Segurança na escola passa pela definição de um plano de ação eficiente
Instituições precisam estruturar um projeto em que papéis estejam bem definidos para proteger todo o entorno, atuando em parceria com a comunidade e as forças de segurança
Com as mudanças da sociedade nas últimas décadas, o ambiente escolar ganhou novos contornos. Se antes as escolas eram abertas, praticamente uma extensão de casa – tanto para o aluno, quanto para a família –, a incidência da criminalidade e dos ataques fez com que o controle de acesso passasse a ser uma preocupação constante com a segurança nas instituições de ensino.
Os ataques são a primeira coisa lembrada quando se fala no assunto, mas há muitas outras situações que passam pelo controle de acesso. Episódios de assédio, pedofilia ou crise de pessoas com algum tipo de distúrbio podem ser evitados.
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Dentro de uma escola que não tem controle de entrada e saída, uma criança pode sair da aula e ir embora ou ficar na rua. Ou seja: o controle do perímetro não apenas previne acontecimentos mais emblemáticos, como também riscos que são do dia a dia.
“É muito fácil explicar quando a gente sabe que as crianças são o maior bem da família. O controle é a garantia de que ela pode ir à aula e voltar para casa com tranquilidade. É um fenômeno que, provavelmente, veio para ficar. Não vai ter retrocesso por enquanto, porque a criminalidade e os ataques são uma realidade”, analisa o especialista em segurança escolar André Steren.
Agente de segurança
As escolas sempre tiveram a figura do monitor, ou orientador disciplinar. Esse profissional continua sendo muito ativo, com papel fundamental na parte pedagógica. No entanto, a questão da segurança exige profissionais preparados para aspectos como prevenção, ronda, posicionamento e controle de acesso – temas que não fazem parte, especificamente, do pedagógico, mas do operacional.
O grande diferencial, hoje, é a rotina de prevenção – especialmente em relação a controles, que têm recebido atenção especial das instituições. Todas as áreas se reportam à segurança, a fim de ter certeza de que tudo está correto –, a entrada ou permanência de um prestador de serviço, o acesso dos funcionários, a saída dos estudantes etc.
Nesse contexto aparece a figura do agente de segurança. Com o dinamismo da rotina de uma escola, com diferentes faixas etárias desenvolvendo atividades em todos os turnos, não é qualquer profissional que pode ficar encarregado de dar conta desse controle. “Estamos acostumados com a figura do porteiro, do vigilante, que está muito ligado ao patrimônio. Mas neste caso estamos falando de uma formação de segurança pedagógica, porque estamos falando de vida” pontua Steren.
Esse profissional que faz parte do departamento acaba, de certa forma, se capacitando no dia a dia por meio dos outros departamentos, na busca por conhecimento das diversas rotinas. Ele também precisa ter conhecimento de segurança na parte operacional, porque vai fazer controle de patrimônio. Em suma, é um agente multidisciplinar.
Como é um assunto novo, muito poucas pessoas ainda têm essa capacitação de forma ampla. Por isso, a melhor forma de ter esse profissional é capacitando alguém que já esteja dentro da escola. A sugestão de Steren é que a instituição invista em pessoas que tenham um perfil específico e que possa ser desenvolvido. Esse funcionário precisa buscar conhecimentos de gestão, segurança, risco e, conhecendo a rotina da escola, desenvolver um plano.
Para ajudar as instituições a montar um plano de segurança eficiente e capacitar os agentes de segurança, André Steren e o SINEPE/RS desenvolveram o curso online “Segurança Escolar”, disponível na plataforma SINEPE/RS PLAY até novembro.
Plano Geral de Segurança
Para que tudo funcione de forma orquestrada, é preciso que a escola conte com um documento em que constem todas as orientações sobre a rotina de segurança. O plano geral de trabalho é onde a direção e o setor de segurança detalham os procedimentos de rotina e o papel de cada ente da comunidade escolar, para que as pessoas homologadas trabalhem e façam os controles necessários.
Um ponto importante nesse planejamento é lembrar que a escola tem atividades quase 24 horas por dia, pois mesmo depois que as aulas são encerradas ocorrem ações de manutenção, chegadas e saídas de materiais e outras questões do cotidiano. Quando vai ser aberta na manhã seguinte, precisa estar 100% segura para a chegada dos alunos. “É preciso acompanhar, mesmo quem está autorizado, para conferir se está circulando no lugar que é para circular, se leva o material correto, se as salas estão sem nenhum risco na chegada dos alunos… O papel do departamento de segurança é garantir que as aulas vão acontecer, com toda a tranquilidade possível”, define Steren.
Os planos de segurança são documentos robustos, com diversos capítulos. Mas, entre os principais, podem ser destacados como críticos e essenciais os tópicos dedicados a falar de:
Cada uma dessas rotinas exige um procedimento para que a equipe de segurança empregue os cuidados necessários para que nada fuja do normal.
Cultura de segurança
A importância de se ter uma cultura de segurança é sabida. Agora, o que pouco se fala é que, com o tempo, a atenção tende a diminuir. É natural do ser humano relaxar conforme os dias passam sem que a rotina sofra qualquer alteração. Este é mais um fator importante do agente de segurança, pois é ele que estará sempre alerta e lembrando dos procedimentos.
Mais do que isso: o agente de segurança circula pela escola, que tem verdadeiras ilhas. Cada departamento tem suas atribuições e, muitas vezes, não há muita comunicação entre eles. O agente entra em cada um e busca informações, fica atento a tudo que está acontecendo e virá a acontecer. “Quando falamos de segurança, é primordial unir a realidade de um departamento com a realidade do outro. O agente precisa ser comunicativo a ponto de resolver a questão de um evento que vai ter fornecedores, com chegada e saída de material, definir como vai ser a recepção aos visitantes, ingressos etc. Todo esse elo é da segurança. O agente é um articulador”, orienta Steren.
O especialista conta que, geralmente, a orientação é que qualquer convidado ou visitante passe pela portaria e se identifique. Embora muitos esqueçam, não significa que a segurança não vai atuar no procedimento correto, checando e pedindo a identificação.
O ideal é aprimorar os processos sempre que há um esquecimento – mandar comunicado, alertando sobre o lapso, para que não se repita. Assim, o setor de marketing, por exemplo, já vai saber que é preciso comunicar à segurança sempre que promover um evento com participação de público externo. “O maior desafio é engajar o público. Muitas vezes, ele não colabora, ou reclama porque não entende o procedimento. Quando se tem a preocupação de explicar o porquê, consegue conquistar o entendimento do público e todo ele funciona melhor” garante Steren.
Além do público interno, o agente também é um articulador junto às forças de segurança. Cabe a ele fazer contato com os órgãos públicos da região, já que comunicação rápida é garantia de sucesso. Isso inclui não somente Polícia Civil e Brigada Militar, mas também os Bombeiros, hospitais e agentes de trânsito. “Tudo isso faz parte do papel do agente de construir um relacionamento positivo para que, quando houver necessidade de intervenção por parte desses órgãos, seja de maneira muito mais rápida. Muitas vezes, inclusive, já combinada”, conclui o especialista.
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