O Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul (CEEd/RS) homologou, no último dia 6 de março, o parecer que orienta a inclusão da computação na Educação Básica. O documento apresenta as diretrizes sobre a oferta da temática como componente curricular ou de forma transversal e também estabelece parâmetros para a implementação dessa área do conhecimento nas escolas.

A professora do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e diretora de Ensino de Computação na Educação Básica da Sociedade Brasileira de Computação Leila Ribeiro lembra que a Resolução CNE/CEB nº 1, de 2022, já tornava obrigatório que todas as escolas brasileiras incluíssem o desenvolvimento de habilidades de Computação em seus currículos a partir de 2023.

No entanto, o documento apontava que as habilidades indicadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Computação fossem incluídas de forma gradativa dentro dos currículos, sem estabelecer um prazo específico para isso. O CEEd/RS iniciou a orientação das redes escolares do Estado no ano passado.

Leila explica que a BNCC Computação é um documento que abrange todas as etapas da Educação Básica. “O ponto essencial é que devem ser trabalhados os fundamentos da Computação e não apenas tecnologias, pois o fundamento é perene e a tecnologia, especialmente a tecnologia digital, é muito efêmera. Todas as habilidades da BNCC Computação devem ser vistas sob esta ótica da ênfase no fundamento”, aponta a professora.

O parecer também menciona a possibilidade da temática da computação ser ofertada de forma transversal e não apenas como uma disciplina específica. Para Leila, a pouca oferta de profissionais licenciados na área da informática pode fazer com que muitas escolas optem por, por exemplo, incluir o assunto dentro de projetos que integram várias disciplinas. Porém, ela alerta que várias habilidades presentes na BNCC Computação, especialmente as dos anos finais do Ensino Médio, demandam tempo e conhecimentos específicos para serem bem desenvolvidas, o que pode prejudicar uma abordagem mais transversal.

“Na minha opinião, a melhor forma seria uma abordagem híbrida, sendo disciplinar em algumas etapas e interdisciplinar em outras. Mas a abordagem disciplinar tem o problema da falta de professores capacitados. Talvez neste momento de transição se possa trabalhar em parcerias com Universidades para suprir algumas lacunas”, sugere Leila.

A professora ressalta que seria muito proveitoso que as escolas elaborassem parcerias com professores do Ensino Superior. Essa troca de conhecimento traria inúmeros benefícios para essa etapa de implementação da Computação dentro do currículo. Ela comenta que a

UFRGS, além da licenciatura em Computação e Robótica Educativa, oferece um curso de

especialização em Ensino de Computação, financiado pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) e, neste mês, o Ministério da Educação aprovou a criação do PROFCOMP, um mestrado profissional em Ensino de Computação. “A UFRGS será um dos pólos deste mestrado, que inicia em 2026. Porém, esses cursos, por serem financiados pelo governo federal, priorizam docentes dos sistemas públicos de ensino. Novamente, para conseguirmos capacitar o número necessário de docentes em Computação em curto e médio prazo, várias ações são necessárias, e o caminho que eu vejo é a cooperação entre escolas, universidades e governo”, conclui.

Para acessar o parecer na íntegra, clique aqui.