Processos de seleção e contratação movimentam gestores de instituições

Período de recesso e férias escolares costuma ser o momento para a formação de novas equipes de trabalho

por: Bianca Zasso | bianca@padrinhoconteudo.com
imagem: Freepik

Em 2022, a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) divulgou os resultados de uma pesquisa inédita sobre o ensino privado no Brasil. Um dos dados que chama a atenção tem ligação direta com o mercado de trabalho, mostrando a importância do setor para a geração de emprego no país. O ensino privado tinha 1,25 milhões de vínculos empregatícios formais em 2020. Em dois anos, esse número cresceu para aproximadamente 1,5 milhões, representando 3,4% de todos os empregos formais do setor privado no Brasil.

Como parte importante para o PIB, a educação privada também vive um período de renovação com a chegada de plataformas digitais e outras tecnologias, o que requer atualização constante dos trabalhadores do ensino. Com a proximidade do recesso de final de ano e também das férias escolares, muitas instituições reservam esse período para realizarem processos seletivos e novas contratações para iniciarem o ano letivo de 2024 com renovações em seus quadros de professores e funcionários. Mas como organizar esse momento de forma efetiva e que resulte nos melhores resultados para as instituições, sejam elas de ensino básico, médio ou superior? 

Para a gerente de desenvolvimento, projetos e pessoas do Grupo SEB (Sistema Educacional Brasileiro), Andreza Lopes, preparar um novo ano em uma instituição de ensino é uma tarefa de intensa complexidade para os gestores, que envolvem ações estabelecidas pelos resultados e processos do ano no âmbito pedagógico, mas que também têm influência de informações vindas de setores, como o financeiro e o marketing. 

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“Especialmente em gestão de pessoas, com a integração de novos membros na equipe, é importante planejar uma abordagem cuidadosa e estratégica. Depois de realizar as análises das necessidades da instituição, planejar as metas, identificando os desafios, revisar o quadro de colaboradores e realizar as contratações, é importante desenvolver um programa estruturado de integração inclusiva para os novos membros da equipe, incluindo orientação sobre a cultura da instituição, apresentação aos colegas e treinamento específico”, orienta. 

Além de capacitar os novos colaboradores, Andreza também destaca a importância de oferecer essas oportunidades a toda a equipe, garantindo uma atualização homogênea, sempre com foco nas práticas pedagógicas e nas expectativas das instituições. Para que essas propostas sejam vivenciadas da melhor forma, a palavra de ordem é comunicação. “É preciso manter uma comunicação transparente sobre as mudanças planejadas, incentivando um ambiente aberto para discussão e feedback, bem como oferecer suporte contínuo aos novos membros da equipe, garantindo que tenham as ferramentas e os recursos necessários para prosperar em seu papel. Dar espaço e incentivar os colaboradores a serem mais participativos, criativos e inovadores”, explica Andreza. 

Inteligência Artificial e escassez de profissionais

A construção de um processo de seleção e contratação dentro de uma instituição de ensino passou por modificações nas últimas décadas, especialmente com a chegada das tecnologias digitais no ambiente educacional. Recentemente, o advento da Inteligência Artificial (IA), com a popularização de plataformas como o ChatGPT, trouxe novos desafios para gestores e professores. Profissionais com habilidades tecnológicas e digitais passaram a ter destaque em processos seletivos. Andreza acredita que investir em uma equipe que adota uma mentalidade inovadora, incorporando tecnologias emergentes em suas práticas, é fundamental para o avanço da qualidade do ensino. 

“A capacidade de adaptação à transformação digital é essencial, exigindo dos profissionais uma prontidão para enfrentar desafios e disposição em integrar a IA nos processos educacionais. A análise de dados educacionais também se destaca como uma competência valiosa, pois candidatos capazes de utilizar análises de dados para informar práticas de ensino, identificar padrões de aprendizado e personalizar o suporte aos alunos são primordiais para um ambiente educacional cada vez mais orientado por dados”, avalia. 

Os gestores escolares vivenciam um momento único na educação, com muitas dúvidas sobre o que virá nas próximas décadas. Construir uma equipe alinhada com os valores e missão da instituição e com formação de qualidade torna-se uma tarefa que requer ainda mais planejamento. O colégio La Salle São João integra uma grande rede e se vale bastante da comunicação interna para garantir profissionais qualificados em suas equipes. De acordo com a supervisora educativa da instituição, Fabiana Schumacher, os processos seletivos têm iniciado cada vez mais cedo devido à escassez de professores, especialmente para o ensino fundamental e médio.

“2023 foi um ano bastante desafiador. Nas conversas que temos com outras escolas, é notável que estamos muito preocupados com o futuro da educação. Estamos encontrando dificuldade de encontrar alguns especialistas. Não sabemos como será daqui em diante. Além da pouca disponibilidade de profissionais com qualificação, há também muitos deles que, com a pandemia, mudaram de profissão. Em muitas disciplinas, é difícil encontrar alguém que se alinhe com a vaga”, avalia. 

Fabiana retrata em sua fala algo que as pesquisas comprovam. Em recente estudo realizado pelo Instituto Semesp, o Brasil corre o risco de sofrer um verdadeiro apagão de professores na educação básica no ano de 2040. A projeção divulgada é de que faltarão 235 mil docentes nas escolas do país. 

“Percebemos, dentro das turmas de terceira série do Ensino Médio, que é raro encontrar um aluno que quer seguir uma licenciatura. Sem contar que hoje, além das habilidades tecnológicas, o professor precisa ter habilidades sócio-emocionais, devido aos desafios que as escolas enfrentam nesse momento pós-pandemia”, destaca Fabiana.

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