O que podemos aprender com a educação da Estônia e da Finlândia
Diretores do SINEPE/RS participaram de Missão Educacional e relatam percepções destes países expoentes do ensino no mundo
Segundo o último ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Estônia está em terceiro lugar e a Finlândia em oitavo em qualidade de ensino no mundo. Os dois países são destaque em relação ao conhecimento e habilidades de estudantes de 15 anos de idade em leitura, matemática e ciências. Nesta lista, a título de curiosidade, o Brasil está na 63ª posição.
Segundo o relatório, “é interessante notar que nações menores, como a Estônia e a Finlândia, tiveram desempenho superior ao de países maiores, demonstrando que o tamanho e o poder econômico nem sempre se correlacionam com o desempenho educacional.”
Com o intuito de compreender como essas nações se tornaram referências mundiais, a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) realizou uma missão educacional com brasileiros durante 10 dias, de 17 a 27 de setembro. Nesse período, diretores de diversas escolas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro puderam realizar visitas técnicas em escolas, universidades, embaixadas e edtechs, além de participar de city tours nas capitais Tallinn e Helsinque e workshops com especialistas.
Para essa missão educacional, a organização foi realizada pelo Estônia Hub. Conforme salienta o CEO do ecossistema de negócios, Raphael Fassoni, visitar a Estônia e a Finlândia é quase que uma necessidade, um perfil de excelência, de alta performance. “O objetivo era ver realmente in loco e conversar com especialistas, professores, com os diretores e até com os alunos sobre como funciona nesse país”, frisa.
Fassoni acredita que os participantes da missão puderam ver de modo pontual quais são os modelos pedagógicos que podem ser replicados no Brasil e continuar agregando. Além disso, também foi possível renovar o ponto de vista de motivação, de inspiração e até ter uma visão um pouco mais ampla de sociedade. “Também é uma possibilidade de conhecer outros brasileiros com o mesmo propósito de mudança”, complementa.
Percepções do que é possível aplicar
Presente na missão, o 1º vice-presidente do SINEPE/RS, Nestor Raschen, se surpreendeu positivamente com a visita à escola bilíngue, a Tallinn English College. Na sua visão, é um grande exemplo a ser seguido e aproveitar o movimento que algumas instituições de ensino brasileiras estão fazendo em implementar dois idiomas na aprendizagem.
Outra observação de Raschen foi quanto às crianças terem mais responsabilidades, como controle dos seus materiais escolares e de lanches. Ele lembra de uma cena em que avistou alunos se deslocando de bicicleta para a escola, com seus pais os acompanhando, e deixando seus transportes em lugar destinado. “Já dentro da sala de aula, notei o desenvolvimento desde pequeno da autonomia das crianças. Esse é um parâmetro a ser analisado na nossa educação infantil”, frisa.
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Ele também destaca que tanto a sociedade como o governo estão empenhados em uma educação de qualidade, com forte participação das famílias. “O governo tem uma grande prioridade nesses dois países: a educação. Lá, o governo também paga a mensalidade em escolas particulares”, ressalta.
Já o 2º vice-presidente do SINEPE/RS, Bruno Eizerik, reforça que a política de formação dos docentes é um modelo que pode ser copiado e adaptado para o Brasil. Segundo Eizerik, os professores estão sempre se atualizando por meio de cursos de aperfeiçoamento. As capacitações são fornecidas pelo estado e, em grande parte, são gratuitas. Também são promovidas viagens ao exterior para estudar, além de intercâmbios. “É um país que optou pela transparência em investir em educação. Eles copiaram o modelo da Finlândia. Toda a vez que você copia algo e aperfeiçoa, tem uma grande chance de dar certo”, diz.
Porém, o representante do SINEPE/RS acredita que enquanto não houver uma modificação de como se pensa a educação no Brasil, as alterações não acontecerão. “Voltei de lá pensando diferente. A sociedade tem que entender a real importância da educação. É aprender a respeitar ainda mais esses valores”, pontua.
Perspectivas de ser professor na Estônia
Há quatro anos em solo estoniano, o professor Guilherme Struecker leciona Inglês e Ciências Humanas na Tallinn European School. Em um jantar, ele se encontrou com o grupo da missão na Universidade de Tallinn. Foi um momento de transmitir como é ser professor na Estônia, quais são os benefícios, as diferenças culturais, entre outros assuntos.
Struecker comenta que a formação na Estônia é contínua, pelo menos duas vezes ao ano. As suas últimas capacitações foram em diversidade e inclusão na sala de aula. “Realmente, existe um tempo para o professor e para o aluno estudar e trabalhar, como tem que ser. Conseguimos dedicar tempo ao que realmente importa”, ressalta.
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