Colégio Farroupilha desenvolve projeto em prol de uma educação universal

Com participação de escolas públicas, o Inteligência Coletiva contribui para o processo de formação continuada dos educadores

por: Pedro Pereira | pedro@padrinhoconteudo.com
imagem: Colégio Farroupilha / Divulgação

Premiado com a Prata na categoria Gestão Institucional do Prêmio Inovação SINEPE/RS de 2023, o Colégio Farroupilha compartilhou a experiência de um projeto que passa muito fortemente, também, pela responsabilidade social. Em sua décima edição (realizada em 2022), o Inteligência Coletiva traz em sua essência o que o nome promete: muita inteligência, comungada coletivamente e reforçada pelas trocas entre profissionais da Educação.

>> Confira o vídeo de apresentação do projeto na Defesa Pública do Prêmio Inovação SINEPE/RS

O projeto deu origem à Escola de Professores Inquietos, uma iniciativa do colégio que proporciona um ambiente propício para reflexão, trocas e cocriação de soluções para os desafios enfrentados no cotidiano escolar. A iniciativa considera as principais necessidades de formação continuada desses profissionais na contemporaneidade. “Contamos com diversos talentos na escola, com experiências em áreas distintas, que compõem o comitê responsável pelas ações da Escola de Professores Inquietos”, explica Andressa Generosi, gerente de Serviços Educacionais do Colégio Farroupilha e gestora de projetos da Escola de Professores Inquietos.

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Segundo Andressa, o objetivo do evento é fomentar o poder transformador do professor. Ao longo das edições, a atuação foi ampliada para outras áreas. Atualmente, o Inteligência Coletiva envolve a contribuição de outros profissionais de Educação que compartilham seus relatos de experiências, como educadores das áreas de Orientação Pedagógica e Psicologia, entre outros. Embora o objetivo central seja conectar e inspirar professores, a iniciativa reconhece a importância dos demais profissionais da Educação que também são fundamentais.

Parcerias viabilizam projeto mais amplo

Andressa destaca a importância fundamental da interação entre educadores de variados contextos. “Com o Inteligência Coletiva, buscamos estender essa oportunidade também para as escolas públicas, com o objetivo de efetivar uma verdadeira troca de experiências. As últimas duas edições (2022 e 2023) foram excelentes, contando com a presença de escolas privadas e públicas, e queremos fazer um evento cada vez mais inclusivo”, conta.

O Inteligência Coletiva tem características que já estão consolidadas. Uma delas é o formato do evento, que é dividido em dois dias: o primeiro traz um painel de abertura inspirador, geralmente em uma data distinta do restante da programação, pois envolve professores, gestores, inclusive estudantes do magistério. No segundo dia, acontecem as demais atividades: compartilhamento de relatos de práticas, workshops e uma atividade de encerramento. 

“Convidamos as escolas parceiras da cocriação a enviarem relatos e experiências. Até 2022, esses momentos foram promovidos dentro da escola. Para o painel de abertura, temos buscado locais estratégicos na cidade, já que precisamos de um espaço mais amplo”, explica Andressa. Na edição de 2023, a Unisinos foi parceira do evento, e o auditório do campus da universidade em Porto Alegre foi o local escolhido para a abertura. Neste ano, a tendência é de que algum local de tamanho igual ou superior seja escolhido, a fim de ampliar o número de vagas e acolher um número maior de professores, gestores e estudantes do magistério, outro ponto destacado pela equipe do projeto.

Workshop no Ateliê de Artes, realizado na 10ª edição do projeto, em 2022 (Foto: Divulgação)

Além disso, a intenção é manter a sessão de relatos de experiências, considerada uma das etapas mais significativas do Inteligência Coletiva. É o momento em que ocorrem as trocas, em que o educador ouve seu colega e se identifica com as atividades desenvolvidas e as situações enfrentadas. Também é o instante em que professores de uma mesma instituição compartilham projetos, algo que, muitas vezes, devido à rotina intensa, não é possível realizar sem um momento específico dedicado a isso.

Andressa destaca que o evento abre oportunidades para que as escolas possam estabelecer conexões, criar parcerias e até mesmo transformar algumas iniciativas em projetos multidisciplinares entre instituições de ensino públicas e privadas.

Para reunir tantos profissionais, o Colégio Farroupilha estabelece parcerias estratégicas, como o projeto “Porto Alegre: Cidade Educadora” – iniciativa da qual o Colégio Farroupilha é parceiro ativo. Em 2022, foi por meio dessa colaboração que as primeiras escolas públicas e privadas foram escolhidas. No ano seguinte, outras começaram a ser convidadas.

Escolas privadas também se interessaram e foram convidadas a compartilhar não apenas suas práticas durante o evento, mas também o planejamento desde a sua concepção. Atualmente o tema de cada edição é pensado em conjunto com as instituições públicas e privadas que fazem parte do projeto, mesmo que ele continue sendo conduzido pelo Farroupilha. “Disponibilizamos, para as escolas parceiras, valores especiais para a inscrição do evento. Às escolas públicas que participam da cocriação, oferecemos gratuidade e, às demais, oferecemos descontos significativos, com o objetivo de ampliar o acesso ao evento. Sem patrocinadores, as inscrições desempenham um papel crucial ao viabilizar parte das atividades. De certa forma, é o próprio colégio quem financia integralmente o evento”, revela Andressa.

Formação de professores

Graduada em Administração, Andressa defende que não tem como falar sobre gestão no contexto educacional sem abordar a formação de professores. Afinal, eles são os agentes de transformação e representam o maior ativo das instituições. Portanto, investir no desenvolvimento desses profissionais significa compreender que eles serão os responsáveis por motivar os estudantes a buscar soluções diante de desafios complexos. 

Mas, para ser eficaz, tem de ser algo que faça sentido, que possa ser aplicado em sala de aula. “Os professores já possuem formação acadêmica extensa, com graduação, especialização e anos de estudo, mas, na perspectiva do lifelong learning, entendemos que a formação deve ser continuamente estimulada e aprimorada. É essa filosofia que orienta a Escola de Professores Inquietos, oferecendo aos educadores de diversas instituições a oportunidade de se aprimorarem e se conectarem com práticas pedagógicas inovadoras”, relata.

Workshop no Laboratório Maker, realizado em 2022 (Foto: Divulgação)

Nesse contexto, o papel do Inteligência Coletiva é auxiliar o professor em sua prática pedagógica. “Enfrentar a complexidade do ensino requer que o professor adote uma perspectiva sistêmica. É crucial que ele expanda seu conhecimento em diversas áreas para enfrentar os desafios contemporâneos, compreendendo os contextos dos estudantes, as dinâmicas familiares e as complexidades culturais, sociais e psicológicas envolvidas”, compreende.

Observar que colegas enfrentam desafios semelhantes proporciona ao educador um senso de tranquilidade, incentivando-o a buscar soluções de forma colaborativa.

Outras iniciativas

Por reconhecer sua função social, a Escola de Professores Inquietos oferece alguns conteúdos de forma gratuita. Durante a pandemia, foi disponibilizado para escolas um curso de ferramentas Google for Education, além da realização de eventos anuais como o Conexão Juventudes, de forma on-line, direcionado a professores que atuam com estudantes dos Anos Finais e Ensino Médio. No mesmo formato, o Conexão Infâncias aborda os processos de desenvolvimento e aprendizagem por parte das crianças.

Para oferecer apoio a gestores, diretores e demais profissionais da educação, a Escola disponibiliza em seu site uma coletânea de legislação educacional. O conteúdo abrange resoluções, pareceres e leis, tanto estaduais quanto nacionais.

Novidades também estão sendo idealizadas. Muito presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Astronomia ganha espaço em 2024 com um curso que será lançado em breve para capacitar professores dos Anos Iniciais a trabalharem o assunto em sala de aula.

Outro tema abordado é o ensino de idiomas. Em parceria com a Cambridge University Press & Assessment, do Reino Unido, o colégio, que é um Centro Aberto da Universidade de Cambridge, promove o evento Cambridge Experience, aproximando os professores de inglês de profissionais renomados internacionalmente, de forma on-line e gratuita.

Diversas outras iniciativas, algumas gratuitas e outras pagas, têm como propósito contribuir para a formação contínua de professores, tanto na esfera pública quanto privada. A intenção da Escola de Professores Inquietos, por meio do Inteligência Coletiva e demais projetos, é consolidar-se como um ambiente propício para reflexão, intercâmbio de ideias e cocriação. “Uma de nossas motivações reside em contribuir para que o professor encontre soluções criativas e inovadoras na condução do seu fazer diário”, enfatiza Andressa.

Educadores presentes na 10ª edição do evento, em 2022 (Foto: Divulgação)

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