiras em decorrência da pandemia. Segundo alguns especialistas, o ensino híbrido é o responsável e veio para ficar.

Conforme explica o professor da pós-graduação de Metodologia Ativa do Instituto Singularidades, Leandro Holanda, o conceito de ensino híbrido está relacionado à interação da tecnologia com a aprendizagem. “É trazer os recursos digitais para a sala de aula. É o face a face com o uso do on-line, não necessariamente em ambientes diferentes. Por vezes, é confundido com o ensino semipresencial”, frisa.

Paradoxalmente, ocorreu algo semelhante justamente fora das salas de aula, como veremos a seguir. E vale atentar aos conceitos trazidos pelo professor quanto ao híbrido para, em seguida, refletir como boa parte deles se materializou no dia a dia das instituições, com seus funcionários e corpo diretivo. Diz Holanda que o foco está em desenvolver competências, comunicação e trabalho em grupo. 

Colégio teve fases de adaptação para o híbrido

A transformação do modus operandi teve seus efeitos no Ensino Básico. É o caso do Colégio João XXIII, no qual ocorreram três momentos distintos desde o início da pandemia. “Primeiramente, foi praticamente virtual. Todas as equipes de apoio funcionais ficaram no remoto, somente a equipe operacional (segurança e higienização, por exemplo) estavam no modo presencial”, recorda a gerente administrativo-financeira do colégio, Adriana Goytacaz

Em um segundo estágio, com a volta à presencialidade, o colégio também promoveu transmissões via internet, isso devido aos receios que a pandemia ainda trazia às famílias. “Em um terceiro estágio, neste ano, continuamos com as transmissões, porém os professores estão buscando mais as metodologias ativas. Mudamos o nosso currículo devido ao Novo Ensino Médio. Os professores possuem outras formas de atuar com o virtual”, comenta.

Conforme frisa Adriana, as metodologias ativas sempre estiveram presentes no colégio. “Agora, ainda bem mais evidente, pois a pandemia nos trouxe esse novo hábito”, complementa.

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Empresas consideram o híbrido como o futuro

Segundo a especialista em Educação e Analista de Políticas Públicas do Sebrae-RS, Roselaine Monteiro Moraes, em 2022, foi possível perceber grandes transformações na modalidade híbrida. “Parte dos trabalhos e as soluções entregues estão dentro desse formato. É importante observar que essa demanda não é somente on-line, mas sim junto com um olhar para o presencial. Isso envolve alunos, professores e gestores”, ressalta. 

De fato, o que se observa na educação acaba refletindo a tendência do mercado de trabalho. O Great Place To Work (GPTW) divulgou um levantamento, no final de 2021, no qual 30% das empresas ouvidas haviam modificado o modelo de trabalho – e, neste universo, 77% havia optado por manter o modelo híbrido após a pandemia. 

Conforme comentou a vice-presidente do GPTW, Tatiene Tiemi, à época, as companhias consideram esse como o modelo do futuro. Ainda sobre a pesquisa, dois terços das empresas consultaram os funcionários sobre o retorno ao presencial, e 64% deles responderam que preferiam o híbrido.

Entender as necessidades dos alunos e professores

Cada vez mais, os educadores devem se preocupar com os recursos tecnológicos. A possibilidade de aprender à distância é cada vez maior e mais premente, como aponta Marcelo Pirani, diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil). 

“Desde a base até a formação completa, essa evolução de trabalho de professores e instrutores precisa estar associada às tecnologias de uma maneira mais tranquila, com intuito de levar esse conhecimento ao estudante”, recomenda. 

Já o professor do Instituto Singularidades sinaliza que a formação continuada de professores é essencial. “É preciso realizar um planejamento coletivo por meio de projetos. Também promover a inspiração, movimentar as práticas dos docentes. É um movimento interno, de compartilhar o que deu certo ou não. Estudar as metodologias e fazer relatos de práticas na semana de planejamento. Essa experimentação necessita ser incorporada durante o ano”, complementa.

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