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21/09/2022

Afinal, a tecnologia chegou à sala de aula?

Com o 5G, a Internet será vinte vezes mais rápida e escancara a urgência de preparar as escolas para que usufruam pedagogicamente de todo seu potencial

por Valor Econômico | Ana Maria Diniz
Afinal, a tecnologia chegou à sala de aula?

O 5G desembarcou oficialmente no Brasil. A tecnologia, quando estiver funcionando para valer, deve promover uma verdadeira revolução em praticamente todas as esferas do nosso cotidiano, inclusive na Educação.

Na esteira disso, foi aprovado no início do mês, no Congresso Nacional, o projeto que institui a Política Nacional de Educação Digital, um conjunto de estratégias que visa o desenvolvimento de competências digitais no país por meio da Educação, dividido em quatro eixos: inclusão digital, educação digital escolar - que consiste em ensinar os alunos a utilizarem os recursos disponíveis de cada aparelho ou ferramenta -, capacitação de professores e incentivo à pesquisa científica em tecnologias da informação e comunicação.

Usada e implementada de forma correta nas escolas, a tecnologia pode ser o catalisador da nossa real independência.

Se for realmente colocada em prática - e do jeito certo - a política terá uma tremenda utilidade e contribuirá para o avanço tanto de seu uso nas escolas, quanto na educação digital, que está praticamente na Idade da Pedra em nosso país, em comparação com outros.

Há uma série de estudos que sinalizam que as tecnologias podem ter um impacto transformacional na Educação. Um dos maiores diferenciais da tecnologia é melhorar o engajamento dos alunos, além da prática pedagógica. Porém, o simples uso da tecnologia não é garantia de que um impacto positivo aconteça no ensino. O fator crítico de sucesso é que os professores estejam preparados e que tenham uma formação adequada que lhes permita o aproveitamento pleno das possibilidades que o uso das tecnologias oferece.

Infelizmente, por enquanto, o uso da tecnologia na maioria das escolas, e principalmente nas escolas públicas, se concentra em reforçar as práticas pedagógicas tradicionais ao invés de estimular o aprendizado de formas diferentes, com estímulos diferentes e, assim, engajar os alunos e apoiálos na construção do conhecimento.

Para endereçar essa questão o Instituto Singularidades, uma das iniciativas do Instituto Península, organização da qual tive a honra de ser uma das fundadoras, criou o Lab Sing, espaço voltado para a formação da mentalidade maker nos professores. Para isso, utiliza tecnologias e metodologias “mão na massa” que na prática desenvolve com os professores capacidades de criar projetos usando o método científico. Na prática, essa mesma tecnologia será usada com seus alunos na sala de aula.

Assim, o pensamento investigativo, de experimentação e criatividade podem ser explorados através do uso de metodologias ativas, que consistem em elaborar estratégias que deem sentido ao conhecimento, que aproximem o currículo aos interesses dos estudantes e que, de alguma forma, dialoguem com suas múltiplas realidades.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), propõe para o Novo Ensino Médio: despertar nos estudantes a curiosidade, além de incentivar o desenvolvimento de habilidades, como elaborar hipóteses, formular problemas e criar soluções. Proposta que vai ao encontro do que pesquisas recentes revelam: a tecnologia, quando é interativa, inclui feedback em tempo real e permite que os alunos apliquem e avaliem criativamente o que aprenderam. Essa troca entre professores e alunos é o que dá sentido à aprendizagem. O professor apresenta as possibilidades e os alunos a potencializam de acordo com seus interesses, desenvolvendo seu próprio projeto. Este é um dos mais importantes papéis dos professores.

Embora a tecnologia tenha transformado a maioria dos setores, ainda não fez o mesmo na Educação. Antes da pandemia da covid-19, a maioria dos sistemas escolares em todo o mundo funcionavam como nos séculos XIX ou XX. Durante e depois da pandemia, os professores tiveram que perder o medo da tecnologia. Entretanto, os investimentos em tecnologia educacional se concentraram, principalmente, na implantação de dispositivos e conectividade, com pouca ênfase na preparação dos professores para melhor utilizá-la com os alunos.

Segundo pesquisa recente realizada pelo Instituto Península, “Retratos da Educação pós pandemia: uma visão dos professores”, aproximadamente 55% dos educadores acreditam na tecnologia como ferramenta importante para modernizar o ensino e recuperar aprendizagens. Ou seja, os professores reconhecem cada vez mais a tecnologia como uma aliada ao processo de ensino e aprendizagem, e é uma mudança positiva.

Para citar outra evidência, o Brookings Institute, em uma extensa revisão realizada por seus pesquisadores, mostra que as intervenções de edtech são eficazes para melhorar o aprendizado dos alunos, principalmente em países de baixa e média renda ao complementar o trabalho dos professores. Eles argumentam que a principal razão pela qual tantas reformas escolares falharam nos EUA é a falta de atenção adequada ao que mais importa para melhorar o aprendizado: as interações entre educadores e alunos em torno de materiais educacionais - o que eles chamaram de “núcleo instrucional”.

Importante ressaltar essa não é uma missão inalcançável. A Estônia, nos últimos anos, emergiu como uma potência educacional com uma abordagem que combina brincadeiras e aprendizado centrados no estudante, trazendo grande foco para o uso de novas tecnologias. Ainda que o país tenha se tornado tardiamente independente, só há 30 anos. Tempo suficiente para revolucionar sua educação. Seria razoável esperar que o Brasil, que acaba de comemorar o bicentenário, avance em sua educação que continua no passado.

O Brasil, para deixar de ser o “país do futuro”, precisa investir hoje em ações que impulsionem a Educação. Talvez, se usada e implementada de forma correta nas escolas, a tecnologia pode ser o catalisador da nossa real independência, por meio de uma educação de qualidade, o carimbo fundamental para o nosso passaporte para o futuro.

Ana Maria Diniz é fundadora do Instituto Península, que atua na formação de professores; empresária e conselheira do Todos pela Educação e Parceiros pela Educação.

 

 

 

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