Seja EaD ou presencial, graduação continua valorizada pelo mercado

Cursos de graduação presenciais e a distância têm o mesmo índice de empregabilidade

por: Pedro Pereira | pedro@padrinhoconteudo.com
imagem: Piqsels

A colocação dos egressos do Ensino Superior no mercado de trabalho, seja por curso presencial ou EaD, demanda esforço. Na hora do recrutamento, as empresas levam em consideração a formação na educação formal, principalmente como meio de filtrar os candidatos. Depois, é hora de mostrar a que veio – e aí entram as habilidades desenvolvidas ao longo da graduação, que variam de acordo com a instituição e o perfil do próprio estudante.

Durante a pandemia, foi inevitável que houvesse uma debandada de alunos, por abandono ou trancamento de matrícula. Para o diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Celso Niskier, o cenário político-econômico ao longo do período, aliado ao enfraquecimento de políticas públicas como Fies e Prouni, prejudicou o acesso dos estudantes ao Ensino Superior. O Censo da Educação Superior 2021 apontou 3,9 milhões de novos alunos (3,5% a mais do que no ano anterior). Destes, 2,4 milhões foram em cursos a distância. 

A taxa média de crescimento no número de matrículas no Ensino Superior é de 2,9% ao ano, na última década. No acumulado, são 32,8% a mais de estudantes nas salas de aula – físicas ou virtuais. Em momento de retomada pós-pandemia, o mercado olha com atenção para estes números. 

“Diversas são as pesquisas que apontam a relevância do diploma universitário para a valorização profissional no mercado de trabalho. Não só há maior possibilidade de conquistar um posto profissional, como maior é a remuneração dos graduados”, destaca Niskier.

Segundo o Índice ABMES/Symplicity de Empregabilidade (IASE), publicado em julho deste ano, quase 70% dos entrevistados que se graduaram nos 18 meses anteriores à pesquisa estavam empregados. Boa parte deles atua na área de formação e tem remuneração média de R$ 3,7 mil. A taxa apurada foi a mesma entre as modalidades presencial e a distância. “Esses números indicam a valorização da formação superior pelo mercado de trabalho brasileiro”, analisa o diretor-presidente da ABMES.

A presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Eliane Ramos, defende que o aprendizado constante é um dos caminhos para a empregabilidade. “Claro que tem que ter o diploma, mas o estudante ou profissional recém-formado deve buscar sempre se aperfeiçoar e sair um pouco da sua área, abrir o leque. Hoje a gente sabe que as hard skills são muito importantes, o conhecimento técnico, mas temos as competências emocionais também, soft skills, que são tão importantes quanto”, lembra.

Áreas em alta

Os bons índices de entrada no mercado se dividem entre todos os cursos de nível superior, mas alguns se destacam e se consolidam como tendência para os próximos anos. É o caso da tecnologia: 82% dos profissionais de TI declararam estar trabalhando, sendo 77% deles na área de formação. Já nas Engenharias, 77% conseguiram emprego no primeiro ano após a conclusão do curso e 93% deles estão na própria área. A seguir, aparecem os egressos de cursos da Saúde, com 72% empregados, 85% deles na área de formação.

Nas outras áreas, destacam-se os recém-formados em Direito, com 53% ocupando postos no mercado de trabalho (63% na área). Além deles, mais da metade dos que concluíram cursos das áreas de Negócios, Comunicação e Educação também encontraram colocação em menos de um ano e dentro de suas respectivas formações.

Como o levantamento da ABMES se refere a um dos períodos mais críticos da pandemia, entre meados de 2020 até o mesmo período em 2021, a perspectiva é de melhora nos índices. A retomada da economia e a manutenção de investimentos em tecnologia e construção civil apontam que os dois setores devem continuar puxando a fila.

“Tecnologia nada de braçada, é o número um”, corrobora Elaine Ramos. “Engenharia também segue super em alta, assim como outras áreas técnicas, entre elas a Saúde”, completa.

Celso Niskier lembra que as áreas de conhecimento de maior procura na rede privada são Saúde, Direito e cursos de licenciatura. Segundo ele, as instituições privadas de ensino superior têm investido muito em inovação e tecnologia para atender ao crescimento dessas demandas, seja em cursos presenciais ou a distância. “No entanto, elas esbarram na falta de linhas de financiamento mais interessantes para viabilizar os investimentos sem abalar a saúde financeira das mantenedoras”, lamenta.

Formação completa

É unanimidade entre os especialistas que os cursos de graduação precisam estar alinhados com as exigências do mercado de trabalho – e elas mudam constantemente, acompanhando o desenvolvimento da sociedade. “Não há dúvida de que os currículos acadêmicos precisam dialogar cada vez mais e melhor com as realidades exigidas pelo mercado, mas esse é um processo que não tem possibilidade de recuar. Isso quer dizer que veremos, nos próximos anos, um aumento da ocupação de vagas nas instituições de ensino – privadas e públicas”, projeta.

Para atender a essa demanda e, principalmente, entregar profissionais preparados no fim do curso, as instituições precisam oferecer um conjunto de vivências cada vez maior aos estudantes. O velho dilema entre experiência e conhecimento técnico está mais vivo do que nunca, então é importante que haja momentos de trocas com o corpo docente e contato com o mercado durante a graduação.

“Todo processo que mostra que você está buscando conhecimento, novas informações, vem para contribuir. A experiência é muito importante e, se ainda não tem, é preciso promover”, acredita Elaine Ramos. 

Neste contexto aparecem cursos complementares durante a graduação, disciplinas eletivas, congressos, seminários, projetos inter ou multidisciplinares, integrando cursos de diferentes áreas para enriquecer a formação dos estudantes. “Quanto mais diversidade nessa educação, melhor. Às vezes a gente vai fazer Engenharia, mas por que não estuda também assuntos como marketing ou gestão de pessoas? Complementaridade é importante”, alerta Elaine.

Empregabilidade em números

A avaliação da colocação profissional dos entrevistados pelo estudo da ABMES apontou quase a metade deles em ocupações formais. Praticamente 11% se declararam autônomos ou profissionais liberais, enquanto cerca de 3% optaram por empreender – mesma quantidade dos que responderam atuar na informalidade.

O índice de empregabilidade foi maior entre bacharéis (70%) e tecnólogos (69%). Entre os que optaram pelo curso de licenciatura, 61% conseguiram colocação no primeiro ano. A maioria deles conseguiu ingressar na própria área de atuação: 81% de quem fez bacharelado, 69% dos licenciados e 51% dos tecnólogos. “A demanda do mercado de trabalho por profissionais cada vez mais capacitados torna o ensino superior primordial para os jovens”, conclui Celso Niskier. 

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