O que podemos aprender com a educação de Israel

Missão organizada pela Federação Nacional das Escolas Particulares, levou professores para conhecer a realidade daquele país

imagem: Divulgação

Oswaldo Dalpiaz

Presidente do SINEPE/RS

Conhecer o sistema educacional de Israel é o desejo da maioria das pessoas que está envolvida com a educação. Naturalmente, não será com poucos dias que se pode mergulhar na educação de um país que é considerada uma das melhores do mundo, segundo rankings internacionais. Todavia, uma visita direcionada como tivemos na Missão Educacional promovida pela Fenep no início do mês de maio, ajuda a entender o porquê Israel se encontra neste patamar.

Lá a educação é tratada como um conjunto de ações que levam a formar o cidadão como alguém ético, amante de sua história, da religião e de suas tradições, preocupado com a sustentabilidade, com a organização e com o futuro de seu país. Esta preocupação é vista por todos os lados. Não é a escola que educa. É um todo, formado pelas famílias, sociedade e Estado – que também está preocupado.

Dos 3 aos 17 anos o ensino é obrigatório e gratuito. Quando uma criança ou adolescente não vai à escola, alguém irá na casa dele saber o que está acontecendo. Quando um estudante não acompanha o desenvolvimento do que é ensinado, tem um acompanhamento diferenciado. O estudante tem material escolar e uma infraestrutura física razoável para estudar e conviver.

Não visitamos muitas escolas. Mas, as que visitamos, apresentam uma estrutura física simples. Não vimos nada de sofisticação: salas como as nossas, classes e cadeiras, também. Laboratórios de ciências e biologia, semelhantes aos nossos. Nas escolas de educação infantil não vimos nada de diferente do que nossas escolas apresentam. Brinquedos, jogos, espaço físico, praticamente tudo igual ao que vemos nas nossas escolas. Vimos espaços específicos para a utilização das tecnologias onde os alunos estudam em grupos ou individualmente, acompanhados por professores.  Em princípio, nada diferente dos laboratórios que nossas escolas têm.

Em razão do pouco tempo da visita, talvez, não enxergamos o diferencial. Alguns sinais, sim. Os professores, na sua grande maioria, já têm mestrado e doutorado na área específica, e muitos têm em ciências da educação. Sabemos o que isto significa. Tivemos a impressão de que o conteúdo não é a preocupação principal do trabalho do professor, mas, sim, o que o aluno deve se apropriar ao estudar um determinado componente curricular, ou unidade, conforme utilizam. O foco é muito mais em habilidades e competências. Nos corredores, alguns sinais dos trabalhos realizados pelos alunos mostram esta preocupação.

A estrutura curricular é formada por um bloco comum em todas as escolas contendo línguas (hebraico e inglês), história, matemática, ciências e religião. Há uma parte diversificada que fica à escolha de cada unidade. A avaliação do resultado é feita por provas (70%) e trabalhos e outras formas (30%). No segundo e terceiro anos do Ensino Médio há uma prova (tipo o nosso ENEM) que  o aluno deve fazer para terminar essa etapa e habilitar-se a frequentar o Ensino Superior.

Há, no sul de Israel, um centro de pesquisas educacionais com a finalidade de oferecer às escolas e aos professores ferramentas para melhor desenvolver os conteúdos em sala de aula. Vimos a demonstração de algumas destas ferramentas já presentes nas escolas. Uma delas mostrou uma plataforma que pode ser utilizada pelos beduínos para aprenderem mais rapidamente o hebraico.

Enquanto a educação básica é gratuita e obrigatória a todos, a educação superior é paga. Isto significa dizer que não há universidade gratuita em Israel. Os alunos pagam seus estudos. Para as pesquisas há auxílio do governo e de empresas ou pessoas físicas. Há muitos doadores. Dependendo da situação, o aluno pode ter auxílio da própria instituição ou pode trabalhar nela obtendo algum desconto. Os alunos devem fazer dois cursos. Um deles é aquele que o preparará para a futura profissão. O outro, será um complemento do primeiro. Isso porque se julga que o aluno nem sempre trabalhará na profissão em que se preparou.

Excelência, foi uma das palavras mais ouvidas nas visitas. Todos estão preocupados com isso e, talvez, seja por isso que Israel tenha um sistema educacional tão eficaz.

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