“Professor não tem profissão, tem missão”

Em celebração à data especial dos educadores, três histórias representam a dedicação e a importância destes profissionais para a educação

por: Eduardo Wolff | eduardo@padrinhoconteudo.com
imagem: Freepik

Do quadro negro ao projetor. Dos livros aos tablets. Não importa o tempo ou os recursos pedagógicos, mas sim como instruir. O professor é aquele responsável por facilitar e despertar que seus alunos tenham acesso a novos conhecimentos.

Para homenagear o Dia do Professor, celebrado em 15 de outubro, foram reunidas histórias de docentes que dedicam a sua vida a lecionar. São diferentes idades, gerações, cidades, contextos e experiências, mas todas com algo em comum: a paixão pela educação. 

Eternamente professora

A frase do título da matéria “professor não tem profissão, tem missão” é de Rita Frare, que leciona Matemática na Escola Interativa, de Flores da Cunha. Com 71 anos de idade (30 dedicados ao magistério), pretende finalizar a sua atuação na rede de ensino no final deste ano.

A professora Rita Frare, de 71 anos, dedicou 30 anos ao magistério (Foto: Sabrina Belusso)

Para Rita, se tornar uma educadora foi uma “obra do acaso”. Quando tinha 20 anos, cursou o segundo grau em tecnologia em Contabilidade e sua ideia era prestar vestibular para Economia, porém um convite mudou a sua vida: dar aulas para turmas em Técnicas de Organização Comercial da Escola Estadual São Rafael. O que era uma primeira proposta de emprego virou uma paixão.

A docente teve uma passagem em uma escola em Bento Gonçalves, mas, após dois anos fora da sua cidade, Flores da Cunha, em seu regresso à mesma escola, veio outro desafio: ensinar adolescentes do quinto e sexto ano.

Com o nascimento do seu filho, fez uma pausa de 12 anos na rede de ensino, mas seguiu dando aulas particulares. Após esse momento afastada das instituições de ensino, uma proposta para ingressar na rede privada foi realizada por meio da Escola Interativa. Neste ambiente de ensino já está há 14 anos, ensinando gerações de estudantes, em alguns casos, tendo a oportunidade de ter ensinado tanto pais como os seus filhos.

Por ser de uma geração “anti botão” e não estar completamente adaptada às tecnologias disponíveis, Rita não tem medo e nem vergonha de fazer suas dinâmicas e conta com seus alunos para ajudá-la, tornando a aprendizagem mais colaborativa. “Quando era criança, na minha casa tinha um rádio e meu pai dizia que se mexesse iria quebrar e ficar sem. Até hoje tenho um bloqueio com teclas. A gurizada mexe em tudo, são muito conscientes do que fazer”, comenta. 

Nesses últimos cinco anos, leciona somente para os oitavo e nono anos, turmas que mais gosta de atuar. Ela enfatiza que tem uma relação muito boa com os estudantes, e muitas já dizem ter saudades suas.

Com a sua despedida programada das salas de aula, mesmo classificada pela própria como “amar de paixão”, a professora quer descansar mais e dar oportunidade a outros colegas de trabalho. Mas Rita já tem planos. “Adoro cozinhar, fazer receitas novas, minhas especialidades são massas e risotos. Também pretendo passar mais tempo em casa, na praia, em Torres”, projeta.

Engana-se quem acha que ela irá parar totalmente de ensinar. Rita vai continuar com suas aulas particulares. “Quero seguir mostrando que a matemática é fácil e todos podem gostar”, frisa.

Desde novo um educador

Muitas histórias, amizades e pessoas incríveis passaram em três anos como estudante. É o que relata Bruno Dallagnol, de 24 anos, sobre o Colégio Dom Bosco, de Porto Alegre, onde atualmente é educador. O seu gosto por ensinar está diretamente associado aos exemplos de orientação que teve dos seus tutores. “Hoje, graças a toda minha caminhada, consigo ter essa mesma relação com os meus alunos”, enfatiza.

Antes de se tornar professor do Colégio Dom Bosco, Bruno Dallagnol, 24 anos, foi aluno da instituição onde hoje leciona Matemática (Foto: Muri Kateline)

Licenciado em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Dallagnol possui uma grande inspiração a partir de um projeto desenvolvido por seu professor de Sociologia na época e, hoje em dia, colega no terceirão. “Consistia em acompanhar um profissional de alguma área de interesse e que, na ocasião, acompanhei uma professora de Matemática por algumas aulas”, recorda.

No Dom Bosco, a sua trajetória iniciou bem cedo. Aos 18 anos foi estagiário responsável pelas monitorias nos ensinos Fundamental e Médio. No ano seguinte, começou a dar aulas no laboratório de Matemática para as turmas de Educação Infantil ao quinto ano do Ensino Fundamental.

Em 2020, a pandemia veio e a escola precisou se reorganizar. Com as aulas remotas, o laboratório de Matemática ficou em segundo plano e Dallagnol voltou a dar as monitorias para os estudantes do sexto ano ao terceiro ano do Ensino Médio. 

Em meados de maio do mesmo ano, uma docente embarcou em novos projetos e uma vaga no quadro de professores se abriu: era o seu sonho sendo concretizado. Dallagnol recorda que havia se formado meses antes e estava pronto para ser professor titular das turmas de oitavo ano do Fundamental e primeiro ano do Ensino Médio. “Em meio à pandemia, aulas remotas, cheio de desafios na educação, comecei a minha jornada e espero construir ainda mais histórias no colégio”, diz.

Aprender mais para ensinar mais

Desde criança, a professora do Colégio Dom Feliciano, de Gravataí, Fernanda Borges, de 36 anos, tem aptidão para lecionar. Na infância, recorda que sua brincadeira favorita era alfabetizar seus bichinhos de pelúcia e suas bonecas. A inspiração vem de família. “Enquanto a minha mãe dava aulas de História, a escola era meu parquinho, meu pátio nos momentos livres”, lembra.

Fernanda Borges, 36 anos, divide seu tempo como professora e também enquanto aluna (Foto: Rômulo Ávila)

Engenheira química por formação, com mestrado na área de purificação de polímeros biodegradáveis, Fernanda iniciou sua carreira na indústria, mas, na primeira oportunidade, ingressou na educação. Começou a dar aulas no Dom Feliciano e também pode atuar como docente substituta na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Neste último cargo permaneceu por dois anos, já no “coleginho”, como chama carinhosamente, permanece até hoje: “um amor para toda uma vida”, segundo a própria. 

Desde 2014, ela concilia as aulas na Educação Básica e técnica com o cargo de nível técnico na Faculdade de Agronomia da UFRGS, local de exercício que lhe ensinou muito sobre o micromundo dos insetos. Após ser aprovada em concurso público, foi lotada na área de entomologia agrícola e, a partir daí, começou a aprender sobre a biologia desses organismos e o quanto podem reduzir a produtividade de uma lavoura. 

Esses saberes se transformaram em uma startup de controle biológico, incubada na universidade, que comercializa inimigos naturais nativos, capazes de reduzir infestações de pragas na agricultura sem o uso de pesticidas químicos. 

O empreendedorismo em investir em uma empresa de inovação é compartilhado por Fernanda aos alunos da disciplina de Metodologias Ágeis, em uma das trilhas do Novo Ensino Médio. “Considero que essas vivências enriquecem a sala de aula, pois trazem temáticas atuais e dificuldades reais para serem discutidas em sala de aula”, salienta.

A professora segue sendo uma aluna. Ela cursa o terceiro semestre de Psicologia no Centro Universitário Cesuca e acredita que esse processo de aprendizagem vai ajudá-la a melhorar seu desempenho em sala de aula. “Futuramente, também pretendo conciliar com o atendimento na área da psicologia na educação, sendo personalizado para os alunos”, complementa.

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