Escolas criam formas criativas para estimular a aprendizagem

Com resultados práticos, as iniciativas envolvem arte, cuidados com a primeira infância e expressão corporal

por: Eduardo Wolff | eduardo@padrinhoconteudo.com
imagem: Renata Leal, Arquivo Pessoal

As atividades escolares sempre necessitam de alguma inovação e de um diferencial. Fidelizar ou conquistar alunos e, principalmente, garantir a excelência na aprendizagem, é algo que sempre está no radar de uma gestão escolar. Para isso, é preciso usar a criatividade e implantar projetos diferenciados. 

Pensando nisso, a reportagem do Educação em Pauta selecionou alguns projetos de colégios que escutaram as solicitações da comunidade escolar e conseguiram traduzir em ações. 

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Aprender por música 

Em Teutônia, uma instituição de ensino utiliza a música para educar. Fundado em 1998, o Conjunto Instrumental do Colégio Teutônia contou com o envolvimento de mais de 300 alunos. Em média, são 25 apresentações por ano.

O grupo possui uma projeção internacional. Já realizou quatro edições de concertos fora do Brasil. Os jovens tiveram a oportunidade de se apresentar em países europeus, como Itália, Holanda, Áustria, França e Suíça. Neste ano estiveram em uma turnê na Alemanha, na República Tcheca, no Reino Unido e na Bélgica.

Além disso, a instituição de ensino é anfitriã do Festival de Música de Teutônia. Esta é uma oportunidade para músicos e estudantes de música de várias cidades do Estado se aperfeiçoarem por meio de cursos dos mais diversos instrumentos.

Conforme explica o maestro do colégio, Lucas Eduardo Grave, a escolha do instrumento parte do aluno, com auxílio da família. Atualmente, as oficinas de música contam com aulas de flauta, flauta transversal, soprano, clarinete, saxofone alto, saxofone tenor, trompete, teclado, violino, violoncelo, violão, guitarra, baixo elétrico e bateria. 

Para os estudantes ingressarem no conjunto, as indicações ficam a cargo dos professores de música. “Tudo vai depender como está a atuação na aula de instrumento musical”, frisa o maestro.

O coordenador das atividades extraclasse do Projeto de Música do colégio, Harry Baukat, que também é professor de violino, leciona para crianças a partir dos 4 anos de idade. Ele destaca que os alunos, durante os anos na escola, têm aulas individuais de todos os instrumentos e, quando ingressam ao conjunto, possuem uma leitura musical apurada.

Este projeto da instituição de ensino advém de uma forte ligação do município com a música. “É um desejo das famílias e dos estudantes que a música seja valorizada e que tenha espaço dentro do colégio”, informa Grave.

Para o diretor do Colégio, Mauro Alberto Nüske, a música tem contribuído para a formação dos estudantes enquanto cidadãos e no processo de aprendizagem. Além disso, auxilia na concentração, na socialização e no envolvimento com a responsabilidade, isso pelo fato de participarem das turnês. “Poderiam estar dentro dos celulares, utilizando a cabeça para várias outras coisas. Não temos dúvida que o nosso papel enquanto instituição a gente tem feito de forma bem efetiva”, frisa.

Apresentação na cidade de Bad Gandersheim, na Alemanha

Expressão do corpo

Após dois anos de isolamento social devido à pandemia do Covid-19, no retorno dos seus alunos, a coordenação Colégio Sinodal Ibirubá percebeu a necessidade de explorar a expressão corporal, algo importante para o desenvolvimento da saúde mental e para o exercício de qualquer profissão. Desta forma, neste ano, iniciou a Oficina de Comunicação e Expressão Corporal, que é oferecida, de forma gratuita, aos estudantes do Ensino Fundamental, sendo organizada em grupos de acordo com a faixa etária.

Por meio do programa socioemocional do colégio, intitulado Líder em Mim, foi percebido a necessidade de trabalhar a comunicação positiva em todos os ambientes da escola, principalmente na resolução de conflitos. “Além disso, diante de uma sociedade tecnológica e individualista, trabalhar a expressão corporal favorece a comunicação efetiva, o estabelecimento da empatia e da conexão, a autoconfiança e a autoestima”, complementa a coordenadora pedagógica do Colégio, Vanessa Wottrich.

Ao todo, são 60 crianças e adolescentes que desfrutam dessa atividade. Vanessa destaca que os alunos estão sempre motivados a participar e gostam das dinâmicas e das metodologias aplicadas na oficina. “As famílias já perceberam a melhora na desenvoltura, desinibição e, consequentemente, na comunicação”, relata.

Ela comenta que os estudantes do turno da manhã escreveram uma peça de teatro a partir dos conhecimentos adquiridos na oficina. Já os alunos dos anos iniciais participarão de um teatro com danças. “Estamos nos organizando para fazer a primeira apresentação do grupo todo no mês de outubro”, acrescenta.

>> Veja o vídeo com a professora Roberta Marione, responsável pela Oficina de Comunicação e Expressão Corporal:

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Para 2024, o auditório do Sinodal Ibirubá estará concluído, o que facilitará ainda mais o desenvolvimento das atividades da oficina e os encontros entre família e escola para o compartilhamento dessas atividades. “O projeto é novo e desafiador. Acreditamos que é uma excelente ferramenta para a criança e para o adolescente se desenvolverem em sua totalidade, aprendendo a lidar com os seus sentimentos e com os dos outros. Podem descobrir o seu papel no mundo”, conclui.

Acolher na primeira infância

Em Lajeado, a educação na primeira infância tem um cuidado especial. No Colégio Madre Bárbara, desde a sua origem, crianças a partir dos 4 anos de idade são atendidas. Após uma solicitação da comunidade para acolher crianças de zero a 3 anos, teve início o projeto de implantação da Educação Infantil desde o berçário, em 2015. “Foi bastante inovador, começamos com 27 crianças e, atualmente, estamos com 358”, ressalta a coordenadora pedagógica do Colégio, Vanessa Delwing Ely.

Os atendimentos são realizados em horários flexíveis. Existe o turno da manhã, da tarde e o integral, de acordo com a necessidade da família. Já as turmas são divididas em idades. Conforme relata Vanessa, os grupos são bastante unidos, homogêneos de idade, mas heterogêneos em relação ao desenvolvimento. 

Ao todo são 66 professoras e monitoras na escola que trabalham de forma conjunta. “Prezamos muito pelo conhecimento do desenvolvimento infantil. É uma responsabilidade muito grande estar com essas crianças. As professoras acabam se aperfeiçoando muito para cada faixa etária”, reforça.

Com muitas cores, o prédio foi construído para crianças na primeira infância | Crédito: Renata Leal / Divulgação

Todos os olhos das professoras e monitoras acabam sendo os olhos das famílias dentro da escola. “O desenvolvimento que se dá é na primeira infância. Quando adulto, esquecemos do quão complexo foram essas aprendizagens, mas quando se acompanha as crianças se percebe o quanto é altamente significativo”, reflete.

Em relação ao ambiente onde ficam os pequenos, Vanessa comenta que houve um estudo desenvolvido com uma arquiteta para a construção do prédio planejado para a primeira infância. Além da fundamentação pedagógica do colégio, existe a fundamentação arquitetônica em que se definem as cores, os móveis, os tapetes, entre outros elementos. “Passamos o nosso olhar da pedagogia à arquiteta. As salas têm dormitório anexo, com os bercinhos de cada criança. Trabalhamos com acolhimento, não com a adaptação”, frisa.

Toda a decoração das salas teve participação da equipe pedagógica | Crédito: Renata Leal

A coordenadora pedagógica do colégio destaca que é perceptível a inserção desses alunos desde bebês no meio escolar de um modo bem diferente daqueles colegas que ingressam mais tarde. Ela reforça que já possuem toda a filosofia de trabalho do colégio, entendendo como é a prática pedagógica. “São crianças que já têm uma dinâmica muito grande”, pontua.

O projeto proporcionou à escola um aumento no número de alunos nos anos iniciais após essa implantação na Educação Infantil. “Em período de campanha de matrículas, muitos pais acabam me chamando via WhatsApp ou até nos corredores da escola. Eles pedem para fazer uma reserva de vaga, em alguns casos, quando o filho que ainda vai nascer”, exemplifica Vanessa.

Para o próximo ano será incluído o ateliêrista na escola. O profissional vai desenvolver todo um trabalho relacionado às artes, à natureza e à criação. “Cada ano a gente busca trazer algumas coisas. Tudo é muito estudado em respeito à infância. Se for algo para o desenvolvimento das crianças, vamos implantar”, diz.

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