Empreendimento criado por alunos resulta em impactos sociais

Criar uma empresa fictícia de reciclagem que gerasse resultados reais, além de proporcionar aos jovens conscientização ambiental e impacto social, bem como desenvolver suas habilidades empreendedoras. Em linhas gerais, esse é o projeto Empreendedorismo Verde, realizado pela Escola Salvador Jesus Cristo, de Alvorada.

Em 2022, a iniciativa foi concretizada por meio de uma tríade: a escola, a empresa Sygecom e o Instituto We Change The World. Conforme recorda a coordenadora pedagógica da Escola, Clarisse dos Santos Binsfeld, a ideia inicial foi da Sygecom, especializada em soluções para o mercado da reciclagem em geral. “Eles nos procuraram para esse projeto. Só que precisamos fazer algumas mudanças, lapidar as ideias, até porque eles não sabiam como funcionava na prática uma escola”, relata.

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Com o projeto alinhado entre as partes, os alunos do primeiro ano do Ensino Médio começaram a ter contato com representantes da empresa e do instituto. Os encontros eram semanais, sempre às quartas-feiras, no turno inverso à escola. A cada semana, um profissional da Sygecom era incumbido de apresentar um dos seus setores aos alunos. 

Os estudantes receberam ensinamentos para terem uma compreensão mais aprofundada sobre meio ambiente e empreendedorismo. Algumas temáticas desenvolvidas foram: reciclagem e seus tipos, o impacto do agronegócio no meio ambiente, resíduos eletrônicos, mudanças climáticas, materiais ecológicos, créditos de reciclagem, entre outros. 

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Após terem adquirido os conhecimentos técnicos necessários, os jovens criaram a Green Agents, uma empresa de reciclagem que funcionou dentro da escola. Para sua condução, foi organizada em seis setores: administrativo, recursos humanos, financeiro, marketing, comercial e logística. 

Com decisões sempre coletivas, os alunos elegeram uma CEO. Ela era encarregada por auxiliar na organização de todos os setores, bem como realizar o planejamento estratégico com sua equipe de gerentes. 

Apoiado a isso, os estudantes tiveram acesso ao EASY, da Sygecom, um sistema para o gerenciamento de pequenas empresas e iniciantes no mercado de reciclagem. Com a tecnologia, conseguiam ter controle da gestão de forma automatizada.

Dados esses passos, a Green Agents realizou um processo de envolver a comunidade escolar e convencê-los a colaborar com a causa. Os comunicados eram enviados às famílias via aplicativo da Escola, pedindo doações de papelão, garrafa pet e latinhas. Além disso, passavam nas salas de aula para explicar o projeto e pedir doações aos outros estudantes. E, para ampliar o engajamento, o setor de marketing da Green Agents lançou um perfil no Instagram, com até um mascote criado, a tartaruga Donnie. 

Segundo Clarisse, havia um saco coletor de cada tipo de resíduo em vários pontos da escola. Além disso, os estudantes começaram a fazer parcerias com comércios ao redor da escola. “Eles geram uma demanda de papelão bem grande. Tinha um contrato com uma loja de doces, que abria as caixas para repor mercadoria e guardava os papelões para eles. Também tinha um restaurante que guardava garrafas pet e latinhas. Ao todo, foram 10 empreendimentos que se envolveram”, destaca.

Foram três meses montando a empresa e três meses engajando e vendendo os materiais arrecadados. No final do terceiro mês, os alunos tinham que dar um destino a esse lucro gerado a partir da arrecadação de 108 quilos de alumínio, 687 quilos de papelão e 134 quilos de garrafas pet.

Contribuição social

Entre as ideias pensadas para utilizar os recursos, a que vingou foi a de recuperar um espaço público de Alvorada. “Eles fizeram uma apresentação, fizemos uma votação e eles partiram para a mão na massa para revitalizar a Praça Padre Léo”, recorda a coordenadora pedagógica. 

Para isso, os estudantes fizeram um levantamento do que precisavam. Eles planejaram quais materiais seriam necessários para varrer, juntar o lixo, cortar grama, até a quantidade de tinta para revitalizar os brinquedos. “Havia uma parede muito feia e eles tiveram a ideia de fazer uma parede instagramável e, para isso, chamaram uns amigos que fizeram o grafite”, recorda.

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Desdobramentos do projeto

No ano seguinte, em 2023, a iniciativa obteve uma grande conquista: prata na Categoria Responsabilidade Social no Prêmio Inovação Sinepe/RS. Devido ao sucesso, Clarisse adianta que a escola pretende dar continuidade ao Empreendedorismo Verde, com a ideia engajar outras instituições para dar mais consistência a essas atividades.

>> Confira o vídeo de apresentação do projeto na Defesa Pública do Prêmio Inovação SINEPE/RS

Outro motivo para que prossiga é pela razão do projeto estar alinhado ao novo Ensino Médio, que torna o aluno o protagonista do seu ensino, sendo, nesse caso, convidado a aprender como funciona uma empresa. “Eles colocaram realmente a mão na massa, sendo que alguns estudantes foram inseridos no mercado de trabalho”, ressalta.

Dos alunos participantes, três estão empregados há um ano na Sygecom. Como é o caso de Laura de Souza Nicolini, que foi a CEO da Green Agents. “Ao longo do projeto, executava diversas atividades, entre elas, a criação de conteúdos para as redes sociais junto com meus colegas. Com o tempo, fui gostando cada vez mais de fazer isso e fui selecionada para trabalhar neste setor da Sygecom. É uma empresa acolhedora, com pessoas sensacionais e que tem me feito evoluir muito tanto como pessoa quanto como profissional”, comenta.

Já para Kauã Walter da Cunha, a sua vida tomou outro rumo após participar do Empreendedorismo Verde. “Eu sou muito grato a esse projeto, por ter me proporcionado esse tipo de mudança na minha carreira. Na Sygecom me sinto valorizado como funcionário, tenho a oportunidade de aprender coisas novas e adquirir novas experiências”, celebra.

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