Uso de celulares nas escolas: impacto da nova lei é debatido na Rádio Gaúcha
Diretoras do SINEPE/RS e Sinpro/RS analisaram os desafios da nova determinação que está em vigor
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A lei que proíbe o uso de celulares nas escolas segue suscitando debates e questionamentos. Na semana passada, a diretora do SINEPE/RS e do Colégio Santa Inês, Irmã Celassi Dalpiaz, e a diretora do Sinpro/RS, Cecília Farias falaram sobre o tema programa Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha (ouça neste link).
Celassi destacou que o SINEPE/RS orientou as escolas por meio de uma cartilha com diretrizes gerais. Segundo ela, cada instituição está ajustando seus regulamentos internos, e a recepção tem sido positiva. “Temos notícias de uma boa aceitação por parte dos estudantes, além de os professores estarem mais tranquilos”, afirmou.
A diretora ressaltou que a escola precisa envolver as famílias nesse processo para que a restrição ao uso do celular não seja algo isolado apenas no ambiente escolar. Para isso, será preciso fornecer orientações sobre o uso consciente da tecnologia em casa, incluindo o uso de aplicativos de controle parental e gestão de tempo. “Precisamos trabalhar as famílias para que o processo iniciado na escola tenha continuidade em casa. Não será um processo rápido, mas que precisa ser feito, pois é uma ação coletiva, e não apenas da escola”, alerta Celassi.
Outro ponto abordado foi o impacto do uso excessivo de celulares na saúde mental dos estudantes. A representante do SINEPE/RS destacou a preocupação com a desconexão cognitiva e relacional dos alunos, especialmente em relação aos adolescentes. Ela defendeu a necessidade de criar espaços de escuta dentro das escolas, com apoio de psicólogos e orientadores, para identificar e mediar questões emocionais dos estudantes. “Não gosto do conceito de ter uma simples proibição, mas sim de que é uma restrição e que o aluno precisa entender as razões dessa restrição do celular em sala de aula para que seja um processo tranquilo e positivo”, analisa a diretora do SINEPE/RS.
Embora a lei não proíba o uso de celulares por adultos, a diretora do Sinpro/RS ressaltou que os professores devem usar o bom senso e servir de exemplo. O celular pode ser utilizado para fins pedagógicos, como lembretes e ferramentas de apoio à aprendizagem, desde que não comprometa o ambiente escolar. “Tudo deve contribuir para um ambiente acolhedor e fraterno dentro da sala de aula”, pontuou.
Já a diretora do SINEPE/RS reforçou a importância de os educadores refletirem sobre seu próprio uso do celular, uma vez que muitos adultos também estão hiperconectados. “Nosso papel é olhar, acompanhar e mediar. É um trabalho coletivo”, complementou.
Por fim, a Celassi enfatizou que a questão não deve se limitar à proibição, mas envolver um processo educativo e formativo. Se for apenas proibido, sem ensinar a usar de forma adequada, o problema persistirá. O caminho é um trabalho de conscientização e acolhimento, pois toda restrição proporciona desafios.
Para Cecília, a escola é um espaço de aprendizado não apenas acadêmico, mas também social. Ela acredita que essa lei, aliada ao trabalho que as escolas já estão desenvolvendo, trará muitos benefícios para todos.