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07/08/2014

Bicentenário de Restauração da Companhia de Jesus

200 anos de restauração da Companhia de Jesus. Hoje, dia 7 de agosto, os jesuítas celebram, no mundo inteiro, o fim da supressão da Ordem

por Ana Claudia Klein
Bicentenário de Restauração da Companhia de Jesus
A história da Companhia de Jesus inicia-se em 1534, quando Inácio de Loyola e seus primeiros companheiros, Francisco Xavier, Simão Rodrigues, Pedro Fabro, Laínez, Salmerón e Bobadilha, reúnem-se em Paris (França) e fazem os Votos em Montmartre. A aprovação eclesial do Papa Paulo III à Ordem aconteceria em 1540. Mais de 200 anos depois de seu nascimento, a Companhia enfrentaria o seu pior momento: a sua supressão, de 1773 a 1814, na Europa e seus domínios, permanecendo apenas na Rússia e na Prússia.

"A supressão da Companhia de Jesus por 41 anos interrompeu mais de dois séculos de muito vigor, entusiasmo e criatividade apostólicas da Ordem religiosa. No entanto, esse fato não conseguiu sufocar o Espírito que está na origem da sua existência", explica o padre Carlos Alberto Contieri, coordenador das comemorações do bicentenário da restauração da Companhia de Jesus no Brasil. "Acreditamos que os segredos da eficácia da Companhia de Jesus para seu retorno foram os Exercícios Espirituais, que criam homens livres e despertos, com independência de critério e ousadia apostólica, assim como o seu trabalho reconhecido desde aquela época até os dias de hoje nas áreas de educação", completa padre Contieri, que também é diretor do Pateo do Collegio, região central da cidade de São Paulo, e do Museu de Arte Sacra dos Jesuítas (MASJ), em Embu das Artes.

A supressão

"A novidade da Companhia de Jesus em relação a outras Ordens, com fortes obrigações conventuais internas, é que a Companhia foi, desde o seu nasci¬mento, uma Ordem imersa no mundo e, por isso, não isenta de conflitos com colonos e autoridades. Um dos traços marcantes e distintivos da ação apos¬tólica da Companhia de Jesus sempre foi o `fazer pensar’", explica padre Contieri.

Dentro desse contexto, as perseguições que levaram à supressão da Companhia de Jesus, em 1773, tiveram início alguns anos antes no Brasil. Em 1759, os jesuítas foram expulsos do próspero Colégio de São Paulo de Piratininga, devido aos conflitos com os colonos por causa das aldeias e da escravização dos índios.

As animosidades em relação à Companhia de Jesus e seu modo de agir foram agravadas com a nomeação do Marquês de Pombal ao cargo de ministro português e com a chegada do governador Francisco Xavier de Mendonza, irmão do Marquês de Pombal, ao Maranhão e ao Grão Pará. Tanto que, em 1751, foram enviadas ao governador algumas instruções de Portugal: dar total liberdade aos índios, diminuir o poder dos religiosos, com oposição, principalmente, aos jesuítas, e aplicar o Tratado de Limites entre Portugal e Espanha, cujos problemas o novo governador atribuía às maquinações dos missionários.

Junto a outros fatores, que aumentaram ainda mais a tensão entre os jesuítas e a Coroa Portuguesa, o Marquês de Pombal buscou estreitar as relações com as cortes bourbônicas, estabelecendo uma aliança que levaria à expulsão da Companhia de Jesus dos domínios portugueses e, posteriormente, à supressão da Ordem. De tal forma que, pelo Breve Dominus ac Redemptor, de 21 de julho de 1773, a Companhia foi supressa pelo Papa Clemente XIV.

É importante ressaltar que, por trás de todos esses episódios, a principal motivação da Coroa Portuguesa, entenda-se, do Marquês de Pombal, para a expulsão dos jesuítas do Brasil e empenho para a extinção da Companhia de Jesus, no mundo inteiro, foi o engajamento dos jesuítas em ensinar as pessoas a pensarem. Tanto que o Marquês de Pombal queimou a biblioteca dos jesuítas, um ato profundamente simbólico.

A Companhia preservada

Durante o período de supressão, entre 1773 a 1814, a Companhia manteve-se viva na Rússia e Prússia. O principal motivo deve-se ao fato do papel que os jesuítas sempre desempenharam em prol da educação. Dessa forma, a rei Frederico II da Prússia combateu as ordens da Santa Sé e anulou o Breve de supressão, conservando os jesuítas nos territórios sob seus domínios. O rei prussiano defendeu os padres jesuítas, chegando a afirmar que, na religião católica, nunca encontrara melhores padres sob todos os pontos de vistas e que, dificilmente, poderiam ser substituídos na educação dos jovens da Prússia.

Catarina II, czarina da Rússia, também desafiou as ordens de Roma, proibindo a publicação e difusão do Breve papal que comunicava a supressão da Companhia de Jesus. Em 3 de outubro de 1773, a czarina publicou ainda uma ordem imperial para proteger a Companhia de Jesus e autorizar a entrada de jesuítas em terras russas. Foi por meio de sua admiração pelo trabalho educacional promovido pelos jesuítas que Catarina II, assim como Frederico II, protegeu a Companhia de Jesus da supressão ordenada por Roma. Além da proteção oficial, a czarina realizou a abertura do Noviciado de Polotsky, o qual permitiu formar novos membros para a Companhia e possibilitou a admissão de antigos jesuítas espalhados pelo mundo. Com isso, a Ordem manteve-se verdadeiramente internacional, mesmo que em território russo.

O processo de restauração

Após a campanha de Catarina II pela restauração da Companhia de Jesus, um dos primeiros movimentos com essa mesma finalidade foi o de Fernando IV, rei de Nápoles e filho de Carlos III da Espanha, que considerava os jesuítas homens de confiança para cuidar da educação em seu reino. Ele buscou manter e legitimar a permanência e atuação da Companhia em seus domínios. Além disso, procurou o padre Joseph Pignatelli, homem de confiança do rei e da Ordem também, solicitando-lhe que os jesuítas cuidassem da educação em seu reino. Como condição para esse trabalho, Fernando IV e o padre Pignatelli realizaram intensa campanha para a restauração da Companhia de Jesus em Nápoles e no Reino das Duas Sicílias. O que conseguiram após a assinatura do Breve pelo papa Pio VII.

O processo de restauração da Ordem, entretanto, aconteceu de maneira gradual, sendo interrompido, inclusive, pela invasão dos Estados Pontifícios e prisão do papa Pio VII por Napoleão e seus exércitos. A derrota do líder francês e, consequentemente, a soltura de seus prisioneiros, entre eles o papa, fizeram com que a campanha pela restauração da Companhia de Jesus fosse retomada.

Na manhã de 7 de agosto de 1814, Pio VII celebrou a missa no Altar de Santo Inácio. Após a cerimônia, que teve a presença de todos os cardeais da cidade e de cerca de 100 jesuítas sobreviventes da supressão, o papa solicitou ao Monsenhor Cristaldi a leitura da Bula Sollicitudo Omnium Ecclesiarum e a entregou ao Provincial Panizzoni, que representava o padre Geral Brzozowski. Diante de todos, o papa fez ler a Bula que restaurava a Companhia de Jesus em todo o mundo.


Companhia de Jesus na atualidade

O maior desafio para os jesuítas hoje é ir ao encontro de outras nações, outras comunidades não geográficas, mas humanas, que reclamam sua presença. A Companhia de Jesus tem atualmente 18 mil jesuítas em 130 países de cinco continentes, atuando em projetos sociais, educacionais e culturais, nas grandes cidades e até em lugares mais longínquos. A dimensão missionária do jesuíta é de além fronteiras, ou seja, estar onde ninguém consegue chegar. "Os jesuítas estão nas fronteiras das dificuldades sociais. E os desafios do mundo e da realidade atual nos levam a transcender, cada vez mais, as nossas fronteiras", explica padre Geraldo Lacerdine.

A missão da Companhia de Jesus é o serviço da fé e a promoção da justiça, do diálogo intercultural e inter-religioso, restaurando a integridade e a dignidade do ser humano (*). Uma das principais características dos jesuítas, em seus quase 500 anos de história, são o respeito e a valorização da diversidade cultural. Atualmente, muitos jesuítas atuam no apostolado espiritual, orientando Exercícios Espirituais; outros, em paróquias confiadas à Companhia, com vários projetos sociais; e na formação de lideranças para uma missão mais comprometida com a sociedade, no campo da cultura, educação, política e economia, contribuindo para a transformação da realidade. (*) Trecho da Missão.

Por meio do Serviço Jesuíta de Refugiados - JRS, os religiosos atuam em áreas de desastres naturais e de conflitos, prestando assistência e realizando atividades de educação, saúde e de serviços sociais - um trabalho coordenado por 10 escritórios regionais, com o apoio de um escritório internacional em Roma. Presente em todos os continentes, o JRS desenvolve ações em 50 países, beneficiando 700 mil pessoas em situação de vulnerabilidade. São 32 anos de trabalho ininterrupto.

Outra forte atuação dos jesuítas é na área de educação popular e integral, para crianças, adolescentes e jovens (e seus familiares) em situação de risco social, trabalho desenvolvido por meio do Movimento Fé e Alegria.  São 2700 centros, que promovem atividades nas áreas de educação, esporte, cultura e lazer e beneficiam mais de 1,5 milhão de pessoas na América Latina, Europa e África. No Brasil, o Fé e Alegria está presente em 15 estados.

Coordenação de Comunicação da Associação Antônio Vieira (ASAV): 
Jornalista Ana Claudia Klein
Fone: 51 96118355
comunicacao@asav.org.br

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